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CAPÍTULO 300

Author: Ribeiro Peixoto
Por exemplo, se Henrique quisesse reatar com Luana e começasse a agir de forma diferente para conquistá-la de novo, se o coração dela não tivesse outro homem, a situação ficaria complicada...

O plano original de Dante era esperar pacientemente até que Luana se apaixonasse por ele, mas, como as coisas mudaram, ele teria que agir.

... Ainda bem que o aniversário do Álvaro estava próximo.

A sua mãe também viria para a Cidade H.

Enquanto continuava aplicando a pomada no pulso dela, Dante comentou com indiferença:

— Henrique viu você me beijar no carro?

— Viu. — Respondeu Luana, de cabeça baixa. — Foi isso que deixou ele tão alterado.

— E você acha que as consequências foram graves demais, a ponto de não querer mais atuar comigo para provocar o Henrique?

— Não dá pra achar que quem faz escândalo sempre tá certo. — Disse Luana. — A capacidade de aceitação das pessoas é muito grande. Hoje o Henrique reagiu assim porque foi a primeira vez, é normal reagir mais forte. Com o tempo, ele vai se ac
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    Não demorou para que Luana afastasse o objeto, deixando-o num canto distante antes de começar a se arrumar. Depois de se lavar, deu alguns passos para fora, mas parou no meio do caminho. Dois segundos depois, voltou, abriu o armário e guardou o quebra-cabeça lá dentro.Se não visse, não ficaria pensando nisso.Ela tinha plena consciência de que Dante era um homem extremamente atraente. Mesmo sem fazer pose ou forçar charme, tudo nele chamava atenção. E, somando a isso as palavras dúbias que dizia enquanto fingiam ser namorados, era fácil deixar a imaginação correr.Ainda bem que Luana já tinha passado por uma relação assim. O encanto pela aparência e pelo jeito de falar já não significava tanto para ela.Se fosse para se apaixonar de verdade, seria tão difícil quanto era para Dante.Luana se tranquilizou. Era simples, uso mútuo, ninguém devia nada a ninguém.Daqui pra frente, se agarraria com calma à perna de Dante.Claro que, mesmo com ele dando cobertura, ainda preferia que Henrique

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    Dante parou, ficou diante da porta e fitou Luana por um longo momento.— O que você acha?— Acho que no começo não precisamos morar juntos, né? — Respondeu ela.— Sem pressa. Vamos decidir quando minha mãe vier para a Cidade H.Luana realmente não queria discutir aquilo agora.— Mas, Sr. Dante, preciso avisar, mesmo que a gente finja morar junto, eu não vou me mudar pra sua casa. Eu tenho minha casa, meu escritório, minha rotina. Já decidi que, mesmo namorando, não vou me sacrificar para me adaptar ao homem...Ela sabia que ele não ia gostar, mas tinha que dizer:— O senhor mesmo acabou de falar que, numa parceria, o ideal é que os dois fiquem bem. Eu já me machuquei no passado, e mesmo que seja um namoro de fachada, não vou me forçar. Senão, vou fingir mal, e isso não combina comigo. Só sendo eu mesma é que a encenação vai parecer real. Quando houver necessidade de morar juntos, talvez seja o senhor que tenha que vir pra minha casa. Tenho quartos sobrando.— Nem um passo pra trás? — E

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    — Acho que só assim a história faria sentido. — Luana devolveu a pergunta.Ela estava de bom humor. Não era todo dia que conseguia deixar Dante sem resposta. Ele, com todas as suas qualidades e um batalhão de pretendentes, ter chegado aos 28 anos solteiro só podia significar que era exigente e orgulhoso demais para se interessar por qualquer pessoa. Um homem que nunca amou ninguém, agora teria que inventar, do nada, um motivo plausível para gostar dela. Nada fácil.— Sr. Dante, pense com calma. Eu tenho mil razões para dizer que topei ficar com você, além de tirar proveito, tem o fato de você ser bonito. Só isso já convenceria muita gente. Sem falar no seu poder, na sua influência… Tem muito o que ganhar de você. Mas você… você não precisa de nada. Então, se está comigo, só pode ser porque gosta de mim. Precisa de um bom motivo.— Está se divertindo com isso? — Ele a atravessou com o olhar.— … Eu só acho que o motivo tem que ser realista. Não basta convencer os outros, tem que conve

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    Dante ficou surpreso.— Você tem esse tipo de preocupação?Luana assentiu:— Ser sua namorada vai trazer pressão social. Eu posso aproveitar o seu nome e isso me traria muitos benefícios, mas também virão problemas. Você pode segurar parte deles, mas eu também vou virar alvo, e nem sempre dá pra se prevenir. Tenho meus próprios assuntos pra cuidar agora. É melhor manter tudo discreto.Dante entendeu:— Desculpe, não pensei nisso.Ela sorriu:— Tudo é questão de conversa.Ele tinha se empolgado antes. Queria que todos soubessem que Luana era sua namorada, mesmo que fosse mentira. Assim, tirando Henrique, ninguém mais teria coragem de se aproximar dela. Mas esqueceu de levar em conta o lado dela.— Se você prefere assim, então não precisa ser público. Basta minha mãe saber.— Obrigada, Sr. Dante!— Não precisa agradecer. É uma parceria. Nós dois estamos tirando proveito, e ninguém deve nada a ninguém. Não tem que ser tudo do meu jeito. Se for desconfortável pra você, não vai funcionar.

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    Depois de fazer a promessa, o coração de Luana acelerou um compasso. Por alguns segundos, ela ficou perdida, como se tivesse, do nada, se amarrado a Dante por dois anos, sem chance de se desvincular. Era só uma promessa verbal, mas parecia mais sólido que um casamento no papel.Pelo menos era assim que Luana sentia.Será que Dante também sentia o mesmo?Não resistiu e olhou para o homem ao lado. Dante estava recostado no banco do motorista, postura relaxada.Luana reparou de novo na camisa fina que ele vestia, no cabelo um pouco bagunçado, o mesmo visual que já tinha antes de brigar com Henrique, mas nada que diminuísse o charme nem a presença de um CEO.Dentro daquele carro apertado, ela não se conteve e ficou encarando. Dante logo virou o rosto e a pegou no flagra.Ser pega espiando era constrangedor.Em outras circunstâncias, como chefe e secretária, ela não teria tanta reação. Mas agora, fingindo serem namorados, a atmosfera ganhava um peso diferente.Antes, quando ele a olhava, el

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    — …Sr. Dante, não é que eu esteja achando ruim, só tenho medo de te atrapalhar. — Luana estava em pausa com qualquer coisa ligada a homens. Dois anos ou cinco, para ela, não fazia diferença.Dante ficou surpreso:— Eu?— É que… daqui a dois anos você já vai… ter trinta. — A voz dela foi diminuindo. — Se você realmente quer casar e ter uma família, ficar dois anos comigo talvez não seja um bom negócio.Ele ficou em silêncio por dois segundos e, de repente, uma veia saltou em sua têmpora, coisa rara.— Você… tá dizendo que eu tô velho? — O tom dele tinha um leve ranger de dentes.— Não, não! Eu acho que esses dois anos vão ser o seu auge…Dante engoliu o incômodo.— Isso não é algo com que você deva se preocupar.— Sim, senhor! — Ela se endireitou na hora.— Então você aceita o prazo de dois anos?— Aceito!Ele a encarou, como se ainda não acreditasse.Luana conhecia bem aquele olhar, igualzinho quando ele duvidava da forma como ela lidava com Henrique. Ser posta em dúvida nunca era uma

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