Margarida nunca teve intimidade com a água. Quando Augusto a arrastava à força mar adentro, só conseguia secmanter de pé porque cravava os pés no fundo arenoso, tentando desesperadamente não tombar sob o impacto das ondas.Mas agora, frente à brutalidade de Augusto e à fúria selvagem do mar, a sensação era de ter sido envolvida por uma rede gigantesca, irresistível, que a puxava para o abismo sem qualquer intenção de soltá-la. Em questão de segundos, a água gelada, salgada e cortante a engoliu inteira, queimando seus olhos, roubando-lhe o fôlego e silenciando a voz que queria clamar por socorro.— Margarida!— Marga!Os gritos cortaram o rugido das ondas. Um deles, imediatamente reconhecível, carregava desespero cru, quase trêmulo, como se a garganta estivesse prestes a se romper em prantos.O instinto de sobrevivência fez Margarida levar a mão à barriga. Os movimentos se tornaram frenéticos, lutando para romper a corrente que a puxava para baixo. Ela sabia que vencer o mar era quase
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