All Chapters of A Amante que Virou Cunhada: Chapter 61 - Chapter 70

— Marina, você realmente não faz ideia do perigo que está correndo. — O olhar de Vicente era puro gelo, observando Marina desabar sobre a mesa, o rosto tomado por vergonha e ressentimento. Ele falou devagar e com firmeza, sem deixar espaço para dúvidas. — Acha mesmo que basta dizer que tudo foi por vingança da Leonor para que eu acredite? Não adianta tentar esconder, eu sempre soube que essa sua obsessão em destruir a Margarida só existe porque você descobriu que foi ela quem me ajudou a recuperar o que restava da minha mãe anos atrás.O ambiente ficou sufocante, pesado, como se o ar tivesse parado.Marina ficou paralisada, o choro travado em sua garganta. Sua expressão, que antes era puro lamento, se transformou em puro espanto.Naquela época, o relacionamento de Vicente e Guilherme já era um desastre. Mesmo quando Vicente perdeu o controle e bateu em Luciano por causa do pingente, jamais explicou ao pai o verdadeiro motivo. Por isso, até hoje, Guilherme, mesmo depois de quase deixar

— Seus olhos estão inchados, deixa que eu passe o creme para você. — Vicente falou com uma gentileza rara para Margarida, recuando um pouco a mão.Margarida piscou os olhos, ainda inchados, sem saber muito como reagir. — É, meus olhos estão meio inchados, mas também não é o fim do mundo.— Mas se eu passar para você é mais rápido. — Vicente abriu o creme calmamente. — Marga, agora estamos casados, somos parceiros também.Já que eram parceiros, cuidar um do outro era só uma consequência natural.Margarida nem tinha como contestar aquele argumento. No fundo, ela confiava em Vicente, então não disse mais nada, apenas ergueu o rosto e fechou os olhos, deixando que ele aplicasse o creme.Pouco depois, o frescor da pomada se espalhou por suas pálpebras. O toque das pontas dos dedos dele era leve, quase etéreo, como se a brisa da primavera passasse por pétalas de flor, ou uma libélula descesse sobre a folha de lótus no verão.Aquela sensação ficou ainda mais forte quando ela abriu os olhos a

Luísa queria que Margarida voltasse para casa, para poder acertar as coisas de uma vez. Mas aquela filha ingrata simplesmente não atendia suas ligações, tinha se instalado no Hotel Luar e sequer a deixava se aproximar. Ainda por cima, Luísa perdeu a conta de quantas vezes precisou correr atrás porque um gerente do hotel arrumava encrenca sem parar. Estava à beira de um ataque de nervos.Felizmente, no fim das contas, Margarida resolveu reaparecer por vontade própria naquele dia. Luísa enfim sentiu que podia descarregar toda mágoa que vinha guardando.Mesmo assim, diante da cobrança ansiosa de Luísa, Margarida apenas piscou com serenidade e respondeu: — Mãe, você queria tanto que eu voltasse. Aconteceu alguma coisa?— Ainda teve a coragem de me perguntar? — Os ombros de Luísa subiam e desciam de pura indignação. — Depois de tudo que rolou na internet esses dias, você não acha que deveria pedir desculpas?— Pedir desculpas? — Margarida repetiu, com um leve sorriso sarcástico nos lábios

— Então quer dizer que eu, vítima de boatos completamente inventados, não sofri nenhum dano real, mas a Leonor, que de fato cometeu um crime, foi a única a se dar mal? E agora, só porque minha reputação já está destruída, vocês querem me usar para salvar a imagem da Leonor? — Indagou Margarida.— De fato, essa é a ideia. — Carlos respondeu com frieza, sem dar qualquer desconforto, e logo olhou para Augusto. — Augusto, já que o plano partiu de você, explique tudo para a Margarida.— Sim, pai. — Augusto, que até então não tinha aberto a boca, finalmente falou. A voz, no entanto, saiu cortante, sem qualquer piedade. — Margarida, nosso plano é organizar uma coletiva de imprensa. Lá, você vai assumir publicamente que tentou seduzir a mim, e também vai confessar que prejudicou a Leonor. Como agora você e Leonor estão no centro de toda a confusão, a única forma de limpar o nome dela é transferir todo o ódio da opinião pública para você. Assim que você aceitar a culpa, naturalmente as pessoas

— Proteger, família Carvalho? — Margarida disparou, com ironia. — Se vocês realmente quisessem me proteger, nunca teriam me transformado de vítima em vilã, nunca teriam feito questão de me pisotear e sugar tudo o que eu tinha para dar, nem teriam tentado me calar a todo custo, proibindo que eu pedisse socorro. Podem até dizer que lá fora a vida seria difícil, mas, se eu continuasse aqui dentro, é bem provável que terminaria destruída de verdade. Só que ninguém ia ver, porque iriam dar um jeito de varrer até meus ossos para debaixo do tapete.Ouvindo aquilo, Luísa não conseguiu responder. Sabia, no fundo, que sempre participara desse ciclo, e agora, diante da filha, não encontrou forças nem argumentos para se defender.Naquele momento, a voz firme de Carlos cortou o silêncio: — Está certo, eu concordo. Margarida, vou providenciar o acordo que você quer. Antes da coletiva, pode contar que vai estar em suas mãos.No fundo, era só mais um cálculo dele, pois se quisesse o acordo, Margarida