Amor Não Admite Traição

Quando vi Antônio no setor de obstetrícia, achei que estava enganada.

Na noite anterior, ele ainda me beijava repetidamente dizendo que me amava mais do que tudo. Eu mesma fiz as malas para a viagem dele, peça por peça.

Mas agora, lá estava ele, usando as roupas que eu tinha escolhido, ajudando cuidadosamente uma jovem grávida a sair.

Ela segurava um exame e disse algo a ele, que pacientemente inclinou-se para ouvi-la.

A cena estava envolta em uma aura de doçura que qualquer um poderia confundir com um casal apaixonado.

Era como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre mim, esfriando rapidamente toda a alegria que havia sentido.

Fiquei paralisada, olhando nos olhos de Antônio, que me encarava com um sorriso que logo se transformou em pânico visível.

A jovem, ao me ver, empalideceu e agarrou-se ao braço de Antônio, claramente assustada.

Ele rapidamente a tranquilizou, levando-a a uma sala de espera próxima, onde a deixou sentada com algumas palavras de conforto.

Quando ele veio em minha direção, seu rosto já não mostrava o pânico de antes, mas sim uma expressão tranquila, como se nada tivesse acontecido.

— O que você está fazendo no hospital? Algum problema de saúde?

Ele tentou tocar meu rosto, mas eu recuei, evitando seu toque.

— Explique!

Eu implorava em silêncio.

"Antônio, por favor, diga que é um mal-entendido. "

"Se você disser, eu acredito."

Mordi os lábios para não chorar, mas a voz trêmula me traiu.

Ao ver meu sofrimento, ele me puxou para um abraço, ignorando minha resistência. — Querida, não é o que você pensa. Vamos para casa que eu explico...

Meu coração afundou.

Ele não respondeu diretamente...

Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu olhava para ele, teimosa, querendo uma resposta.

Ele desviou o olhar e, com dificuldade, confessou. — A criança é minha... mas não foi intencional, Estela...

A voz de Antônio era baixa, mas soou como um trovão em meus ouvidos.

Eu quase não consegui me manter de pé.

Ao perceber meu estado, ele tentou me segurar, olhando para mim com pena.

Afastei sua mão. — Não me toque!

Não entendia como ele podia fingir ainda me amar quando já havia mudado de coração.

As pessoas no corredor começavam a nos observar.

A mulher correu até nós, protegendo Antônio.

— Srta. Estela, por favor, não culpe o Antônio, ele não fez de propósito.

Antônio pediu friamente que ela voltasse, mas sua mão permaneceu protetora na cintura dela, um gesto de proteção.

A cena de solidariedade entre eles era comovente, fazendo-me parecer a vilã.

Em um instante, raiva, ressentimento e desgosto tomaram conta de mim.

Avancei um passo, encarando-a. — Você é uma descarada!

A garota ficou tão assustada que quase caiu.

Antônio rapidamente me afastou e a segurou com força.

Ele me empurrou com força, e, desprevenida, cai no chão.

No instante da queda, instintivamente protegi meu ventre.

A dor na mão era intensa, mas não se comparava à dor em meu coração.

Antes, Antônio nunca se atrevia a me machucar.

Antônio também não parecia acreditar que tinha me empurrado.

Ele olhou para suas mãos, perplexo, com o rosto cheio de arrependimento e incredulidade.

— Estela, você está bem? — Ele perguntou, desesperado, tentando me ajudar a levantar.

Atrás dele, uma garota soltou um gemido. — Ah... Antônio, minha barriga está doendo.

A mão que Antônio me estendia foi rapidamente retraída enquanto ele, sem hesitar, pegava a garota no colo e a levava apressadamente para o consultório.

Antes de sair, ele olhou para mim mais uma vez, e seu rosto bonito estava cheio de culpa.

— Estela, espera por mim, eu vou te explicar tudo depois.

Após dizer isso, ele se foi sem olhar para trás.

Segurei meu ventre, sentindo uma dor aguda no coração.

Pensei que não haveria mais um "depois" para nós.