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Capítulo 5

Author: Stella Pomelo
Carolina observou a firmeza das palavras dele.

O coração, antes tomado pela fúria, de repente se acalmou.

Já não havia enxergado quem ele realmente era?

Do que ainda poderia se decepcionar?

Se Leonardo queria entregar aquele projeto a Larissa… Que entregasse.

A questão era: será que Larissa teria mesmo capacidade de levá-lo até o fim?

Leonardo percebeu a calma repentina dela e seu semblante relaxou.

Levantou-se, aproximou-se e segurou a mão gelada de Carolina.

— Carol, entre irmãos é natural ajudarmos uns aos outros. Não acha que devemos dar uma força para a Lari?

Ela retirou a mão, fria, e respondeu com indiferença:

— Se você diz, então está certo.

As sobrancelhas espessas de Leonardo se contraíram, sinal de que sua atitude o desagradara.

Mas, já que ela não insistia mais sobre a liderança do projeto, ele não a repreendeu.

— Lari acabou de assumir. Ainda não entende muita coisa. Vai precisar que você a ajude bastante.

Carolina deixou escapar um sorriso sarcástico.

Há pouco, ele falava em poupá-la do excesso de trabalho por causa da saúde.

Agora, pedia que ajudasse Larissa em tudo.

Talvez o sarcasmo em seu olhar estivesse evidente demais. Leonardo pigarreou, constrangido e perguntou:

— Você foi ao hospital hoje. Como está? Não foi nada grave, espero?

Aquela preocupação tardia não despertou qualquer emoção em Carolina.

Só lhe pareceu mais ridícula.

— Nada demais. — Respondeu secamente. — Vou sair.

Leonardo ficou olhando suas costas se afastarem.

Aquela sensação estranha de inquietação voltou a crescer em seu peito.

Mas foi logo interrompido pela entrada repentina de Larissa.

— Irmão, a Srta. Carolina não ficou zangada, ficou? — Perguntou com voz doce e cuidadosa.

— Não. — Leonardo sorriu para tranquilizá-la. — Não precisa se preocupar. A Carol sempre foi muito compreensiva.

— Que bom… — Disse Larissa, mas por dentro estava furiosa.

Ela havia roubado o projeto de Carolina, e ainda assim, nenhuma explosão? Nenhuma briga com Leonardo?

O que Larissa queria era justamente um escândalo.

Queria que Carolina perdesse a calma, irritasse Leonardo e criasse um abismo entre os dois.

Mas aquela mulher… Sabia fingir bem demais.

Com um brilho de malícia nos olhos, Larissa teve uma ideia.

— Irmão, já que hoje é meu primeiro dia na empresa, que tal organizarmos um jantar? Chamamos todos do setor da presidência. Assim será mais fácil eu me enturmar.

— Boa ideia. — Respondeu Leonardo sem pensar duas vezes. — Vou pedir para reservarem uma mesa agora mesmo.

E logo a notícia do jantar se espalhou entre todos.

— Por que esse jantar de repente?

— Não tá na cara? É para dar boas-vindas à Srta. Larissa.

— Mas afinal, quem é ela? Tem o mesmo sobrenome do Sr. Leonardo… Será que é da família dele?

— Imagina! Você não viu a forma como eles se olham? Quase dava para cortar o clima no ar. Aquilo é romance, certeza. Esse sobrenome igual deve ser só coincidência.

— Então quer dizer que ela é namorada do Sr. Leonardo? Eu jurava que ele e a secretária Carolina eram um casal…

— Se fossem, já teriam assumido publicamente há tempos.

O grupo de fofocas fervia.

Carolina leu algumas mensagens, impassível.

Larissa mal chegara há um dia e os colegas do setor já percebiam a ambiguidade entre ela e Leonardo.

Os dois realmente pareciam viver um romance profundo.

Ela se lembrou de quando sugerira tornar pública a relação com Leonardo dentro da empresa. Mas ele recusara.

"Carol, a empresa é lugar de trabalho. Não devemos misturar assuntos pessoais."

Ela acreditara que ele apenas não queria expor a vida privada diante da empresa e, por isso, aceitara.

Agora percebia: ele estava guardando o posto de "esposa do chefe" para Larissa.

Carolina não queria ir ao jantar daquela noite, mas, diante da insistência calorosa de algumas colegas, acabou cedendo e as acompanhou até o restaurante.

Como todos sabiam que era um evento para recepcionar Larissa, logo no início alguém levantou o copo para brindar a ela.

Leonardo, porém, interveio.

— Lari não pode beber. A saúde dela é frágil. Eu bebo no lugar dela.

Ergueu a taça e a esvaziou de um gole. Depois, encheu um copo de suco e o colocou diante de Larissa.

Um burburinho percorreu a sala privada do restaurante.

Como não estavam na empresa, os funcionários do setor, normalmente intimidados, ousavam brincar mais.

— O Sr. Leonardo é mesmo atencioso com a Srta. Larissa!

— Que homem incrível!

As bochechas de Larissa se tingiram de rosa.

— Não exagerem… O Sr. Leonardo só tem pena da minha saúde.

— Ah, Srta. Larissa, não seja modesta. Está na cara que ele se importa de verdade com você.

— Sr. Leonardo, então todos os brindes de hoje para a Srta. Larissa serão por sua conta?

Leonardo sorriu de leve, fitando Larissa ao seu lado.

— Não importa quantos sejam, beberei todos por ela.

— Uau…

Todos suspiraram, surpresos ao descobrir que o sempre frio Sr. Leonardo, no amor, podia ser assim.

Carolina, sozinha em seu canto, encarava o copo diante de si.

Quantas vezes o acompanhara em jantares de negócios, engolindo taça após taça de bebida forte… Ele nunca a protegera.

No máximo, depois, mandava trazer uma água de coco ou uma sopa quente, dizendo algumas palavras de consolo.

E ela, tola, acreditava que isso era cuidado.

Mas agora via claramente: cuidado de verdade era não permitir que Larissa bebesse sequer uma gota de álcool. Nem mesmo uma cerveja fraca.

— Secretária Carolina.

A voz melosa de Larissa soou à sua frente.

Carolina levantou os olhos e a viu com uma taça nas mãos.

— Ouvi dizer que, nos últimos anos, foi sempre você quem liderou o setor. Todos a respeitam muito. Como estou chegando agora, é justo brindar a você primeiro.

Estendeu a ela o copo.

Carolina respondeu serena:

— Desculpe, meu estômago anda mal. Não posso beber.

— Secretária Carolina… — A expressão dela ficou abatida. — Fiz algo para desagradá-la? É só um brinde, não tem outro sentido.

Carolina permaneceu em silêncio, indignada. O que dissera era a pura verdade.

Larissa então voltou o olhar choroso para Leonardo.

A testa dele se franziu imediatamente.

— Secretária Carolina. — Disse, frio. — Lari é sua nova colega. O brinde dela, você deveria aceitar.
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