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Capítulo 6

Author: Primavera Aconchegante
— Sr. Edson. — Enrico interceptou Edson, seu gesto abrupto e um tanto rude atraindo a atenção de várias pessoas ao redor.

Edson o observou com um sorriso leve, mas seus olhos eram avaliadores:

— Sr. Enrico, há mais alguma coisa?

Enrico sentiu uma humilhação que nunca havia experimentado. Ele, o respeitado presidente do Grupo Araújo, estava ali, praticamente implorando por uma oportunidade. Mas esse projeto era crucial para os resultados do próximo trimestre da empresa, e ele não tinha escolha.

Suprimindo suas emoções, Enrico sorriu com elegância e explicou:

— Talita nunca trabalhou formalmente no Grupo Araújo. Na verdade, ela nem sequer concluiu sua graduação. Ela apenas aprendeu algumas técnicas básicas ao meu lado. Sr. Edson, peço que reconsidere cuidadosamente essa parceria.

Edson, que já estava há muito tempo no meio empresarial, tinha suas razões para nunca aceitar uma colaboração com o Grupo Araújo. E uma dessas razões era o próprio Enrico.

Ao ouvir o comentário, Edson curvou os lábios em um sorriso sarcástico:

— Sr. Enrico, está questionando minha capacidade de avaliar pessoas e situações?

— Não, não, de forma alguma. — Enrico manteve a postura ereta, com a compostura de sempre, como se nada o abalasse. — Só estou tentando esclarecer as coisas. Eu conheço muito bem a Talita. Ela tem o hábito de mentir. Como o senhor pode comparar a Yision Limited com o Grupo Araújo? Eu temo que ela esteja usando o nome do Grupo Araújo para enganá-lo, levando-o a fechar um contrato com uma empresa insignificante.

Edson não conteve o tom cortante e rebateu:

— Empresa insignificante? Parece que o Sr. Enrico está tão acostumado a liderar de forma relaxada que nem mesmo se deu ao trabalho de investigar os concorrentes. Srta. Talita tem, sim, um grande talento para negociações. Mas, se ela é uma mentirosa como o senhor diz, isso significa que todos os contratos que ela negociou para o Grupo Araújo também são falsos?

O rosto de Enrico ficou vermelho como um tomate. Ele abriu a boca para responder, mas Edson não lhe deu tempo:

— Sr. Enrico, devo admitir que o senhor é um homem de aparência marcante. Não é de se admirar que alguém tão competente como a Srta. Talita tenha se dedicado tanto ao senhor, garantindo vários negócios. Mas, permita-me um conselho: o mais importante na vida é ter autoconhecimento. Talvez seja uma boa ideia rever os contratos anteriores do Grupo Araújo e verificar quais deles não foram conquistados graças à capacidade técnica da Srta. Talita e à reputação do Grupo Araújo.

Com isso, Edson deu as costas e foi embora, sem se preocupar em esconder o tom de desprezo em sua voz.

A cena não passou despercebida. Muitos ao redor haviam presenciado o embaraço de Enrico, e os sussurros começaram a se espalhar.

Enrico sentiu o peso dos olhares sobre ele e sabia que não havia como continuar insistindo. Sua expressão ficou sombria, e ele apertou os punhos com força.

"Maldita Talita! Se não fosse por ela, eu jamais teria passado por isso. Como ele pode dizer que, sem ela, o Grupo Araújo não teria conseguido esses contratos? Sem os recursos do Grupo Araújo, esses parceiros nem teriam olhado para ela!"

Do outro lado do salão, Talita havia observado tudo. Ela sentiu uma mistura de sarcasmo e alívio. "No final, é melhor assim", pensou. "Agora, seja como rival ou não, nunca mais terei piedade de Enrico."

Após resolver a negociação, Talita decidiu que não tinha mais motivos para permanecer no evento. Ela enviou um relatório rápido para Jorge e saiu da sala sem chamar atenção.

Mas, antes que pudesse sair do saguão do hotel, alguém agarrou seu braço com força.

— Talita, o que você disse a Edson?

Era Enrico.

O puxão repentino a fez tropeçar. Ela levantou o olhar e encontrou o rosto do Enrico tomado pela fúria. Talita tentou soltar o braço, mas a força dele era brutal. Seu pulso, agora marcado por manchas roxas, destacava-se contra sua pele clara.

Enrico, no entanto, sequer olhou para o que havia feito. Sua voz era fria e cortante:

— Responda.

Talita sentiu-se completamente atordoada pela audácia de Enrico. Com um sorriso frio e autodepreciativo nos lábios, ela respondeu:

— Você teve problemas com o Sr. Edson, e isso tem alguma coisa a ver comigo? Enrico, já terminamos. Eu não te devo nada.

Mesmo tendo repetido isso para si mesma inúmeras vezes, os olhos de Talita ficaram levemente vermelhos de raiva e frustração.

Enrico, no entanto, parecia muito seguro de seus próprios pensamentos. Atrás de sua fúria, havia um sarcasmo cortante que ele fez questão de expor:

— Que estratégia sofisticada a sua, hein? Usar esse tipo de truque para me provocar e chamar minha atenção? O que foi? Está tão desesperada para casar comigo assim?

Talita ficou completamente sem palavras. Pela primeira vez, ela percebeu que aquele homem não era apenas egoísta, mas também profundamente se achava superior. Todo o amor e esperança que ela sentira por ele se dissiparam como fumaça.

Seu silêncio foi interpretado por Enrico como uma confirmação do que ele dizia. Seu sorriso cínico tornou-se ainda mais evidente, e ele enfiou as mãos nos bolsos da calça, exibindo sua típica arrogância.

— Vamos lá, diga. O que você prometeu para essa tal de Yision Limited para que eles entrassem nesse teatro e chamassem minha atenção via negociar com Edson? E o que é essa empresa insignificante, afinal?

Enrico estava convencido de que tudo aquilo era uma encenação criada por Talita para atraí-lo de volta.

No entanto, antes que Talita pudesse responder, uma voz firme e grave interrompeu a conversa:

— A Yision Limited foi um presente meu para minha Lita. Algum problema com isso?

Talita ergueu os olhos surpresa e viu tio Jorge entrando na sala. Ele caminhava com passos firmes, sua longa capa preta balançando ao ritmo do movimento. A presença dele exalava uma autoridade inegável, misturada com um ar intimidante.

Jorge se aproximou de Talita e, sem hesitar, a puxou para perto, envolvendo-a em um abraço protetor. Seus olhos, antes frios e ameaçadores, suavizaram quando se dirigiu a ela:

— Você está bem?

O coração de Talita aqueceu instantaneamente. Ela balançou a cabeça em um gesto de que estava tudo bem, mas discretamente escondeu a mão machucada atrás de si. Ela não queria que Jorge se preocupasse ou fosse envolvido ainda mais em seus problemas pessoais.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou Talita, com a voz baixa.

— Não me senti tranquilo, então vim te buscar.

Jorge inclinou a cabeça ligeiramente para baixo, olhando para Talita com um olhar cheio de ternura e carinho.

A cena, no entanto, fez Enrico se sentir ainda mais humilhado e irritado. Ele não conhecia o homem diante dele, mas era evidente que ele tinha uma aura de poder. "Então é esse o homem que está ajudando Talita a subir na vida?", pensou Enrico com um sorriso frio.

Ele tentou puxar Talita de volta, estendendo a mão para ela, mas Jorge foi mais rápido e afastou sua mão com um gesto firme.

— Sr. Enrico, o que exatamente você pensa que está fazendo? — Perguntou Jorge em um tom gelado.

Jorge já havia investigado a situação de Talita nos últimos anos. Ele sabia muito bem como Enrico a tratava. Só não havia confrontado o homem antes porque Talita estava por perto. Agora, porém, sua paciência estava no limite:

— Fique longe dela.

As palavras de Jorge foram como um golpe direto ao orgulho de Enrico. Ele já estava furioso, mas agora a presença protetora de Jorge parecia ultrapassar todos os limites.

— Talita, eu vou contar até três. Volte comigo agora!

A postura de Enrico era de pura arrogância, como se estivesse dando uma ordem a um subordinado. Era o mesmo comportamento de sempre, como se ele estivesse chamando por um animal de estimação obediente.

Mas, naquele momento, Talita não era mais a mulher submissa de antes.

— Sr. Enrico. — Respondeu Talita com a voz calma, mas firme, enquanto o encarava diretamente. — Nós terminamos. Pare de fazer coisas que só me fazem sentir desprezo por você. Quanto à parceria com o Grupo Lifano, que vença quem for mais competente.

Sem esperar pela resposta dele, Talita segurou o braço de Jorge com naturalidade e começou a se afastar. Ela nem sequer olhou para trás.

No entanto, antes que pudesse dar mais alguns passos, Enrico a segurou novamente pelo braço, forçando-a a parar.

— Você vai voltar comigo, Talita! — Gritou Enrico, sua voz carregada de raiva. Ele lançou um olhar cauteloso para Jorge, claramente desconfortável com a presença do homem, mas se recusava a ceder. — Vamos resolver isso em casa!

Talita, no entanto, não se intimidou. Ela se soltou com um movimento brusco e gritou:

— Enrico, você está surdo?

O tom dela era impiedoso. Aquele abraço que ela tanto desejou um dia, agora estava impregnado com o perfume barato de Flora, causando-lhe um desgosto visceral. Era impossível esconder o nojo em seu rosto.

O movimento abrupto de Talita o pegou desprevenido, e Enrico tropeçou, cambaleando para trás. Ele ficou parado por um momento, seu rosto contorcido de raiva. Ser rejeitado publicamente daquela maneira era insuportável.

Quando Enrico tentou avançar novamente, Jorge se colocou entre os dois, bloqueando-o completamente. Com um movimento rápido e firme, Jorge empurrou a mão de Enrico para longe e declarou:

— Sr. Enrico, se você tocar nela mais uma vez, eu garanto que o Grupo Araújo nunca terá um dia de paz.
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