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Capítulo 3

Penulis: Mary Sue
A chuva lá fora já havia parado, mas era fria e as ruas continuavam úmidas.

Daise saiu do hotel apressada, caminhando rápido até o carro.

Tudo que aconteceu hoje estava dentro de suas expectativas, exceto por duas coisas: o noivado de Samuel e Natália, e o reencontro inesperado com Nico.

Daise estava prestes a abrir a porta do carro quando o celular tocou. Na tela, o nome [Samuel] pulsava como uma agulhada em seus olhos.

Daise hesitou por um instante antes de atender.

— Daise, onde você está? — A voz de Samuel veio pelo celular ainda tão gentil e educada quanto ela se lembrava, mas com aquela leve e familiar autoridade que jamais permitia ser contrariada. — Estamos cortando o bolo. Guardei uma fatia para você. Venha logo.

A garganta de Daise ficou seca. Imediatamente, flashes de uma memória que ela nunca conseguiu apagar tomaram conta de sua mente. Natália e suas amigas segurando sua nuca, pressionando seu rosto contra o bolo de aniversário. O cheiro enjoativo da cobertura, a sensação sufocante do creme entrando pelo nariz... era algo que ela jamais esqueceria.

— Eu não gosto de bolo.

Daise ouviu a própria voz soar calma, mas distante. A resposta, porém, fez o outro lado da linha silenciar por alguns segundos.

— Você gostava de bolo. — A voz de Samuel carregava um tom de leve frustração, como se estivesse lidando com uma criança cheia de birra. — Todo ano, no meu aniversário, você sempre comia duas fatias. Daise, não faça esse tipo de drama agora.

Fazer drama?

— Irmão, eu gostava de bolo. — Daise fixou o olhar nas luzes de neon embaçadas ao longe, sua voz baixa, mas firme, enfatizando cada palavra. — Mas agora eu não gosto mais.

Houve uma pausa do outro lado da linha.

— Por quê?

Daise fechou os olhos, como se isso pudesse aliviar a dor que subia em seu peito:

— Porque a Natália já enfiou minha cabeça em um bolo. Esse motivo é suficiente?

O silêncio que veio em resposta foi ensurdecedor.

Do outro lado da linha, Samuel ficou imóvel. Seus olhos, que sempre carregavam um sorriso gentil, agora estavam levemente perplexos. Ele franziu a testa, tentando processar o que acabara de ouvir.

— Foi só coisa de adolescente. — Samuel finalmente quebrou o silêncio, mas sua voz estava mais baixa, quase hesitante. — Você não disse... que você já tinha superado isso?

Um aperto agudo percorreu o peito de Daise.

— Sim, eu superei. — Ela respondeu suavemente, seus dedos inconscientemente passando sobre a cicatriz em seu pulso. — E é por isso que posso te dizer isso agora, sem me importar. E também posso te dizer que não gosto mais de bolo.

Samuel abriu a boca, como se quisesse dizer algo, mas foi interrompido por uma risada feminina e melodiosa do outro lado da sala.

— Samuel! Vem logo comer o bolo! — A voz de Natália chegou pelo celular, com aquele tom de doçura forçada que fazia Daise sentir o estômago revirar. — Daise não vai ser tão sem educação, né? Todo mundo está esperando por ela!

O estômago de Daise deu um nó. Aquela mulher era realmente insuportável. O fato de Samuel gostar de alguém assim por tantos anos fazia Daise perceber que, talvez, ele nunca tivesse valido a pena todo o amor que ela sentiu por ele.

De repente, uma centelha de rebeldia surgiu dentro dela. Se Natália a considerava "sem educação", então ela seria. E o que Natália poderia fazer sobre isso?

— Irmão, Cunhada Natália está te chamando. Não vou atrapalhar vocês. Divirtam-se bastante.

Daise falou com um sorriso na voz e, sem esperar por uma resposta, desligou o celular rapidamente.

Samuel ficou parado, ainda segurando o celular, cercado pela luz e o barulho da festa. Por um momento, ele não conseguiu reagir.

Cunhada.

Daise havia usado essa palavra duas vezes hoje.

Samuel sentiu um desconforto inexplicável. Talvez tivesse sido um erro apresentar Natália a Daise de forma tão repentina. Talvez ele tivesse sido precipitado.

Cinco anos. Daise passou cinco anos no exterior, e, quando ela voltou, nem sequer avisou Samuel. Assim como quando foi embora, não disse nada. Será que ela ainda estava chateada por causa de tudo aquilo?

Daise sentou-se dentro do carro, com as mãos trêmulas e o coração acelerado. Ela abriu apressadamente o frasco de remédios e tomou um comprimido de antidepressivo.

O gosto amargo do medicamento espalhou-se por sua língua enquanto ela inclinava a cabeça para trás, encostando-se no banco. Ela fechou os olhos por um momento, esperando que o efeito calmante começasse a agir.

O carro saiu do estacionamento do hotel, e a chuva começou a diminuir.

Do lado de fora da janela, as luzes de néon se misturavam com as gotas de chuva, formando manchas de luz borradas que refletiam em seu rosto delicado e pequeno, criando um jogo de cores que se movia suavemente.

Depois daquele escândalo de cinco anos atrás, Valentina Lopes, a mãe de Samuel, a havia enviado às pressas para o exterior. Nem sequer lhe deram tempo para arrumar suas coisas antes de jogá-la em um país estrangeiro.

Antes de partir, tudo o que deixaram para ela foi uma única chave.

Era a chave de uma casa, uma mansão bem distante da residência da família Lopes, que eles chamaram de "novo lar".

Na verdade, era apenas uma maneira disfarçada de expulsá-la da família.

O carro entrou em uma área residencial tranquila, cercada por grandes mansões. Era ali que ficava a casa que a família Lopes havia "dado" para ela.

O imóvel era luxuoso, bem localizado e com uma decoração impecável. Mas ficava longe. Muito longe da família Lopes.

No passado, Daise sentiu-se abandonada. Ela sentiu que havia sido descartada. Mas, agora, ela se dava conta de que talvez isso fosse o melhor para ela.

Depois de estacionar o carro, Daise abriu a porta. O ar fresco e limpo da chuva a envolveu, e, por um instante, seu humor pareceu melhorar.

Mas, assim que ela deu o primeiro passo para fora, seu corpo inteiro congelou.

Encostado preguiçosamente em um luxuoso Maybach preto, estava uma silhueta que ela conhecia bem demais.

Nico segurava um cigarro entre os dedos. A brasa, vermelha como sangue, acendia e apagava na escuridão da noite. Ele virou levemente o rosto em sua direção, com o olhar parcialmente escondido pela fumaça que subia devagar.

— Você... — Daise tentou falar, mas sua garganta estava seca.

As palavras dele no elevador vieram à sua mente, fazendo o calor subir para as pontas de suas orelhas. Ela apertou a alça da bolsa, tentando recuperar a compostura.

— Sr. Nico... Eu não entendi muito bem o que o senhor quer dizer com isso. Se for por causa do passado... — Ela tinha dificuldade em continuar, mas forçou as palavras a saírem. — O que aconteceu foi há muito tempo. Nós éramos jovens. Espero que o senhor não leve isso tão a sério.

Nico apertou os olhos ligeiramente, como se estivesse achando a situação ao mesmo tempo estranha e engraçada. Então, ele soltou uma risada baixa, um som que fez os nervos de Daise ficarem ainda mais à flor da pele.

Ele não disse nada. Ele apenas apagou o cigarro com calma, endireitou-se e começou a caminhar.

Daise ficou paralisada no lugar, com o coração batendo como um tambor descompassado. Ela acompanhou o movimento dele com os olhos, e um turbilhão de pensamentos passou pela sua mente.

"Ele me seguiu até aqui? Ou será que...?"

Se Nico tivesse algum plano para aquela noite, como ela poderia reagir? Como poderia resistir?

Nico nunca foi uma pessoa previsível. Ele dirigia rápido, vivia rápido, e suas ações eram sempre impulsivas, guiadas por seus próprios instintos.

Daise começou a pensar em fugir. Talvez entrar de volta no carro e sair dali o mais rápido possível. Mas, antes que ela pudesse se mover, Nico parou.

Ele estava diante da casa ao lado da sua. Ele digitou o código no painel eletrônico da porta.
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