MasukO tom gélido da voz de Samuel e o olhar penetrante dele perfuraram o coração de Daise como lâminas afiadas. Quando a dor se tornava insuportável, a vontade de reagir surgia."Por que Samuel está reagindo assim? Por que ele está me questionando desse jeito? Ele não sabe que eu tenho namorado?"Enquanto pensava nisso, algo dentro de Daise se rebelou. Ela tinha sua própria vida. Por que ela precisava aceitar ser interrogada dessa forma?Daise abaixou lentamente a mão que cobria o pescoço e levantou o rosto, encarando Samuel com uma calma rara. O olhar dela trazia uma serenidade que ele não esperava:— Irmão, isso é um assunto meu.— Assunto seu? — Samuel repetiu, como se tivesse ouvido uma piada absurda, e sua voz baixou para um tom quase ameaçador. — Você é da família Lopes. Você é minha irmã. Seus assuntos não são só seus!Daise não entendia. Por que, depois de cinco anos de indiferença, Samuel estava tão descontrolado? Por que ele parecia tão afetado, e sempre por causa dela? Ele a od
Daise balançou a cabeça calmamente, achando aquilo completamente desnecessário. No entanto, ela não podia negar que o gesto aqueceu um pouco seu coração.Quando se tratava de alguém importante, mesmo que ela acreditasse já ter superado tudo, bastava um pequeno gesto de gentileza para que, como uma vítima que esqueceu a dor após o cuidado do agressor, as feridas do passado fossem ignoradas.No fundo, Daise percebeu que Samuel não era completamente indiferente a ela. Ele realmente estava disposto a levá-la para comprar algo novo.— Não precisa, irmão. Ontem eu já disse, só estava brincando com vocês.Uma ideia maliciosa passou rapidamente pela cabeça de Daise:"De qualquer forma, a Natália acabou sem o colar. Não tem por que eu ficar remoendo isso."Mas Samuel não parecia disposto a encerrar o assunto. Ele mudou o rumo da conversa com naturalidade:— Não tem problema. Aliás, ainda não escolhi minha aliança de casamento. Você pode me acompanhar e dar sua opinião.As duas palavras "aliança
Naquela época, Daise ainda não conhecia Nico. Mas, ao ouvir Daise falar de forma tão casual sobre o que havia passado, Nico quase podia imaginar o quão profundo era o trauma que ela carregava.Nico comentou com um tom que misturava compreensão e uma certa previsibilidade:— Dorme. Eu vou ficar aqui te vigiando.Daise apertou levemente os lábios. Seu coração parecia envolto por algo quente e reconfortante, como se a presença dele fosse um abrigo contra o frio que sentia dentro de si.Ela fechou os olhos, e o turbilhão de ansiedade que sempre a dominava durante a noite começou a desaparecer, pouco a pouco. Em poucos minutos, sua respiração se tornou tranquila, e ela caiu em um sono sereno. Era a primeira vez que conseguia dormir tão bem sem a ajuda de remédios.Nico permaneceu sentado ao lado da cama, observando o rosto pacífico dela enquanto dormia. Seus cílios longos lançavam uma sombra suave sob os olhos, e aquela expressão tranquila deixou o coração dele completamente derretido.Ele
Nico olhou para os cantos avermelhados dos olhos de Daise e entendeu tudo na hora. Ela com certeza estava bêbada.Se fosse no dia a dia, com o jeito tímido que ela tinha, Daise jamais teria coragem de dizer que queria beijá-lo. Na verdade, ela mal conseguia trocar algumas palavras com ele sem parecer nervosa. De onde teria surgido tamanha audácia?No entanto, Nico não poupou as palavras, mantendo aquele tom provocador que lhe era tão característico:— O quê? Você nem consegue cuidar das coisas que eu te dou?Os dedos de Daise se apertaram levemente, mas ela não respondeu. Ela também se sentia inútil. Afinal, nem sequer conseguiu proteger um simples colar que alguém havia dado para ela.Antes que ela pudesse continuar remoendo o assunto, Nico já havia se abaixado e a pegado no colo, como se ela fosse leve como uma pena.O corpo de Daise enrijeceu imediatamente. Ela parecia uma coelhinha assustada, agarrando-se desesperadamente à lateral do armário de sapatos. Sua voz saiu baixa, trêmula
Natália voltou para a mesa com os olhos vermelhos de frustração. Ela agarrou o braço de Samuel e falou com a voz embargada:— Samuel, o colar sumiu! Um bêbado esbarrou em mim agora há pouco, e ele desapareceu. Manda alguém procurar pra mim, por favor!Samuel segurava um copo de uísque. Ele apenas ergueu o olhar na direção dela e respondeu com um tom frio, sem demonstrar nenhuma reação:— Perdeu, perdeu.Natália ficou paralisada por um instante, sem acreditar na resposta. Ela não esperava que ele fosse tão indiferente.O que ela não sabia era que, desde o início, Samuel não dava a mínima para aquele colar. Ele nunca fez questão de dá-lo a Natália. Simplesmente não queria que Daise o mantivesse. E agora que o colar tinha sumido, ele não se importava nem um pouco.Quando Daise chegou em casa, ela chutou os sapatos e foi direto para o banheiro, sem nem acender as luzes.O som da água enchendo a banheira ecoava pelo banheiro enquanto ela, mecanicamente, tirava as roupas e entrava na água qu
Para não correr o risco de ser rejeitada novamente pela família, Daise respirou fundo, forçando-se a engolir o nó na garganta. Ela piscou rapidamente para enxugar as lágrimas que insistiam em surgir e esboçou um sorriso rígido, forçado, nos lábios:— Não fica bravo, irmão. Eu só estava brincando com você.A pequena casca de resistência que ela havia criado em si mesma desmoronou mais uma vez. Daise voltou a se esconder dentro de sua concha tímida e submissa.Ela estendeu a caixinha do colar na direção de Natália, esforçando-se para deixar sua voz mais doce:— Cunhada Natália, olha só como esse colar combina com você. Eu realmente estava só brincando agora há pouco.Os olhos de Natália brilharam com um lampejo de triunfo, mas ela disfarçou rapidamente, fingindo estar surpresa e emocionada. Ela pegou a caixinha com um sorriso calculado:— Ai, obrigada! Você é tão gentil, Daise. Que coração maravilhoso o seu!Natália então abraçou o braço de Samuel, inclinando-se de forma manhosa:— Olha







