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Capítulo 3

Autor: Linda primavera
Percebendo o olhar dela, Mayra rapidamente levou a mão ao bracelete, o olhar dela se encheu de pânico, e seu corpo, por instinto, se escondeu atrás de Ibsen.

Ibsen puxou-a para trás de si, olhando para Inês de cima para baixo:

— Por que você está encarando a Mayra?

Os olhos de Inês estavam levemente avermelhados:

— Ibsen, por que você deu para a Mayra um bracelete exatamente igual ao meu? Você disse claramente que era algo exclusivo para mim.

— A Mayra viu você usando, disse que gostou muito. Eu não poderia pedir para você dar o seu para ela, não é? E afinal, é só um bracelete. Desde quando você ficou tão mesquinha?

A testa de Ibsen estava cheia de impaciência, como se falasse sobre algo insignificante.

Nos olhos dela passou uma incredulidade:

— Mas quando você me deu, disse que...

Antes que terminasse a frase, Ibsen a interrompeu, franzindo a testa:

— Inês, viver no passado tem graça? Você mesma disse, foi naquela época.

O que ele mais detestava era Inês mencionar o passado, porque isso o fazia lembrar das inúmeras vezes em que fracassou ao empreender, daqueles dias sombrios e miseráveis.

Naquela época, foi Inês quem esteve ao seu lado, presenciou toda a sua vulnerabilidade e seu colapso. Por isso, depois que teve sucesso, ele não quis mais relembrar aqueles períodos difíceis, e passou a sentir repulsa por Inês.

Inês o olhou, seus olhos transbordando tristeza, como se fosse um vidro prestes a se estilhaçar.

— Então, as promessas que você fez podem ser ignoradas e quebradas facilmente, é isso?

Ibsen a olhou friamente:

— Prometi me casar com você, se você quiser, eu concordo. O que mais você quer? Inês, a única coisa pela qual me sinto culpado é não te amar mais. Será que nem o direito de escolher quem amar eu tenho?

Inês piscou e uma lágrima deslizou.

No fim das contas, quando um homem muda de coração, as promessas feitas no passado se transformam em castelos de areia, que se desfazem ao menor sopro de vento.

Ele consegue simplesmente deixar de amar, mas e ela? O que faria?

Como convencer a si mesma a esquecer os momentos de amor que viveram? Como aceitar que ele mudou? Como convencer-se a deixá-lo ir, e também se libertar?

Vendo que Inês apertava os lábios pálidos sem dizer nada, Ibsen abraçou Mayra e foi embora, sumindo logo na esquina.

Inês piscou os olhos marejados, ficou parada por um bom tempo, só então, aos poucos, se recompôs e voltou para o reservado.

Só tarde da noite o jantar terminou.

Inês ficou na porta do restaurante, vendo o último colega ir embora, antes de pegar o carro para voltar para casa.

Ao chegar, abriu a porta e encontrou a casa completamente às escuras: como esperado, Ibsen não estava.

A imagem dele beijando Mayra encostada na pia do banheiro voltou à sua mente, e uma dor fina e aguda atravessou seu peito.

Ela fechou os olhos, obrigando-se a segurar as lágrimas.

Caminhou até a penteadeira, abriu a caixa de joias e pegou o bracelete de ouro em forma de tulipa.

Antes, cada vez que o via sentia doçura, agora, bastava um olhar para sentir uma dor fina no peito.

Já que não era mais exclusivo, não havia motivo para guardá-lo.

Com um sorriso amargo, Inês soltou o bracelete.

O bracelete deslizou pelo ar e caiu na lixeira.

Nos dias seguintes, Ibsen não voltou para casa. Inês enviou uma mensagem por dia para lembrá-lo da prova do vestido de noiva no sábado, mas ele não respondeu.

No sábado de manhã, Inês acordou, se arrumou e, enquanto se maquiava diante da penteadeira, recebeu uma mensagem de Ibsen.

[Estou na loja de vestidos.]

Ao chegar à loja, viu Mayra ao lado de Ibsen, segurando o braço dele com um jeito delicado e dependente. O olhar de Inês, sem querer, se tornou frio.

— Ibsen, hoje é o dia da nossa prova de vestido de noiva. Por que você trouxe ela aqui?

Ibsen manteve a expressão serena, como se não houvesse nada de errado:

— Depois da prova, tenho uma reunião de negócios com ela. Vai causar por causa de um detalhe desses?

— Detalhe? Para você, isso é mesmo só um detalhe?

No dia da prova do vestido, ele trouxe a amante para provocá-la. No dia do casamento, ele também vai querer que Mayra esteja presente?

Mayra largou o braço de Ibsen, demonstrando nervosismo:

— Sr. Serpa, eu disse que não deveria ter vindo... Talvez eu devesse voltar para a empresa... Espero você terminar de provar o vestido, então...

— Não precisa. — Ele virou-se para Inês, a voz já gelada: — Vai provar ou não? Estou ocupado, não tenho tempo para perder aqui com você.

Inês conhecia bem aquele olhar dele, com as sobrancelhas baixas: era o auge da impaciência.

Se ela dissesse que não provaria, ele certamente se viraria e iria embora sem hesitar.

Sem dizer mais nada, Inês entrou direto na loja de vestidos.

Assim que entrou, uma atendente veio recebê-la com um sorriso caloroso.

Ao ver Ibsen atrás de Inês e Mayra ao lado dele, a atendente demonstrou surpresa, mas o sorriso permaneceu no rosto.

— Sr. Serpa, Srta. Inês, bom dia. O vestido de noiva encomendado já chegou, vou levá-la para provar.

Inês tinha estudado um pouco de design antes, o croqui do vestido de noiva foi criado por ela ao longo de seis meses, sob a orientação de um famoso estilista local. Era fruto de muito empenho.

No entanto, toda a sua expectativa se esvaiu ao ver Mayra ali. Agora, tudo não passava de uma formalidade.

Ela assentiu, exausta:

— Está bem.

Seguiu a atendente até a área dos vestidos e, de imediato, viu seu vestido exposto bem no centro do showroom.

O vestido era tomara que caia, na parte superior, sobre o tule, tulipas, sua flor favorita, foram bordadas em renda no estilo francês, tão vivas que pareciam crescer sobre o tecido.

Na cintura, uma fileira de pérolas pequenas como estrelas brilhava sob as luzes. A frente da saia era de cetim, e a cauda, composta por três camadas de cetim e renda, era leve e estruturada. Inês mal conseguia desviar o olhar.

— Srta. Inês, este vestido chegou hoje cedo. Várias clientes quiseram experimentar. Tenho certeza de que ficará maravilhosa nele.

Mayra também viu o vestido imediatamente, seus olhos brilharam de deslumbramento e inveja, e ela comentou:

— Sim, é mesmo lindo! Ouvi dizer que foi você mesma quem desenhou, Srta. Inês. Que talento! Não é, Sr. Serpa?

A voz adocicada de Mayra soou ao lado, e Inês sentiu-se como se engolisse uma mosca.

Virou-se para responder, mas flagrou Ibsen olhando para Mayra com ternura, passando a mão em seus cabelos.

— Você também não fica atrás, caso contrário não seria minha secretária.

Mayra fez um biquinho:

— Você só sabe me provocar...

Naquele instante, Inês simplesmente não teve mais vontade de dizer nada.

O que mais poderia dizer?

Mayra só se atreveu a agir assim porque Ibsen lhe dava respaldo.

A atendente, visivelmente desconfortável com a situação, perguntou com cuidado:

— Srta. Inês... ainda quer experimentar o vestido?

Inês se virou, respondendo com serenidade:

— Quero.

A atendente pegou o vestido com todo o cuidado e levou Inês até o provador.

Como o vestido tinha renda e amarrações nas costas, foi trabalhoso vesti-lo, levando mais de dez minutos para ficar pronto.

Inês já era muito bonita: pele clara como a neve, traços delicados, como uma flor de lótus em pleno desabrochar, graciosa e encantadora. Não fosse isso, Ibsen não teria se apaixonado à primeira vista.

Com o vestido, ela ficou ainda mais deslumbrante.

Enquanto ajustava a saia, a atendente comentou:

— Srta. Inês, se eu fosse homem, certamente seria conquistado por você.

Inês baixou os olhos e forçou um sorriso:

— Obrigada.

Percebendo que ela não estava bem, a atendente suspirou internamente e preferiu não insistir em conversa.

Quando a cortina do provador se abriu, Ibsen estava respondendo uma mensagem no WhatsApp e Mayra havia sumido.

A atendente ao lado o alertou:

— Sr. Serpa, a Srta. Inês já está pronta.

Ibsen levantou o olhar, visivelmente desinteressado, e lançou um olhar breve para Inês.

— Bem comum.

Ele realmente achou comum, afinal, não sentia mais nada por Inês, mesmo que ela estivesse nua à sua frente, ele não teria o menor interesse.

Inês sentiu uma pontada de decepção. No primeiro ano deles juntos, tinham conversado sobre como seria o vestido de noiva.

Ibsen dissera que qualquer coisa que ela vestisse seria a mais linda, que, quando ela experimentasse o vestido, ele ficaria tão emocionado que choraria, por finalmente poder se casar com ela.

Mas era apenas uma lembrança, ele provavelmente já havia esquecido.

Oito anos é muito tempo, tempo suficiente para alguém se apaixonar por outra pessoa.

Ou para, gradualmente, arrancar alguém do coração.

Percebendo o clima estranho, a atendente se preparava para aliviar a tensão, quando, de repente, a cortina do provador do outro lado se abriu. Mayra, vestindo um vestido de noiva, sorriu espontaneamente para Ibsen:

— Sr. Serpa, não imaginei que o vestido que você escolheu fosse tão perfeito para mim. O que acha?
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