O corpo inteiro de Marina tremia, o suor frio escorrendo pela pele enquanto se ajoelhava no salão da mansão, com os joelhos quase cedendo sob o peso da própria culpa. Ao lado dela, Leonor chorava sem parar, os olhos inchados e vermelhos, já entregue ao desespero. Marina jamais, nem nos seus piores pesadelos, teria imaginado que seria a própria filha a colocá-la contra a parede.Ela tinha se preparado com várias versões da história, pronta para confundir Guilherme, esconder as próprias pegadas. Se fosse necessário, até inverter a situação a seu favor. Mas, antes mesmo de voltar para casa, Leonor já havia entregue tudo que consistia em sua aliança com Eduarda, seu plano para arruinar Margarida e a armadilha armada para esmagar Vicente. Palavra por palavra, cada detalhe havia sido exposto sem chance de recuo. Agora, qualquer justificativa soava inútil.A única saída, Marina sabia, era impedir que Guilherme conectasse esse escândalo recente àquele evento do passado, o sequestro de Vice
Como era de se esperar, Guilherme estava parado na porta do quarto, o rosto carregado de sombras densas, e a expressão rígida, marcada por linhas de fúria contida, deixava claro que havia ouvido cada palavra. Os olhos, idênticos aos de Vicente, ardiam com um brilho cortante, quase assassino. Leonor empalideceu na hora; a raiva que a inflamava segundos antes desapareceu como se fosse engolida pelo gelo. Naquele instante, percebeu sem margem de dúvida. Ela estava perdida....Do outro lado da mansão, Marina ainda não fazia ideia do que acontecia. Depois de armar todo o espetáculo no cais, colocando Eduarda diante de Vicente e atraindo uma multidão de jornalistas para registrar a cena, passava um tempo cuidando de si. Ela tomou banho, trocou de roupa, borrifou perfume caro, retocou a maquiagem. Queria voltar para casa como se nada tivesse acontecido, impecável, a perfeita dama da alta sociedade.Mas o caminho de volta não trouxe a satisfação esperada. Com o celular firme nas mãos, agua
Era verdade, Leonor já havia tentado procurar Augusto logo após a surra que levava em casa, mas ele não atendeu, e mesmo agora, com os ferimentos quase cicatrizados, continuava sem conseguir falar com ele. Esses dias haviam sido um tormento de dor, frustração e raiva acumulada, e, como sempre, Leonor não olhava para si mesma. Na sua cabeça, a culpa era toda de Margarida, aquela mulher que, mesmo grávida, não soubera se comportar, ousando se insinuar para Augusto no próprio velório da mãe.Agora, vendo Margarida em queda livre, Leonor sentia a alma leve, como se o destino tivesse finalmente se aberto para ela. Assobiando, pegou o celular com confiança, certa de que dessa vez Augusto atenderia. Mas, ao perceber sua intenção, Viviane, a ruiva de olhar sempre inquieto, deixou escapar um brilho estranho nos olhos e, rápida, segurou a mão de Leonor antes que discasse.— Leonor, não acha precipitado ligar para o Augusto agora? — Ela disse em tom suave, mas com nervosismo evidente. — E se el
— Pensando bem, essa Eduarda até que ajudou bastante, não é? Leonor, como é que essa mulher resolveu ser tão bondosa com você, falando bem do seu nome na internet?As amigas da alta sociedade a cercavam, cada uma lançando uma pergunta mais afiada que a outra. A ruiva, a mais ousada do grupo, inclinou-se para frente, os olhos brilhando de curiosidade, como se estivesse testando os limites de Leonor para arrancar dela um segredo escondido. Mas Leonor, completamente embriagada pelo êxtase de ver o caos digital, não percebeu a armadilha. Tomada pela euforia, ela soltou uma gargalhada satisfeita.— Vocês são mesmo ingênuas! Eduarda é uma doida varrida, uma doente apodrecida, incapaz de ter sequer um fio de bondade. Ela só apareceu para me defender, fingindo limpar o meu nome nessa história com a Margarida, porque foi ideia da minha mãe!As socialites se entreolharam, boquiabertas, e a ruiva piscou os olhos, intrigada.— Como assim? O que a dona Marina tem a ver com isso?Leonor bufou, cru
Por um instante, o ar dentro da sala pareceu congelar. As palavras de Marcos ecoaram com tanta força que até Margarida, já decidida a pedir o divórcio e cortar de vez os laços com a família Almeida, não conseguiu disfarçar o espanto. Piscou, atônita, porque ainda nem havia se afastado da família oficialmente, e já eram Marina e Leonor as que estavam prestes a ser expulsas por Guilherme.Mas, ao contrário dela, Vicente e Lorenzo não mostraram a menor surpresa. Especialmente Vicente, seus olhos negros permaneceram serenos, sem a mínima oscilação, como se cada detalhe já estivesse calculado. E, de fato, a queda de Marina e Leonor trazia a marca de sua intervenção. Não era à toa que, ajoelhado diante de Margarida, ele prometia em tom grave: "Cada pessoa que te ferir, eu vou acertar as contas por você." Se Eduarda era parar em uma clínica psiquiátrica, como poderia Marina, a mente por trás de toda a conspiração, sair ilesa?Assim, enquanto lidava com a imprensa no cais e garantia que ne
Era verdade, Lorenzo vinha sendo completamente transparente com Teresa nesses últimos tempos. Ele falava sobre o primeiro beijo, o primeiro abraço, a primeira noite... tudo. E, ironicamente, era Teresa quem escondia coisas dele, tratando-o como se fosse apenas um joguinho para se divertir. Ao pensar nisso, a raiva que queimava dentro dela se dissipou um pouco. Arrumou a roupa amassada com gestos firmes, pigarreou e virou o rosto, tentando recuperar o controle da própria expressão.— Chega. De que adianta você ficar defendendo tanto o Vicente? Isso é coisa de homem com essa mente reta demais. Vocês sempre acham que nós, mulheres, somos frágeis, que não aguentamos nada... nunca nos tratam de verdade como iguais, como parceiras.Lorenzo franziu o cenho, contrariado com a acusação.— Não é assim...— Tá bom, tá bom, eu não quero ouvir. — Teresa o cortou, impaciente, como se não tivesse mais energia para discussões. — Você já me segurou aqui tempo demais. Me leva de volta logo, porque se