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capítulo 3

Penulis: Anônima
Depois de entregar oficialmente meu pedido de demissão, voltei pra minha mesa pra finalizar a transição do que restava do meu trabalho.

Camila Sousa, colega com quem eu sempre me dei bem, ficou visivelmente chateada ao saber.

— Lúcia, você vai mesmo embora? E eu? Vou ter que ficar aqui todo dia vendo aqueles dois idiotas esfregando romance na minha cara!

Segui o olhar dela. Renato estava explicando um caso pra Bianca. Parecia que tinha acabado de dar uma leve bronca nela, e ela fez cara emburrada. Pra agradar, ele tirou do nada uma pulseira da Cartier e colocou no pulso dela. Ela abriu um sorriso na hora.

Foi só então que ela cruzou o olhar comigo. Levantou num pulo, claramente assustado.

— Lúcia, não tem nada entre mim e meu mentor. E essa pulseira é só uma bijuteria, juro!

Na mesma hora, todos os olhares do escritório se voltaram pra nós.

Cinco anos de namoro, e Renato nunca me deu nada caro. Aliás, todos aqui achavam que eu era de família simples, igual a ele — ninguém imaginava de onde eu realmente vinha. A verdade é que ele nunca achou que eu reconheceria uma joia de verdade.

Todo mundo parecia sentir pena de mim.

Até Camila, do meu lado, estava indignada.

— Vocês ainda são namorados, né? Eles estão te fazendo de trouxa na cara dura!

Segurei a mão dela e balancei a cabeça, pedindo silêncio. Depois, voltei o olhar pra Bianca.

— A pulseira ficou linda. Combinou com você.

Ela pareceu meio frustrada por eu não ter surtado. Ainda tentou insistir.

— Lúcia, é sério, é só uma pulseira simples. Não fica com raiva.

Raiva? Nem fazia sentido.

Joias assim eu tinha de sobra. Só que todas estavam guardadas na casa da minha família, em Veredalto.

Renato ouviu e se levantou, com a testa franzida.

— Lúcia, não começa com drama.

Suspirei fundo e neguei com a cabeça, com calma.

— Eu não tô com raiva. Vocês podiam parar de tentar adivinhar o que eu tô sentindo, por favor. — Falei tranquila.

Renato pareceu surpreso. Depois soltou um riso irônico.

— Tomara.

Em seguida, puxou a Bianca pra se sentarem juntos de novo.

Camila sussurrou pra mim:

— E você vai deixar eles por isso mesmo?

Enquanto organizava os papéis, dei de ombros.

— Vou. Pra mim, esse relacionamento já acabou. Sozinha ou não, eu terminei.

Foram cinquenta e duas tentativas de casamento. Nenhuma deu certo. Eu já tava exausta.

Na saída, Renato apareceu do nada pra me ajudar a pegar minhas coisas.

— Vamos? Reservei a mesa às oito no Restaurante Luazinha. Se sairmos agora, dá tempo.

Mas no meio do caminho, ele viu meu pulso vazio e parou.

— Ué, e aquela pulseira que eu te dei?

— Tive medo de quebrar. Deixei em casa.

Ele relaxou visivelmente. Sorriu.

— Você não tirava ela nunca. Agora resolveu cuidar melhor, é?

Eu nem tive tempo de inventar alguma desculpa. Bianca apareceu correndo do nada, parando ao nosso lado.

— Mentor! Já terminei tudo por aqui!

Renato virou o rosto pra ela na hora, como se o resto do mundo tivesse sumido. Sorriu e fez um gesto com a cabeça, mandando ela esperar no carro.

Vi Bianca indo direto pro banco da frente.

Cinco anos de namoro, e eu nunca tinha sentado no banco do passageiro. Renato dizia que aquele assento era reservado pra futura dona da casa. Só depois do casamento.

Cruzei o olhar com o dela. Ela me lançou um olhar provocador. Baixei a cabeça. Nem tive vontade de responder.

Dentro de mim, tudo já estava calmo demais.

No restaurante, Renato e Bianca se sentaram do mesmo lado da mesa e fizeram os pedidos sem nem me perguntar o que eu queria.

Melhor assim. Apoiei o queixo na mão e fiquei olhando a paisagem pela janela. Afinal, depois de amanhã, não veria mais nada daquilo.

Quando a comida chegou, Renato, num gesto raro, descascou alguns camarões e colocou num pratinho pra mim.

— Os camarões aqui são bem bons.

Levantei o olhar e vi o sorriso gentil que ele me lançou. Me surpreendi. Ainda lembrava de mim?

Bianca logo se meteu:

— Fui eu que indiquei esse restaurante pro meu mentor! Da última vez que a gente veio, ele comeu três pratos cheios!

Renato ficou vermelho na hora.

— Não fala isso na frente da Lúcia.

Ela riu e tapou a boca com a mão, fingindo constrangimento.

— Desculpa, Lúcia. Espero que essa história não faça você pensar mal do seu noivo, viu?

Os dois riam, cúmplices, ali na minha frente.

Olhei pros camarões. De repente, perdi toda a fome.

Forcei uma garfada, mas logo empurrei o prato de volta.

— Não gosto muito. Pode comer você.

O clima de brincadeira parou na hora. Renato me olhou, hesitante.

— Tá chateada?

Balancei a cabeça.

— Não. Só acho o gosto do camarão muito forte. Não combina comigo.

Assim como vocês.

Depois do jantar, Renato foi levar Bianca pra casa. Ela tava meio bêbada. Quem fechou a porta do carro fui eu.

Assim que eles partiram, pedi um carro direto pro aeroporto.

Enquanto isso, ele ainda me mandava mensagem no Whatsapp, animado, falando da “próxima” cerimônia.

Talvez por culpa, dessa vez se ofereceu pra organizar tudo sozinho.

"Relaxa, Lúcia. Agora vai dar certo. Ninguém vai atrapalhar a gente!"

Respondi sem emoção:

"Tá bom."

Mas eu sabia. Não ia dar certo. Nunca dava.

Quase na hora de embarcar, chegou mais uma mensagem dele:

"A Bianca bebeu demais, tá com dor no estômago. Hoje não vou voltar pra casa. Se cuida, tá?"

Soltei uma risada seca. Já esperava por isso.

"Tranquilo. Pode dormir na casa dela se quiser. Eu já tirei minhas coisas de casa. A partir de hoje, entre nós dois não tem mais nada."

"Renato Martins, nunca mais."

Assim que enviei a última mensagem, bloqueei e apaguei o contato.

Já dentro do avião, olhei pela janela. Altavira ainda brilhava lá embaixo.

Do outro lado, Renato estava completamente sem chão.
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