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Capítulo 4

Aвтор: Felipe A.T
Talvez por ter percebido o distanciamento de Laura, no dia seguinte, Ricardo tentou agradá-la, enviando-lhe uma captura de tela da reserva no restaurante. Laura sabia perfeitamente que aquilo era culpa.

Nas vezes anteriores em que tinham algum desentendimento, era sempre Laura quem quebrava o gelo primeiro, começando a falar com ele.

Depois que faziam as pazes, ele costumava dar-lhe um presente ou demonstrar algum cuidado. Afinal, bastava um pouco de carinho para que Laura ficasse radiante, esquecesse as mágoas e voltasse a se dedicar a ele com entusiasmo.

Nos últimos anos, as coisas sempre seguiram assim, e ela passou a não se importar mais.

O calor ou a frieza da relação estava totalmente sob o controle de Ricardo. Laura era como uma pipa em suas mãos, a linha firmemente segurada por ele.

Mas naquele momento, ao ver a captura de tela da reserva, Laura não sentiu a antiga alegria.

Ela digitou uma resposta.

[Está bem, te vejo no restaurante à noite.]

Desligou o celular e voltou a se dedicar ao trabalho, sem sentir aquela doçura secreta de outros tempos diante das tentativas de reconciliação dele.

Depois do expediente, Laura chegou primeiro ao restaurante; o horário da reserva era às sete, mas ela já estava lá às seis e meia.

No entanto, às nove horas, Ricardo ainda não tinha chegado. Provavelmente, tinha esquecido de novo.

Laura jantou sozinha, saboreando calmamente o filé e um pouco de vinho tinto. Às dez e meia, saiu do restaurante no mesmo ritmo tranquilo.

Talvez por já estar acostumada à ausência de Ricardo nos encontros, Laura sentiu uma estranha tranquilidade em seu coração.

Como o restaurante ficava perto da empresa de Ricardo, Laura decidiu caminhar até lá para ajudar na digestão e, quem sabe, vê-lo.

Ao chegar, viu que a luz do escritório de Ricardo ainda estava acesa. Laura se aproximou, prestes a abrir a porta.

Porém, no segundo em que pressionou a maçaneta, ouviu vozes conversando lá dentro.

— Ricardo, achei que você estivesse bravo com a Vanessa, que guardasse mágoa dela por ter ido embora sem avisar. Mas assim que ela voltou, vocês já estão juntos de novo. Fala a verdade, você ainda não superou ela, não é?

Ricardo tragou fundo o cigarro, soltando a fumaça em círculos, uma expressão triste no olhar.

— Uma pessoa que amei por tantos anos, como poderia simplesmente esquecer?

— E a Laura? Você está enganando a Laura enquanto reacende o romance com a Vanessa. Não pode deixar a Laura nesse papel para sempre.

— Te aconselho a parar a tempo. Se deixar as coisas saírem do controle, vai ser difícil consertar depois.

— Laura...

Ricardo murmurou o nome dela, suspirou e depois riu com desdém:

— Ela... ela não vai ficar brava. Afinal, é ela que se agarra a mim. Acredita que, mesmo se eu mandasse ela embora, ela não sairia do meu lado?

— Além do mais, sempre escondi tudo muito bem.

Seu tom era frio e seguro. Provavelmente, ele já tinha ensaiado incontáveis vezes em sua mente a melhor maneira de manipular Laura.

O coração de Laura apertou, o sangue gelou. Ela observava Ricardo pela fresta da porta, sem saber se deveria sentir pena dele ou de si mesma.

A conversa continuava, mas ela já não tinha vontade de escutar mais nada. Virou-se discretamente e foi embora.

Depois disso, a vida seguiu normalmente. Ricardo não mencionou nada sobre o jantar no restaurante, e Laura também não falou sobre sua ida à empresa.

No dia do leilão realizado pela Cidade do Mar, Laura cancelou os compromissos e tirou um dia de folga especialmente para comparecer ao evento.

Seu objetivo era único: escolher um presente de aniversário para o pai de Ricardo.

O leilão acontecia no subsolo. Quando a Ânfora Azul Florida foi trazida, sua beleza arrancou suspiros da plateia. Laura ergueu a placa três vezes para conseguir arrematá-la, vencendo apenas ao final.

Missão cumprida, ela se levantou para ir ao balcão preencher o endereço de envio. Quando chegou à porta do salão, o próximo item começou a ser apresentado.

O tecido vermelho foi retirado lentamente, e Laura ficou paralisada: era um anel antigo, feito por técnicas tradicionais.

Era a primeira joia assinada por Ricardo quando despontou no mundo do design. Lembrava-se claramente de quando começaram a namorar e ele, orgulhoso, dissera:

— Um dia, vou te pedir em casamento com este anel.

Na época, Laura, encostada no peito dele, perguntou preocupada:

— E se, no futuro, você criar algo ainda melhor?

Ricardo sorriu, beijou a testa dela e respondeu com seriedade:

— Este é meu primeiro prêmio na carreira. Para mim, não tem preço. Só você merece recebê-lo.

Mas por que, agora, ele estava ali?

Como Ricardo poderia leiloar aquela joia preciosa? Será que havia algum engano?
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