Depois de tantos dias, meu corpo finalmente voltava à luz do dia. Já não permanecia escondido naquela câmara abafada e sufocante.Lá dentro, meu cadáver estava encolhido, os braços apertados contra o próprio corpo, como se tentar abraçar a si mesma fosse o único jeito de aliviar a dor.A pele havia se tornado pálida, quase branca, cozida até os ossos. O rosto ainda guardava vestígios de uma expressão de dor intensa, mas os olhos...Os olhos estavam ocos. Vagos. Consumidos pelas larvas.Centenas delas, talvez milhares, se contorciam nas narinas, nos ouvidos, como se tivessem sido perturbadas em sua festa silenciosa.Leonardo empalideceu na hora. Deu um passo para trás, apavorado, apertando com força o crucifixo pendurado no pescoço.Tonto, cambaleou, tentando se apoiar em algo... Mas sua mão caiu sobre uma gosma pegajosa.Era um aglomerado de larvas mortas.Como se tivesse levado um choque, ele começou a sacudir a mão em desespero, gritando com a voz tremendo:— Vitória! Você acha que e
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