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Capítulo 2

Autor: Linda primavera
Ibsen deixou escapar uma risada de prazer:

— Da próxima vez, vou tomar mais cuidado e ser mais delicado. Daqui a pouco vou comprar um remédio para você.

A voz do homem foi se afastando aos poucos. Inês, olhando para o batom quebrado em suas mãos, não demonstrou qualquer emoção no rosto.

Jogou o batom quebrado no lixo, abriu o segundo compartimento do porta-joias, onde restavam apenas algumas poucas peças.

Antes, o porta-joias estava sempre cheio das joias que Ibsen lhe presenteava, abarrotado, chegando a centenas de peças. Desde que Ibsen começou a traí-la, a cada decepção com ele, ela jogava fora uma peça.

No início, descartava devagar, mas depois foi cada vez mais rápido. Agora, quase não havia mais nada.

Assim como o amor que sentia por Ibsen, que antes transbordava como uma maré e agora se resumia a uma completa decepção, também estava prestes a se esvair por completo.

Inês pegou uma corrente de ouro finíssima, presente que Ibsen lhe dera no terceiro aniversário de namoro.

O pingente do colar era uma patinha de gato. Naquela época, Inês tinha muita vontade de adotar um gato e passava horas assistindo vídeos de gatos na internet.

Quando recebeu o colar, ficou encantada, brincando repetidamente com a pequena patinha.

Os dois haviam combinado que, assim que se formassem e alugassem um apartamento, adotariam um gato. O nome já estava escolhido: Dudu.

Mas, é claro, isso nunca aconteceu. Ibsen, no início, Ibsen estava totalmente focado em empreender. Depois que teve sucesso, ficou cada vez mais ocupado — mal tinha tempo para ela, quem dirá lembrar-se do plano de adotar um gato.

Pensando bem, o relacionamento deles começou a ter problemas naquela época.

Foi ela quem teve confiança demais, achando que Ibsen nunca mudaria.

Inês conteve a onda de emoções que sentiu, abaixou os olhos e jogou a corrente de ouro no lixo, fechando o porta-joias lentamente.

Restaram apenas cinco peças dentro da caixa.

Levantou-se, vestiu o casaco, pegou a bolsa e saiu.

Assim que chegou ao escritório de advocacia, uma colega se aproximou para parabenizá-la por mais uma vitória em um processo.

— Inês, parabéns, parabéns!

— Inês, essa já é a sexta vitória só neste mês, não é? O título de "general invicta" do nosso escritório é mais do que merecido!

— Realmente, aquele ditado de que quem não tem sorte no amor tem sorte nos negócios é verdade. Olha como a carreira da Inês está em alta agora!

Assim que as palavras foram ditas, uma colega imediatamente puxou a manga da outra e lhe lançou um olhar de advertência. O clima animado se dissipou de repente, todos se entreolharam, evitando encarar Inês.

Todos no escritório sabiam que ela estava prestes a se casar com Ibsen, os mais informados também sabiam que Ibsen estava envolvido com sua secretária, mas ninguém jamais tocou no assunto na frente de Inês.

A colega que acabara de cometer a gafe percebeu o erro e apressou-se em pedir desculpas:

— Inês, desculpe, falei sem pensar, por favor, não leve a mal...

O rosto de Inês empalideceu um pouco, a mão segurando a pasta de documentos se fechou aos poucos, mas ela forçou um sorriso:

— Não se preocupe, hoje à noite eu convido todos para jantar e comemorar, façam questão de reservar um tempo, hein!

Todos concordaram rapidamente, fazendo piadas para amenizar, e esse pequeno incidente foi logo superado.

Inês voltou ao seu lugar, ligou o computador, arquivou os materiais do caso e começou a redigir o relatório.

No entanto, depois de mais de duas horas escrevendo, havia apenas algumas linhas no documento. Sua mente vagava longe dali.

No fim da tarde, Inês e mais de dez colegas do escritório entraram juntos no restaurante.

Junto à janela, dois rostos familiares chamaram sua atenção. Quando Inês olhou, cruzou o olhar com o de Ibsen, que estava frio e indiferente.

Ela prendeu a respiração, mas no segundo seguinte ele já desviou o olhar, sorrindo enquanto continuava, como se nada estivesse acontecendo, a alimentar Mayra com uma sobremesa.

Mesmo diante dos colegas dela, ele não se preocupava em preservar sua dignidade.

Uma colega mais próxima de Inês ficou com o rosto vermelho de raiva e logo quis tirar satisfação por ela.

Inês segurou a amiga, com voz tranquila:

— Está tudo bem, vamos para o reservado.

O rosto da colega era pura indignação, quando ia protestar, parou ao ver o sorriso de Inês, mais triste do que chorar.

No fim, não disse nada, deixando que Inês a puxasse para o reservado.

Questões do coração são como um café: só quem prova sabe se está quente ou amargo. Se Inês preferia manter as aparências de tranquilidade, ninguém tinha o direito de contestar.

Depois de fazer os pedidos, Inês levantou-se para ir ao banheiro.

No instante em que fechou a porta, ouviu as colegas comentando:

— Eu vi direito? O namorado da Inês alimentando outra mulher com sobremesa bem na frente dela!

— Eu também vi, não entendo o que a Inês viu naquele babaca. Ela é tão bonita, se largar dele, arranja outro rapidinho!

— Ai, só posso dizer: quando um quer, o outro deixa. Inês é tão lúcida e decidida nos casos que pega, mas no amor se perde assim...

O restante da conversa Inês não ouviu, mas podia imaginar o teor.

Na verdade, elas estavam certas. Mas toda vez que pensava em uma vida sem Ibsen, sentia uma dor insuportável no peito.

Aos poucos, foi se acostumando.

Acostumou-se com a frieza de Ibsen, com o cheiro de perfume de outras mulheres nele, e também com o processo de ver suas feridas se fechando devagar.

Quando estava quase chegando à porta do banheiro, seus passos pararam abruptamente e ela ficou paralisada, como se estivesse fincada ao chão.

A cena à frente a feriu profundamente.

Mayra estava sentada na pia, Ibsen segurava firme sua cintura, de costas para Inês, e a beijava apaixonadamente, como se não houvesse ninguém por perto.

Antes, por mais que Ibsen errasse, jamais havia sido íntimo de outra mulher diante dela.

Mas hoje, ele o fez.

Vendo as costas de Ibsen, Inês sentiu um buraco se abrir em seu peito, por onde o vento frio soprava sem parar.

"Ibsen, por que você precisa ser tão cruel?"

Tamanha era sua concentração que Ibsen nem percebeu a presença de Inês ali.

Mas, mesmo que percebesse, para ele não faria diferença.

Afinal, se ela se sentia magoada ou não, há muito ele deixara de se importar.

No espelho, refletiam-se as silhuetas entrelaçadas dos dois, e também o rosto de Inês, pálido como papel, em total desespero.

Parecia uma palhaça.

Foi Mayra quem notou Inês primeiro, empurrou Ibsen apressadamente:

— Sr. Serpa... Srta. Inês está ali...

As bochechas dela estavam ruborizadas, os olhos de amêndoa mostravam pânico, brilhavam de emoção, os lábios, recém-beijados, estavam vermelhos como fruta madura, convidando à tentação.

— Não se preocupe com ela.

— Sr. Serpa... Mm... — O restante foi abafado pelos lábios de Ibsen.

Ninguém sabe quanto tempo se passou até que Ibsen finalmente soltou Mayra, ajudou-a a descer da pia, ajeitou o vestido dela e, abraçado a ela, virou-se para sair.

Ao passar por Inês, ergueu a sobrancelha num sorriso de escárnio:

— Ainda não viu o suficiente? Quer que eu leve a Mayra para casa hoje à noite, para você se fartar de assistir?

Inês virou-se para ele. Em seus olhos, antes tão claros, só havia desdém, nenhuma ternura do passado.

— Ibsen, você faz o que quiser com ela, mas... pode, por favor, não trazê-la diante de mim? Te peço...

Ela realmente não sabia quanto tempo mais aguentaria.

O futuro que os dois prometeram parecia agora ser só dela, uma ilusão.

Ibsen sorriu com descaso, segurou o queixo de Mayra e deu outro beijo em seus lábios.

— Já não está aguentando? Se não aguenta, pode pedir para romper o noivado, ou terminar tudo.

Inês baixou os olhos, pronta para responder, mas seu olhar ficou estático de repente.

No pulso de Mayra havia uma pulseira de ouro em formato de tulipa, idêntica, em modelo e acabamento, àquela que Ibsen desenhara e mandara fazer especialmente para ela!
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