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Capítulo 5

Penulis: Mary Sue
— Não precisa se preocupar, eu posso chamar um carro de aplicativo. — Daise recusou sem pensar duas vezes.

Samuel ficou em silêncio por alguns segundos, como se quisesse dizer algo, mas engoliu as palavras.

"Será que ela ainda está remoendo o que aconteceu ontem? Como ela ficou tão sensível e cheia de frescura depois de passar alguns anos fora?" Pensou ele.

— Daise, eu...

Antes que Samuel pudesse terminar, Nico inclinou-se para frente e falou com a voz baixa, mas o suficiente para ser ouvido:

— Seu leite vai esfriar.

Daise levou um susto e quase deixou o celular cair. Ela virou os olhos arregalados para Nico, que arqueou as sobrancelhas com uma expressão de inocência fingida. Ele tinha feito de propósito!

— Quem está aí com você? — A voz de Samuel ficou mais grave, carregada de desconfiança. — Daise, onde você está? Como tem um homem aí?

— Não tem ninguém... — Daise gaguejou, tentando se justificar. — Estou assistindo a uma série, é a TV, só isso.

Ela lançou um olhar furioso para Nico, que apenas sorriu satisfeito e tomou mais um gole de leite, como se nada tivesse acontecido.

— Eu vou pessoalmente te buscar. — Disse Samuel em um tom inquestionável. — Espere em casa.

— Não precisa, de verdade... irmão, eu posso voltar sozinha... — Daise ainda queria recusar.

"Irmão." Desde que Daise voltou, essa era a única forma como ela o chamava.

— Antes… — Samuel a interrompeu, com a voz mais baixa e densa. — Você nunca me chamava de irmão.

E era verdade. Daise tinha sido acolhida pela família Lopes aos dez anos. Samuel era apenas um ano mais velho que ela, e no início, ela simplesmente não conseguia se acostumar a chamá-lo assim.

Quando ela cresceu, começou a se perguntar se, deixando de chamá-lo de irmão, isso poderia significar que eles não tinham uma relação de parentesco. E se não fossem irmãos… ela poderia gostar dele?

Mas o bullying de Natália e o tratamento que Daise recebeu durante sua estadia no exterior fizeram com que ela fosse forçada a encarar a verdade:

"Samuel é seu irmão. Ele sempre será seu irmão. Nada mais do que isso."

Daise precisou de dois anos de terapia para aceitar esse fato como uma realidade irrevogável e gravá-lo em sua mente como uma verdade absoluta. E só então ela conseguiu lidar com aquele título sem sentir repulsa.

— Espere em casa.

Foi tudo o que Samuel disse antes de desligar.

Daise soltou um suspiro de alívio e colocou o celular sobre a mesa. Sua mão estava coberta por uma fina camada de suor.

— Seu irmão é mesmo muito bom para você. — Nico quebrou o silêncio, mas seu tom tinha uma ponta de sarcasmo. Ele olhou para o pulso dela, onde uma cicatriz aparecia sob a manga da camisa, e seus olhos escureceram.

Daise puxou a manga do casaco instintivamente, escondendo a cicatriz. Ela respondeu mecanicamente:

— Ele sempre foi um bom irmão.

— Hah. — Nico soltou uma risada curta e fria. — Então, quando você estava sendo humilhada na escola, por que você não foi atrás do seu bom irmão em vez de vir me procurar?

Os olhos de Daise se arregalaram. Aquele dia ainda era uma ferida aberta.

A chuva era intensa, o frio parecia cortar sua pele. Suas roupas estavam rasgadas, o rosto coberto de desenhos humilhantes, e as queimaduras nas costas ardiam como se estivessem em chamas. Ela foi empurrada para o meio do pátio e caiu desajeitadamente na chuva. As pessoas a cercaram, zombaram dela, a humilharam, mas ninguém sentiu pena. E ninguém apareceu para salvá-la.

E Samuel estava logo ali, ao longe, segurando um guarda-chuva.

Daise, arrastando a perna ferida, gritou por ele com as poucas forças que lhe restavam:

— Samuel, me ajuda… Samuel, por favor, me salva…

Samuel a viu. Ele ouviu. Mas tudo o que ele fez foi franzir o cenho, segurar o guarda-chuva com mais firmeza e se virar para ir embora.

Natália, protegida por seu próprio guarda-chuva, se aproximou dela no chão e disse com desdém:

— Samuel sempre soube o que você sente por ele, e ele te acha nojenta. Você realmente achou que aquele sorriso dele significava que ele gostava de você? Coitada. Daise, seus dias ruins estão só começando.

Foi naquele momento que Daise perdeu tudo: sua dignidade, sua autoestima, sua capacidade de confiar nos outros.

Naquela mesma noite, ela havia se arrastado até o depósito de equipamentos e acordado Nico, que estava dormindo lá.

Nico foi o primeiro a olhar para ela sem desprezo ou maldade. Apenas acendeu um cigarro, franziu o cenho e disse:

— Calma, garota. Vou passar um remédio. Vai doer, mas aguenta firme.

E foi assim que ela caiu em outra nuvem de fumaça. Mas, ao contrário da fumaça de Natália, a de Nico não trazia humilhação ou dor.

A lembrança se desfez.

— Eu... — A voz de Daise tremia levemente, e ela suspirou como alguém que acabara de escapar de um desastre. — Naquela época, eu era imatura.

Os olhos de Nico gelaram, e ele se recostou na cadeira, voltando ao tom preguiçoso e indiferente:

— É, só uma criança que foi pedir ajuda para alguém como eu.

Daise abriu a boca para dizer algo, mas ela percebeu que nenhuma explicação seria suficiente. Ela sabia que tinha usado Nico, e da pior maneira possível.

— Eu preciso ir. — Disse ela, levantando-se. Sua voz era tão baixa que mal podia ser ouvida. — Obrigada pelo café da manhã.

Nico não tentou impedi-la. Mas, quando ela chegou à porta, ele falou:

— Daise.

Ela se virou.

— Eu já te disse uma vez. — Ele brincava com o isqueiro em suas mãos, os olhos sombrios. — Se alguém mexer com você, pode vir me procurar de novo.

Daise ficou paralisada por alguns segundos, sem saber como reagir.

Nico desviou o olhar e virou o copo de leite, bebendo tudo de uma vez.
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