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Capítulo 3

Author: Mateus Alves
Os colegas ao redor sussurravam entre si. Não tinha dúvidas de que eles estavam elogiando e falando sobre o quanto aquele casal combinava. Seus olhares disfarçados recaíam sobre mim, comparando-me com Susana, e no final chegavam à conclusão de que Susana era mais bonita do que eu.

Ao ouvir os comentários dos colegas, senti-me um pouco magoada.

Mas, acima de tudo, senti alívio.

Ao ver a intimidade entre Marcelo e Susana, meus colegas continuavam ocupados com o trabalho, mas seus olhares permaneciam entre nós três.

Todos na empresa sabiam.

Marcelo e eu éramos noivos, e eu estava completamente apaixonada por ele.

Mas naquele momento, o Marcelo não fazia questão de esconder sua proteção por Susana; os olhares que me lançavam eram de pena e compreensão.

Como se já pudessem me imaginar chorando desesperada, agarrando Marcelo, pedindo para que ele não me deixasse.

Uma colega com quem eu tinha uma boa relação olhou para mim, preocupada.

Eu, no entanto, recolhi silenciosamente minhas coisas.

Marcelo franziu a testa, olhando para mim com desagrado:

— Você está brava comigo? Está ficando ousada, não é?

Sorri calmamente, apontei para meus pertences e respondi:

— Pedi demissão, estou apenas arrumando minhas coisas. Fica tranquilo, não vou mais incomodar você, nem deixar Susana desconfortável.

Nesse momento, Susana balançou a delicada cintura e caminhou graciosamente até mim.

Colocou um pedaço de bolo de manga na minha frente e sorriu com doçura:

— Srta. Clarice, este bolo foi feito pelo Marcelo para mim. Acho que você nunca provou as habilidades dele na cozinha, ele realmente cozinha muito bem! Você tem que experimentar! Espero que não guarde ressentimentos do Marcelo, um bom emprego é difícil de encontrar, Srta. Clarice. Mesmo você tendo uma boa condição financeira, não deveria desperdiçar uma oportunidade assim.

Não aceitei o bolo das mãos de Susana.

O sorriso dela ficou um pouco tenso, e ela olhou para Marcelo, um pouco magoada.

O rosto de Marcelo ficou ainda mais sombrio; ele falou de maneira ríspida e fria:

— Susana está tentando ser gentil com você, aceite. Não sabe nem ser educada?

Sorri lentamente, levantei os olhos e o encarei antes de ressaltar:

— Marcelo, sou alérgica a manga.

Marcelo arregalou os olhos, surpreso antes de replicar:

— Eu não sabia disso...

Vendo que ele não respondeu, Susana apressou-se em dizer:

— Eu ouvi o Marcelo comentar que você sempre compra mangas para casa, você... Ah, Srta. Clarice, se não gosta de mim, pode dizer, não precisa inventar mentiras.

Sorri novamente.

Sempre comprei mangas porque Marcelo gosta, eu mesma nunca comi nenhuma.

Ao ver a indiferença de Marcelo, não pude evitar sentir-me ainda mais injustiçada.

Crescemos juntos, mas ele nunca percebeu que eu era alérgica à manga.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, Marcelo ficou ainda mais irritado.

Ele pegou os pedaços de manga fresca da mão de Susana e atirou no meu rosto. Ao ver que nada aconteceu comigo de imediato, seu olhar ficou ainda mais frio:

— Clarice, por que você gosta tanto de mentir?

Baixei a cabeça, sentindo meu rosto arder de dor, pequenas manchas vermelhas começaram a aparecer uma a uma.

Ao verem as manchas vermelhas se espalhando pelo meu rosto, os colegas começaram a gritar, chocados. Eu só sentia a respiração acelerada e, em seguida, não tive mais consciência de nada.
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