공유

Capítulo 6

작가: Nina Prado
Ele vestia um terno sob medida de alfaiataria artesanal, em preto. Cada centímetro do tecido exalava um luxo discreto, delineando à perfeição os ombros largos e a cintura estreita de sua figura.

A luz projetava sombras suaves sobre o rosto de traços marcantes. Era absurdamente bonito, mas de uma frieza capaz de assustar. O nariz reto, os lábios finos cerrados, a mandíbula talhada como se esculpida a faca. Acima de tudo, eram os olhos, profundos como um lago gelado, destituídos de calor. Bastava um olhar de relance para transmitir a sensação de poder absoluto, de quem decide sobre a vida e a morte, carregado da indiferença e da autoridade de quem sempre ocupou o topo.

Qualquer pessoa comum, sob aquele olhar, já teria as pernas bambas, incapaz até de falar.

Mas, naquele instante, ao pousarem sobre ela, aqueles olhos capazes de congelar tudo… Derreteram.

O gelo se dissolveu. Restou apenas uma emoção difícil de descrever, algo que se aproximava de… Ternura.

Sim, ternura!

Usar essa palavra para descrevê-lo soava absurdo. Mas estava acontecendo. De verdade.

Ela ficou paralisada, a mente em branco.

"Alexandre!

O que ele estava fazendo ali?"

Antes que pudesse se recuperar do choque, Alexandre avançou. Deu um passo, estendeu o braço longo e, sem espaço para recusa, puxou-a com força para dentro de seus braços.

O som seco da porta se fechando isolou-os do mundo.

O abraço dele era amplo, sólido, emanando um calor reconfortante e um leve aroma de pinho. O aperto doía nos ossos, mas, estranhamente, trazia acolhimento, como uma segurança inédita.

Uma das mãos grandes, de dedos longos e firmes, acariciava suavemente os fios de seu cabelo, deslizando do topo até as pontas, num gesto de delicadeza quase inacreditável.

Ele não disse nada.

Ainda assim, aquele abraço silencioso carregava mil palavras.

A saudade contida.

A espera escondida.

As preocupações nunca ditas.

Três anos.

Exatos três anos sem se verem.

— Cris, voltei. — A voz grave soou sobre sua cabeça, com uma rouquidão quase imperceptível. — Três anos… Foi tempo demais.

Para ele, aqueles três anos tinham sido como um século. Esperara o fim daquele casamento absurdo, apenas um contrato no papel, para então ousar se aproximar de novo.

— De agora em diante, não vou permitir que ninguém mais te machuque. — A firmeza de suas palavras soava como uma promessa inegociável.

O nariz dela ardeu, os olhos se encheram de calor.

Ela se desvencilhou dos braços dele. Não por rejeição, mas porque precisava respirar.

Abaixou a cabeça, virou-se e caminhou até a cozinha.

— Quer… Beber alguma coisa? — perguntou em voz baixa.

— O de sempre. — A voz de Alexandre a acompanhou.

Ela, já acostumada, pegou os grãos de café, moeu e preparou a infusão. Cada gesto estava gravado em seus ossos.

Aquele café também era o preferido de Henrique.

Pena que ele nunca chegara a provar um feito por ela.

Pouco depois, colocou diante de Alexandre uma xícara de porcelana fina, exalando aroma envolvente.

Ele pegou a xícara. A temperatura estava perfeita.

Curvou-se levemente sobre a xícara e tomou um gole.

Amargo e encorpado, mas com leve dulçor no fim.

Era o mesmo grão que ela sempre usava, o mesmo método único. Um sabor gravado na memória mais profunda, impossível de esquecer.

— Por que… Você voltou de repente? — Ela finalmente ergueu o rosto, a voz trêmula, a pergunta carregada de cautela.

Alexandre pousou a xícara. O contato com a mesa soou em tilintar nítido.

Ergueu os olhos, e a curva sutil nos lábios trazia zombaria… Mas também a arrogância incontestável de quem já decidiu vencer.

— O quê? Em três anos já esqueceu completamente a nossa aposta?

"Aposta?"

O coração dela saltou. Fragmentos de lembranças, que tentara enterrar, começaram a emergir.

— É claro que voltei para te buscar. — Alexandre inclinou-se para a frente, os olhos flamejando ao prendê-la no olhar. Sua presença a envolveu por inteiro. — Esperei para ver você voltar ao jogo.

"Voltar ao jogo…"

As três palavras explodiram como trovão em sua mente.

— E depois… — Ele fez uma pausa. A voz grave e magnética, cada sílaba martelando no coração dela. — Juntos, vamos mais uma vez ocupar o topo deste mundo.

Ela ficou atônita.

O coração parecia apertado por uma mão invisível, dolorido e cheio até transbordar.

Instintivamente, quis forçar um sorriso, dizer algo espirituoso para esconder a tempestade interior.

Algo como: "Grande chefe, ainda não superou sua fase adolescente?"

Ou: "No topo do mundo o vento é forte demais, eu morro de frio."

Mas fracassou.

Mal os lábios se moveram, as lágrimas transbordaram antes de qualquer palavra.

Grossas, pesadas, despencaram sobre o dorso de sua mão.

Escaldantes.

Alexandre fora seu colega veterano.

Naqueles tempos de doutorado no exterior, sozinha, ele cuidara dela como um verdadeiro irmão, protegendo-a de todas as formas.

Também fora seu parceiro mais afinado.

Foram eles dois que, noite após noite, mergulharam no laboratório até que, finalmente, ela deduziu a equação capaz de mudar o mundo.

Mas, justamente nesse momento, ela escolheu… Se retirar.

Casou-se com um homem que mal conhecia, aceitando, humilhada, o compromisso de três anos.

Ninguém entendeu sua decisão.

Todos acharam que enlouquecera.

Até Alexandre.

Na época, ele ficou tão furioso que quase virou a mesa. Mas, no fim, apenas a encarou profundamente, lançou um desafio de três anos e partiu. Foi para o exterior, expandir territórios, conquistar espaço.

Ela, por sua vez, desapareceu completamente.

Esses três anos foram tranquilos… Mas sufocantes.

Como um pássaro de asas quebradas, preso em uma gaiola dourada.

Agora, a porta da gaiola estava aberta.

E aquele que um dia voara ao lado dela voltara, trazendo uma força irresistível, disposto a levá-la de novo aos céus.

Só ela sabia que havia coisas que precisavam ser feitas antes.

Ele não ousou enxugar suas lágrimas, temendo não se controlar. Apenas murmurou:

— As lágrimas de N custam caro. Não desperdice. Vá trocar de roupa, vou te levar para jantar. Está magra demais.

Cristiane assentiu e entrou no quarto principal.

Quinze minutos depois, Alexandre e Cristiane desceram juntos.

Do lado de fora, uma comitiva de carros luxuosos os aguardava. Alexandre abriu a porta e entrou com ela.

Ele adorava o perfume sutil que vinha dela. Ter Cristiane ao lado era como possuir o mundo inteiro.

Meia hora mais tarde, chegaram ao Clube Jardim Imperial.

A porta do carro se abriu, revelando um rosto jovem e simpático.

— Srta. Cristiane. — Saudou ele, usando o título respeitoso.

Quando Cristiane desceu, os colegas mais novos se curvaram com deferência.

— Bem-vinda de volta, Srta. Cristiane.

Cristiane os olhou surpresa. Aqueles rostos familiares eram companheiros de tantas batalhas.

— Vocês todos… Voltaram?

João se aproximou e segurou carinhosamente o braço dela.

— Estávamos morrendo de saudades. Felizmente o Sr. Alexandre nos deu a chance de retornar. Assim podemos ficar perto de você e também organizar como deve ser o nosso congresso médico internacional.

Bruna logo se juntou, entrelaçando o braço no dela com um sorriso doce.

— Isso mesmo! Com você aqui, não precisamos mais trabalhar feito burros de carga. O Sr. Alexandre pega pesado demais com a gente.

— Menina, você está cada vez mais charmosa. Já não é mais aquela chorona de antes. — Disse Cristiane, apertando de leve a bochecha delicada da garota.

Um único olhar cortante de Alexandre bastou para que João soltasse o braço dela de imediato, o coração disparando.

"Que medo!"

Os lábios finos de Alexandre se moveram:

— Vamos entrar.
이 책을.
QR 코드를 스캔하여 앱을 다운로드하세요

최신 챕터

  • Adeus, Esposa do Bilionário   Capítulo 100

    — O restaurante preferido da Cris, o Encanto, as flores de lírio que ela mais amava... Tudo foi manchado por aquela sua santinha de vitrine, você...Vitória perdeu totalmente o controle da língua. Wellington, assustado, correu para tapar-lhe a boca.Mesmo assim, dois seguranças já a agarravam pelos braços, carregando-a para fora. Ela se debatia, chutando para todos os lados, como se fosse capaz de despedaçar o mundo inteiro."Meu Deus... Se essa pequena senhorita tivesse poder bélico, já teria aberto um buraco no universo com esse fogo cruzado."Quando finalmente a retiraram dali, o silêncio caiu como um peso.Mas as palavras dela continuaram a ecoar nos ouvidos de Henrique.O restaurante preferido de Cristiane era o Encanto. Ele nunca a tinha levado lá. Pelo contrário: foi justamente naquele lugar que fechou o espaço inteiro para anunciar publicamente o relacionamento com Maria.Só agora percebia... O quanto lhe devia.Mesmo quando ela sofreu um aborto, não lhe ofereceu o mínimo de cu

  • Adeus, Esposa do Bilionário   Capítulo 99

    O sorriso no rosto de Maria congelou por um instante. Rapidamente, ela recompôs a expressão e assumiu uma confusão calculada, na medida certa.— Achei que fosse algum grande problema. É só aquela... Empregada do Solar do Mar.O semblante de Henrique se fechou ainda mais.Maria continuou a se explicar, falando devagar, sem pressa. Disse que a tal empregada era filha de uma prima de sua mãe e que, no passado, havia salvado a vida dela. Desta vez, a confusão tinha acontecido porque a mulher roubara mais de trinta mil do patrão. Depois disso, a família aparecia todos os dias, implorando em lágrimas para que Maria intercedesse.Cansada daquilo, ela apenas mencionara o assunto a Henrique. Se ele realmente se importava, poderia devolvê-la para ele, sem problemas."Devolver!"Henrique a ouviu falar com tamanha convicção que chegou a vacilar. "Será que Maria realmente não sabia nada sobre o verdadeiro crime cometido por Camila?"Ele a conhecia havia tantos anos. Sim, ela era mimada e caprichos

  • Adeus, Esposa do Bilionário   Capítulo 98

    Sangue.Um vermelho gritante.Na tela, as imagens eram tão grotescas que pareciam retiradas de um filme de terror barato.Mas Henrique sabia: tudo aquilo era real.Tinha acontecido.Acontecido com ela.A mão dele, apoiada na borda da mesa, fechou-se de repente num punho.As veias saltaram, grossas e tensas, como cordas prestes a arrebentar.Os nós dos dedos ficaram esbranquiçados de tanta força.Wellington permanecia alguns passos atrás, a cabeça levemente baixa, mas os olhos de soslaio não se desgrudavam das costas rígidas do patrão.O ar parecia solidificado.Só se ouvia, de tempos em tempos, o ruído abafado vindo do vídeo e a respiração cada vez mais pesada de Henrique.O olhar dele estava colado à tela.E então viu.Aquela repugnante lagartixa de quatro patas, viscosa, rastejando pelo chão… Até alcançar o corpo dela, subindo devagar.O corpo dela tremeu de leve.Os olhos se fecharam suavemente.Nada mais.O coração de Henrique foi apertado por uma mão invisível, torcido até doer.D

  • Adeus, Esposa do Bilionário   Capítulo 97

    No chão, um copo de vidro jazia em mil estilhaços.Ao vê-lo entrar apressado, o rosto de Cristiane se tingiu de leve constrangimento. Murmurou uma desculpa:— Eu… Deixei cair sem querer.A expressão rígida de Henrique se suavizou. Em poucos passos, aproximou-se e, sem dar-lhe chance de recusa, voltou a erguê-la nos braços.— Desajeitada… — Resmungou baixo, descendo com ela pelas escadas.No andar de baixo, a mesa estava posta com um farto café da manhã, misturando pratos ocidentais e orientais. Uma empregada trouxe uma tigela de canja.— Senhora Cristiane, este caldo foi preparado especialmente a pedido do senhor Henrique.O semblante dela escureceu de imediato. Nada disse.Henrique dispensou a funcionária com um gesto e afirmou:— Nada do que aconteceu antes vai se repetir. Aqui, todos são de confiança. Foram escolhidos pessoalmente por Wellington. Se houver algum problema… Eu mesmo arranco a cabeça dele!"Tenho motivos pra achar que ele só tem ciúmes da minha cabeça bem-feita", penso

  • Adeus, Esposa do Bilionário   Capítulo 96

    Vinte minutos depois, o helicóptero pousou suavemente na Fazenda Vale Verde.Ficava a apenas vinte quilômetros do centro da Cidade N, cercada por montanhas verdes e águas cristalinas, com uma vista ampla e deslumbrante.Para Henrique, também era conveniente: dali podia cuidar dos negócios da empresa com facilidade.Era uma montanha que ele havia comprado anos atrás, planejando transformá-la em um resort de luxo.Mas, quando o avô adoeceu, desistiu da ideia e mandou construir ali uma mansão, entre rios e colinas.Havia jardins preciosos, tratados com o maior cuidado, uma horta orgânica, até mesmo um haras.Tudo respirava um ar de tranquilidade e luxo, feito sob medida para repouso e cura.Mas o Sr. Fernando era apegado ao passado e nunca se acostumara com aquele lugar.Preferia a casa da família.Assim, a mansão permanecera vazia por todo esse tempo.A porta da cabine se abriu.Henrique inclinou-se e, com os dedos longos, desatou o cinto de Cristiane.Logo a envolveu com o braço, pronto

  • Adeus, Esposa do Bilionário   Capítulo 95

    Cristiane não disse nada. A ponta dos dedos deslizava pela tela, acariciando levemente o lugar onde Henrique havia se ferido.Aquele sangue era real. Aquela dor também.— Ao ver que a senhora estava em perigo, ele sofreu mais do que qualquer um. — Continuou Wellington em tom grave. — A senhora sabia que ele também se machucou gravemente? Mas não deixou que ninguém contasse a você."Não deixou? Por quê?"A mente de Cristiane ficou em turbilhão. Por que ele escolhera o silêncio? Por que encobrir Maria?— Se não fosse pela chantagem de Maria, usando uma antiga dívida de gratidão, o Sr. Henrique jamais teria ajudado ela de novo.As palavras de Wellington caíram como uma pedra pesada no lago já revolto do coração de Cristiane.— Dívida? Que dívida? — Finalmente ela falou, a voz seca. Levantou os olhos para encarar Wellington, o olhar cheio de confusão e de busca.Wellington hesitou, ponderando até onde podia falar. Mas duas batidas na porta o interromperam.Rapidamente ele fechou o tablet e

더보기
좋은 소설을 무료로 찾아 읽어보세요
GoodNovel 앱에서 수많은 인기 소설을 무료로 즐기세요! 마음에 드는 책을 다운로드하고, 언제 어디서나 편하게 읽을 수 있습니다
앱에서 책을 무료로 읽어보세요
앱에서 읽으려면 QR 코드를 스캔하세요.
DMCA.com Protection Status