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Capítulo 2

Penulis: Mary Sue
— Nós não apenas nos conhecemos! Fomos colegas de escola. — Natália sorriu, lançando um olhar cheio de significados para Daise. — Não é mesmo?

Daise sentiu todos os olhares se voltarem para ela, como se aguardassem sua reação. Ela engoliu a amargura que subia pela garganta, pegou uma taça de champanhe da bandeja de um garçom que passava e respondeu com um sorriso:

— Parabéns a vocês. Sinto-me honrada, cunhada.

Samuel ouviu a última palavra, e seu olhar ficou um pouco mais denso. Ele assentiu levemente:

— Daise, você sempre foi muito obediente.

Daise desviou o olhar. Pela primeira vez, a palavra "obediente" soou como uma agulha perfurando seus ouvidos.

Ao redor, algumas risadas abafadas e murmúrios começaram a surgir. Pareciam zombar dela, como se dissessem que finalmente ela havia entendido sua posição e desistido de qualquer ilusão.

Gostar de um irmão de criação já era algo que muitos consideravam inaceitável. Ainda mais quando esse irmão era o impecável e admirado Samuel.

Daise tomou um gole de champanhe e desviou os olhos de Samuel, como se não quisesse dedicar nem mais um segundo de atenção a ele.

Samuel percebeu a frieza, a distância deliberada e o esforço de Daise para evitá-lo. Por um breve instante, a expressão dele pareceu mudar, como se algo dentro dele tivesse sido tocado.

Quando a metade do evento havia passado, Daise encontrou uma desculpa para sair do salão, dizendo que precisava atender uma ligação. Ela precisava de ar. Mesmo que por alguns minutos.

Estar no mesmo ambiente que suas antigas agressoras, lidar com os olhares, os sorrisos falsos e os comentários ambíguos era um tormento emocional e físico. Assim que saiu, ela pegou o celular e enviou uma mensagem ao psicólogo:

[Eu consegui.]

A resposta veio em poucos segundos:

[Eu sei que isso é doloroso, mas a dessensibilização sempre é. Você está indo bem.]

Daise respondeu rapidamente:

[Eu entendo.]

Assim que entrou no elevador, Daise fechou os olhos e soltou um longo suspiro, como se finalmente pudesse relaxar.

A dessensibilização era dolorosa, mas não se comparava ao que ela havia passado no passado: os julgamentos morais, o bullying incessante. Hoje era um marco. Se conseguisse superar esta noite, significava que tudo aquilo havia ficado para trás.

As portas do elevador começaram a fechar lentamente.

Mas, no instante em que ela achou que sua noite terminaria ali, uma mão longa e firme entrou no espaço entre as portas, forçando-as a se abrir novamente.

O elevador se iluminou de novo, e uma figura alta entrou.

Daise abriu os olhos, levantou a cabeça e olhou para cima, lentamente, até encontrar o rosto dele.

O homem usava botas pretas estilo coturno, calças cargo e uma jaqueta de couro preta. E aquele rosto...

Daise prendeu a respiração.

Era Nico.

Daise não conseguiu nem olhar direito para ele antes de baixar a cabeça apressadamente. Comparado a Samuel, Nico era a última pessoa que ela queria encontrar. Não era apenas que ela não queria vê-lo. Ela o temia.

Nico parecia ainda mais alto do que aos dezoito anos. Sua presença era esmagadora, como se ocupasse o elevador inteiro. Mas Daise tentou se convencer de que ele não a havia reconhecido. Respirou fundo, aliviada, e pensou consigo mesma:

"Ele também veio para a reunião dos ex-colegas? Depois de tantos anos, quem diria que ele resolveria socializar? Afinal, ele sempre desprezou o pessoal da nossa turma."

No segundo seguinte, o celular de Nico vibrou. O som curto a fez sobressaltar, mesmo sendo apenas um toque.

Nico atendeu. A voz de um homem soou do outro lado, mas Daise não conseguiu entender o que dizia. Nico respondeu apenas:

— Já cheguei.

A voz dele era a mesma de antes: preguiçosa, despreocupada e cheia de desdém.

Ele riu baixo, com uma ponta de sarcasmo:

— Não vi ninguém interessante ainda. Mas, olha só... encostada na parede, tem uma que eu conheço.

Daise sentiu os dedos apertarem com força a alça da bolsa. Ele já havia percebido que era ela?

Relutante, Daise levantou os olhos devagar e finalmente olhou para Nico.

Nico também a observava, com uma leve arqueada na sobrancelha.

A luz do elevador delineava os contornos de Nico com uma nitidez quase cruel. Ele tinha uma daquelas aparências que faziam qualquer pessoa parar para olhar. Suas sobrancelhas eram altas e marcadas, e abaixo delas estavam aqueles olhos azul-claros com um formato levemente ascendente, como os de uma raposa. Era um olhar afiado, quase predatório, mas que, combinado com o restante de seu rosto, exalava uma tensão irresistivelmente sensual.

Os lábios dele estavam sempre curvados em um sorriso que parecia meio zombeteiro, como se estivesse prestes a dizer algo provocador ou mordaz. Ele não esperou que a pessoa do outro lado da linha terminasse de falar. Nico apenas afastou o celular do ouvido e desligou sem cerimônia.

— Colega, ainda vai fingir que não me conhece?

A voz de Nico soou como uma chave abrindo um portão trancado há muito tempo. E, de repente, as memórias de Daise transbordaram como uma enchente.

Ela viu flashes de noites escuras. Os dedos longos de Nico sempre brincando com suas mechas de cabelo. O hálito dele, com um leve cheiro de tabaco, tocando de forma íntima a pele sensível de seu pescoço. E a risada baixa dele ecoando em sua orelha:

"Você é tão boazinha. Eu gosto de você."

As lembranças eram confusas e claras ao mesmo tempo, e faziam o coração de Daise tremer, como se estivesse sendo aquecido por uma chama incômoda. Mas, rapidamente, ela recuperou o controle. "Foi só uma troca absurda." Ela se lembrou. Naquela época, ela precisava de proteção, e ele precisava de um brinquedo obediente.

Nada mais do que isso. Por mais intenso que tivesse sido, tudo aquilo havia ficado no passado. Cinco anos tinham se passado. Talvez ele nem se lembrasse mais.

— Hm, oi.

A voz de Daise saiu baixa, quase inaudível, enquanto ela mantinha o olhar fixo no chão.

Nico riu baixinho. Era uma risada carregada de algo indefinível, mas impossível de ignorar.

Os números no painel do elevador mudavam lentamente, e Daise fixava o olhar neles, como se isso pudesse tirá-la daquele espaço apertado.

Finalmente, o elevador chegou ao térreo. Daise praticamente correu para fora, mas, ao girar o corpo para sair, sentiu um puxão repentino no couro cabeludo.

Droga. Seu cabelo havia ficado preso na corrente decorativa da jaqueta de couro de Nico.

— Ah! — Ela soltou um pequeno grito, enquanto tentava, desajeitada, soltar os fios. — Me desculpa...

Nico, no entanto, permaneceu parado, recostando-se na parede do elevador com uma calma irritante. Ele apenas observava, os olhos preguiçosos percorrendo o corpo dela sem qualquer discrição. O olhar dele começou nas orelhas avermelhadas de Daise, passando pelos ombros que subiam e desciam com sua respiração nervosa.

— Não se mexa. — A voz dele ficou mais grave, carregada de uma autoridade que parecia impossível de contrariar.

Com um movimento rápido, ele segurou o pulso dela.

Daise congelou. Ela não conseguia desviar os olhos dos dedos longos de Nico, que agora manipulavam habilmente as mechas de cabelo presas na corrente.

— Continua tão desajeitada. — Disse Nico.

O tom dele era baixo, quase um sussurro, e o hálito de Nico roçou a nuca de Daise, provocando um arrepio que percorreu todo o seu corpo. O perfume dele, uma mistura de menta fresca com cedro, a envolveu completamente. Era um cheiro inconfundível, que parecia ser parte de quem Nico era.

Daise nunca teria imaginado que, depois de tanto tempo, tendo esquecido tantas outras coisas, ainda se lembraria do cheiro dele.

Talvez fosse porque ele estava perto demais agora. Perto o suficiente para que ela pudesse perceber as sombras que os cílios dele projetavam sob seus olhos. Perto o suficiente para que ela pudesse sentir o ritmo de sua respiração.

— Esses anos fora, você teve algum namorado?

A pergunta inesperada fez Daise levantar a cabeça de repente. Foi nesse instante que os olhos dela encontraram os dele.

Os olhos de Nico eram profundos, de um azul claro quase gelado, mas carregavam um calor intenso, como se fossem capazes de queimar através dela. Ele a encarava em silêncio, mas o olhar era forte o suficiente para fazê-la se sentir exposta, vulnerável.

Daise abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu.

Ela sabia que não devia nada a Nico. Ele não tinha o direito de exigir respostas.

— Se ainda estiver precisando de um homem... — Nico murmurou, enquanto soltava a última mecha de cabelo da corrente. No entanto, ele não a soltou completamente. Em vez disso, enrolou os fios em torno de seu dedo, girando-os lentamente. — Pode me procurar de novo.

Ele disse isso com um sorriso, os olhos fixos nela.

O coração de Daise perdeu um compasso. O desconforto a atingiu como uma onda de calor e ela tentou se afastar.

— Eu... preciso ir. — Ela gaguejou, dando um passo apressado para trás.

Dessa vez, o cabelo dela escapou de seus dedos.

Nico ficou parado, a mão ainda suspensa no ar. Por um instante, ele sentiu algo estranho, como se algo tivesse sido arrancado dele.

Ela não tinha nem ao menos se dado ao trabalho de olhar para trás. Depois de um reencontro como aquele, Daise sequer demonstrou interesse em trocar algumas palavras.
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