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Capítulo 2

Author: Mateus Alves
Na vida passada, no dia em que eu me casei com Marcelo, Susana cortou os pulsos e se suicidou no hotel.

Marcelo me deixou sozinha na cerimônia de casamento e correu para procurar Susana.

Eu pensei que a morte de Susana se tornaria uma ferida impossível de desaparecer entre mim e Marcelo, pois o vi desolado e perdido por causa da morte dela.

Meu coração também ficou muito machucado.

Mas, quando eu já estava preparada para que eu e Marcelo nos separássemos por causa disso, ele me abraçou e disse:

— Clarice, só restou você para mim.

Depois do casamento, Marcelo foi muito bom para mim, sempre me colocando em primeiro lugar e não me deixando tocar em nenhuma tarefa doméstica, pois cuidava de tudo sozinho.

Não importava o quanto estivesse ocupado no trabalho, todos os dias ele voltava para casa na hora certa para jantar comigo. Até mesmo o secretário dele era homem, ele dizia que não queria causar mal-entendidos ou problemas desnecessários.

Todos os meus amigos me invejavam por ter encontrado um homem tão perfeito.

Eu também me sentia muito sortuda por ter encontrado Marcelo em minha vida.

Mas no dia do nosso décimo aniversário de casamento, eu morri pelas mãos de Marcelo.

Ele me culpou por tê-los separado, arrancou minha pele e músculos e drenou o sangue do meu corpo.

Por isso, quando percebi que tinha renascido, só queria ficar longe deles e viver bem a minha vida.

Mesmo tendo me preparado muito psicologicamente, ao ver Marcelo cheio de vigor, senti o meu peito doer, mas sofri em silêncio. Ele estava com Susana em frente ao prédio da empresa.

Os olhos de Marcelo cintilavam quando ele a olhava.

Quando me viu descendo as escadas, Marcelo mudou levemente de expressão e fitou a Susana com preocupação.

Observei o Marcelo e, por um momento, lembrei de tudo.

Na vida passada, eu sempre brigava com ele por causa de Susana.

Quando a briga era feia, Marcelo me olhava decepcionado e dizia:

— Eu e Susana somos apenas amigos agora, ela não está bem de saúde, você pode parar de fazer confusão e de irritá-la? Ela ainda sente algo por mim! Não fique aparecendo na frente dela!

Depois de dizer isso, Marcelo sempre me deixava sozinha e ia viajar com Susana.

Aos vinte anos, Marcelo não conseguia esconder bem todas as emoções.

Ele era como um ouriço, mostrando a barriga macia para Susana e apontando todos os espinhos para mim.

Baixei a cabeça e apressei o passo, querendo ir embora dali.

Mas Susana me chamou, com o rosto cheio de hesitação e susto:

— Srta. Clarice, Marcelo só quer me fazer companhia, não brigue com ele por minha causa, por favor. Na despedida de solteiro de hoje à noite, ninguém vai levar namorada, não pense bobagem... Marcelo, a Srta. Clarice ficou chateada, vá consolá-la.

Marcelo sorriu para Susana com carinho e disse, sem se importar:

— Clarice não se atreve a ficar brava comigo, ela é muito compreensiva. Além disso, se eu for consolá-la, você vai ficar triste, e eu não quero te ver triste.

Eu fiquei parada, sem reação.

As palavras de Marcelo foram como uma faca cravada no meu coração.

Ao ver que eu não fui embora, Marcelo me fuzilou com o olhar e falou, irritado: — O que você ainda está fazendo aqui? Só de te ver já fico incomodado. Ah, Susana vai começar a trabalhar na empresa, eu vou levá-la e buscá-la todos os dias. Se não tiver nada para fazer, não apareça na nossa frente para não deixá-la chateada.

No dia seguinte, com os olhos inchados de tanto chorar, entreguei o projeto em que tinha passado a noite trabalhando.

Junto com ele, estava minha carta de demissão.

Ao sair da sala do diretor, voltei para minha mesa para arrumar minhas coisas.

Houve um alvoroço na porta e, ao levantar a cabeça, vi Marcelo e Susana.

Os dois usavam roupas combinando, entraram conversando e rindo.

A mão de Marcelo repousava cuidadosamente na cintura de Susana.

O olhar dele era de puro amor.

À primeira vista, qualquer um pensaria que eles eram um casal.
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