Share

Capítulo 6

Penulis: Mary Sue
Daise vestiu uma blusa cinza sobre o vestido branco e puxou as mangas até cobrirem completamente os pulsos, certificando-se de que nenhuma das cicatrizes ficaria exposta.

De repente, a campainha tocou, interrompendo o silêncio da casa. Daise apressou-se até a porta para abri-la.

Samuel estava parado ali, vestido de branco, com o sol brilhando atrás dele. A luz parecia tentar entrar na casa, mas ele bloqueava tudo, como uma parede sólida que não deixava passar nenhuma fresta.

Momentos antes, quando Nico esteve ali, Daise achou que o céu de Cidade Serena parecia mais azul. Mas agora, tudo parecia cinza novamente.

— Você já está pronta? — Perguntou Samuel, com um tom de voz gentil, enquanto seus olhos percorriam o interior da casa por trás dela, como se procurassem algo.

Daise deu um passo para trás instintivamente e assentiu com a cabeça.

Samuel franziu levemente a testa e deixou seu olhar cair sobre o traje de Daise, que estava completamente coberta.

— Hoje está quente. Você não vai sentir calor vestida assim? — Perguntou Samuel.

— Já estou acostumada. — Respondeu Daise, quase sussurrando. Sua voz era tão baixa que mal podia ser ouvida.

— Certo. Vamos. — Disse Samuel, dando um passo para o lado para abrir caminho.

Daise passou por ele com cuidado, evitando qualquer tipo de contato físico.

Samuel sentiu o cheiro de algo fresco, uma fragrância de menta que não era dela, mas parecia com um perfume masculino. Ele se lembrou da voz masculina que ouvira no telefone momentos antes. Seus dedos apertaram a maçaneta da porta involuntariamente.

Daise já havia entrado no carro, e Samuel fechou a porta para ela. O som da porta se fechando foi um pouco mais forte do que o necessário, e Daise deu um leve sobressalto, seus ombros tremendo visivelmente.

Ela apertou as mãos contra o tecido do vestido, seus dedos torcendo a barra enquanto o desconforto tomava conta de seu corpo por alguns segundos.

Samuel notou sua reação. Confuso, ele relaxou a mão e soltou a maçaneta. Em seguida, contornou o carro e entrou pelo lado do motorista. Depois de colocar o cinto, ele virou-se para ela:

— Daise, me diga a verdade. Aconteceu alguma coisa com você enquanto estava no exterior?

Daise balançou a cabeça, deixando seu cabelo comprido cair sobre o rosto, escondendo-o parcialmente:

— Não... Não aconteceu nada. Tudo foi bem.

Sua voz parecia distante, como se estivesse vindo de muito longe, leve e sem peso. Depois disso, o carro ficou em silêncio.

Samuel não insistiu. Ele deu partida no carro, mas ele sabia que algo estava errado. Ele sentia que Daise estava se afastando dele, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Era uma barreira que ele não sabia como atravessar.

No passado, antes de ela ser intimidada no colégio, Daise falava muito. Mesmo quando ela já estava sofrendo bullying por parte de Natália, ela sempre sorria para ele. Assim que via Samuel, ela começava a falar sobre qualquer coisa, enchendo o silêncio com sua voz.

Ele costumava ouvir em silêncio, com uma expressão neutra, respondendo apenas com um ocasional "hum" para mostrar que estava prestando atenção. Mas, em algum momento, esse tipo de conversa unilateral se tornou uma espécie de cumplicidade entre eles, talvez até um hábito.

Mas agora, o silêncio no carro parecia insuportável.

— Você mudou muito. — Disse Samuel de repente.

Daise começou a esfregar seu pulso por cima da blusa, sentindo a textura áspera das cicatrizes sob o tecido.

— As pessoas mudam, irmão.

— Você falava muito antes.

O coração de Daise deu um salto dolorido no peito. Sim, ela falava muito antes. Não importava o quanto ela estivesse sofrendo, bastava ver Samuel para que ela forçasse um sorriso e tentasse parecer feliz.

Ela sempre acreditou que escondia bem seus sentimentos, que seu amor por ele era um segredo seguro. E ela achava que a forma como Samuel a tratava era especial, que sua paciência era um tipo de amor.

Samuel parecia prestes a dizer algo, mas desistiu e permaneceu em silêncio.

O carro entrou na longa estrada que levava à mansão da família Lopes. Daise sentiu sua respiração ficar irregular. Fazia cinco anos que ela não voltava ali.

Na época, Eduardo e Valentina, pais de Samuel, haviam insistido para que ela estudasse no exterior. Mas ela sabia que aquilo não era uma oportunidade, era um exílio.

— Papai e mamãe ainda estão na empresa, mas devem chegar em breve. Vamos esperar por eles juntos. — Disse Samuel, saindo do carro e contornando a frente para abrir a porta para ela.

Mas Daise já havia aberto a porta sozinha e descido.

Samuel hesitou por um instante, mas não disse nada.

Antes, Daise era independente com todos, exceto com ele. Ela sempre esperava que ele abrisse a porta para ela, como se fosse uma regra implícita.

Daise caminhou em direção à entrada da mansão. O jardim estava exatamente como ela se lembrava. A cerejeira onde ela costumava se esconder para ler havia crescido, parecendo ainda mais forte.

— Seu quarto está exatamente como você deixou. Quer dar uma olhada? — Ofereceu Samuel.

Daise balançou a cabeça:

— Não precisa.

Em sua mente, completou:

"De qualquer forma, nunca mais vou morar aqui."

Samuel hesitou, mas acabou não insistindo.

Daise continuou andando até desaparecer dentro da casa.

O mordomo saiu da mansão e se aproximou de Samuel, fazendo uma reverência educada:

— Senhor, o presente para a Srta. Daise já está no quarto dela.

Samuel assentiu:

— Certo.

O mordomo olhou na direção da casa e perguntou:

— Mas... por que ela não foi ver o presente?

Samuel fez uma pausa, abaixou os olhos e suspirou, com uma ponta de decepção na voz:

— Ela está cada vez mais difícil… Não sei o que ela aprendeu nesses anos lá fora.

Daise caminhava pelo jardim, com passos lentos e olhar distante. Ela já havia considerado aquele lugar como seu verdadeiro lar, o único que tinha. Mas, depois de cinco anos, já havia se acostumado com o silêncio de viver sozinha. No fundo, ela sabia que sempre foi assim que deveria ser: uma vida apenas para ela.

— Daise.

Daise parou de repente e se virou. Valentina estava a poucos metros de distância, com os olhos vermelhos. Eduardo estava ao lado dela, sorrindo de maneira gentil.

— Pai… mãe… — Disse Daise, hesitante.

Ela não sabia se os pais adotivos ainda gostavam dela. Afinal, eles já tinham descoberto os segredos mais vergonhosos que ela tentou esconder.

Daise ficou parada no lugar, sem saber se deveria se aproximar.

Para sua surpresa, Valentina rapidamente foi até ela e a puxou para um abraço apertado. A voz de Valentina tremia enquanto dizia:

— Minha filha, você sofreu tanto nesses anos…

Ao ouvir essas palavras, Daise não conseguiu mais se conter. As lágrimas escorreram por seu rosto.

— Desculpa… — Murmurou Daise, com a voz embargada.

— Que bobagem é essa, criança. Não tem por que pedir desculpas. — Valentina limpou as lágrimas no rosto dela e sorriu. — O importante é que você voltou para casa.

Eduardo acariciou a cabeça de Daise com carinho e comentou:

— Sim, e está tão magrinha.

Daise se deixou envolver no abraço deles, e as lágrimas continuaram a cair. Ela prometeu a si mesma que nunca mais cometeria o erro de gostar de quem não deveria.

A partir de agora, Samuel seria apenas seu irmão. Ela havia aprendido a lição. Nunca mais teria pensamentos proibidos.

Samuel se aproximou, colocou a mão sobre a de Valentina e disse:

— Assim vocês vão acabar assustando a Daise.

Valentina olhou para Daise com as sobrancelhas levemente franzidas e comentou:

— Se não fosse o Samuel nos contando que te viu na reunião de ex-colegas, nós nem saberíamos que você voltou. O que houve? Você pretendia esconder isso da gente?

— Eu…

Antes que Daise pudesse responder, o som da campainha interrompeu a conversa.

Todos se viraram para a porta. Natália estava parada ali, segurando uma caixa de presente elegante. Ela usava um vestido de gala vermelho escarlate, que destacava sua elegância e beleza.

— Senhores, boa tarde! — Cumprimentou Natália com um sorriso caloroso, antes de se virar para Samuel. — Samuel, trouxe o doce preferido da sua mãe.

O rosto de Valentina se iluminou com um sorriso. Ela olhou para Daise e disse:

— Daise, essa é a noiva do Samuel. Eles ficaram noivos no ano passado e vão se casar no final deste ano. Venha cumprimentá-la.

Samuel apertou levemente os dedos, e seu olhar involuntariamente foi na direção de Daise.

— Não precisa. — Disse Daise, com uma voz surpreendentemente calma. — Já nos conhecemos.

— Já se conhecem? — Respondeu Valentina.

Os lábios de Natália congelaram por um breve momento. Ela temia que Daise trouxesse à tona o passado embaraçoso, expondo-a na frente de Eduardo e Valentina.

Mas Daise simplesmente respondeu:

— Nós fomos colegas no ensino médio.

Valentina ficou surpresa:

— Vocês estudaram juntas? Então parem de ficar aí na porta. Entrem logo. Vamos comer.

Natália soltou um suspiro de alívio e seguiu para dentro.

Na mesa de jantar, Daise estava sentada em frente a Samuel. Ela mastigava a comida lentamente, sem sentir nenhum sabor, como se fosse apenas uma obrigação.

Valentina, por outro lado, continuava enchendo o prato de Daise enquanto fazia perguntas sobre sua vida no exterior.

Daise respondeu a todas as perguntas com educação e voz baixa, mas evitou olhar na direção de Samuel durante toda a conversa.

— Daise, quais são seus planos agora que está de volta? — Perguntou Eduardo, curioso.

Daise colocou os talheres sobre o prato e respondeu:

— Acabei de receber uma oferta da sede da TY Design.

Natália ergueu as sobrancelhas, com um sorriso que carregava um toque de ironia:

— TY? A famosa empresa de design de instalações artísticas? Você acabou de se formar e já conseguiu um emprego lá?

Daise inclinou levemente a cabeça, com um sorriso despretensioso:

— Sim. Você está tão curiosa porque quer trabalhar lá também?

— Claro que não. — Natália forçou um sorriso, tentando esconder o desconforto. — Eu nem trabalho nessa área, lembra?

— Ah, é que você parece tão interessada no meu trabalho que pensei que não bastava termos estudado juntas. Achei que queria trabalhar comigo também.

O sorriso de Natália desapareceu, e ela mordeu levemente os lábios, tentando conter a irritação.

Valentina, alheia à tensão entre as duas, comentou:

— Daise, ouvi dizer que a sede da TY fica longe daqui, não é?

— Sim, mas é perto da casa que vocês compraram para mim. Vou morar lá.

Samuel franziu o cenho de repente:

— A casa aqui é tão grande. Por que você vai morar fora?

Natália e Valentina se entreolharam, surpresas pela reação inesperadamente forte de Samuel.
Lanjutkan membaca buku ini secara gratis
Pindai kode untuk mengunduh Aplikasi

Bab terbaru

  • Beijos do Destino   Capítulo 30

    O tom gélido da voz de Samuel e o olhar penetrante dele perfuraram o coração de Daise como lâminas afiadas. Quando a dor se tornava insuportável, a vontade de reagir surgia."Por que Samuel está reagindo assim? Por que ele está me questionando desse jeito? Ele não sabe que eu tenho namorado?"Enquanto pensava nisso, algo dentro de Daise se rebelou. Ela tinha sua própria vida. Por que ela precisava aceitar ser interrogada dessa forma?Daise abaixou lentamente a mão que cobria o pescoço e levantou o rosto, encarando Samuel com uma calma rara. O olhar dela trazia uma serenidade que ele não esperava:— Irmão, isso é um assunto meu.— Assunto seu? — Samuel repetiu, como se tivesse ouvido uma piada absurda, e sua voz baixou para um tom quase ameaçador. — Você é da família Lopes. Você é minha irmã. Seus assuntos não são só seus!Daise não entendia. Por que, depois de cinco anos de indiferença, Samuel estava tão descontrolado? Por que ele parecia tão afetado, e sempre por causa dela? Ele a od

  • Beijos do Destino   Capítulo 29

    Daise balançou a cabeça calmamente, achando aquilo completamente desnecessário. No entanto, ela não podia negar que o gesto aqueceu um pouco seu coração.Quando se tratava de alguém importante, mesmo que ela acreditasse já ter superado tudo, bastava um pequeno gesto de gentileza para que, como uma vítima que esqueceu a dor após o cuidado do agressor, as feridas do passado fossem ignoradas.No fundo, Daise percebeu que Samuel não era completamente indiferente a ela. Ele realmente estava disposto a levá-la para comprar algo novo.— Não precisa, irmão. Ontem eu já disse, só estava brincando com vocês.Uma ideia maliciosa passou rapidamente pela cabeça de Daise:"De qualquer forma, a Natália acabou sem o colar. Não tem por que eu ficar remoendo isso."Mas Samuel não parecia disposto a encerrar o assunto. Ele mudou o rumo da conversa com naturalidade:— Não tem problema. Aliás, ainda não escolhi minha aliança de casamento. Você pode me acompanhar e dar sua opinião.As duas palavras "aliança

  • Beijos do Destino   Capítulo 28

    Naquela época, Daise ainda não conhecia Nico. Mas, ao ouvir Daise falar de forma tão casual sobre o que havia passado, Nico quase podia imaginar o quão profundo era o trauma que ela carregava.Nico comentou com um tom que misturava compreensão e uma certa previsibilidade:— Dorme. Eu vou ficar aqui te vigiando.Daise apertou levemente os lábios. Seu coração parecia envolto por algo quente e reconfortante, como se a presença dele fosse um abrigo contra o frio que sentia dentro de si.Ela fechou os olhos, e o turbilhão de ansiedade que sempre a dominava durante a noite começou a desaparecer, pouco a pouco. Em poucos minutos, sua respiração se tornou tranquila, e ela caiu em um sono sereno. Era a primeira vez que conseguia dormir tão bem sem a ajuda de remédios.Nico permaneceu sentado ao lado da cama, observando o rosto pacífico dela enquanto dormia. Seus cílios longos lançavam uma sombra suave sob os olhos, e aquela expressão tranquila deixou o coração dele completamente derretido.Ele

  • Beijos do Destino   Capítulo 27

    Nico olhou para os cantos avermelhados dos olhos de Daise e entendeu tudo na hora. Ela com certeza estava bêbada.Se fosse no dia a dia, com o jeito tímido que ela tinha, Daise jamais teria coragem de dizer que queria beijá-lo. Na verdade, ela mal conseguia trocar algumas palavras com ele sem parecer nervosa. De onde teria surgido tamanha audácia?No entanto, Nico não poupou as palavras, mantendo aquele tom provocador que lhe era tão característico:— O quê? Você nem consegue cuidar das coisas que eu te dou?Os dedos de Daise se apertaram levemente, mas ela não respondeu. Ela também se sentia inútil. Afinal, nem sequer conseguiu proteger um simples colar que alguém havia dado para ela.Antes que ela pudesse continuar remoendo o assunto, Nico já havia se abaixado e a pegado no colo, como se ela fosse leve como uma pena.O corpo de Daise enrijeceu imediatamente. Ela parecia uma coelhinha assustada, agarrando-se desesperadamente à lateral do armário de sapatos. Sua voz saiu baixa, trêmula

  • Beijos do Destino   Capítulo 26

    Natália voltou para a mesa com os olhos vermelhos de frustração. Ela agarrou o braço de Samuel e falou com a voz embargada:— Samuel, o colar sumiu! Um bêbado esbarrou em mim agora há pouco, e ele desapareceu. Manda alguém procurar pra mim, por favor!Samuel segurava um copo de uísque. Ele apenas ergueu o olhar na direção dela e respondeu com um tom frio, sem demonstrar nenhuma reação:— Perdeu, perdeu.Natália ficou paralisada por um instante, sem acreditar na resposta. Ela não esperava que ele fosse tão indiferente.O que ela não sabia era que, desde o início, Samuel não dava a mínima para aquele colar. Ele nunca fez questão de dá-lo a Natália. Simplesmente não queria que Daise o mantivesse. E agora que o colar tinha sumido, ele não se importava nem um pouco.Quando Daise chegou em casa, ela chutou os sapatos e foi direto para o banheiro, sem nem acender as luzes.O som da água enchendo a banheira ecoava pelo banheiro enquanto ela, mecanicamente, tirava as roupas e entrava na água qu

  • Beijos do Destino   Capítulo 25

    Para não correr o risco de ser rejeitada novamente pela família, Daise respirou fundo, forçando-se a engolir o nó na garganta. Ela piscou rapidamente para enxugar as lágrimas que insistiam em surgir e esboçou um sorriso rígido, forçado, nos lábios:— Não fica bravo, irmão. Eu só estava brincando com você.A pequena casca de resistência que ela havia criado em si mesma desmoronou mais uma vez. Daise voltou a se esconder dentro de sua concha tímida e submissa.Ela estendeu a caixinha do colar na direção de Natália, esforçando-se para deixar sua voz mais doce:— Cunhada Natália, olha só como esse colar combina com você. Eu realmente estava só brincando agora há pouco.Os olhos de Natália brilharam com um lampejo de triunfo, mas ela disfarçou rapidamente, fingindo estar surpresa e emocionada. Ela pegou a caixinha com um sorriso calculado:— Ai, obrigada! Você é tão gentil, Daise. Que coração maravilhoso o seu!Natália então abraçou o braço de Samuel, inclinando-se de forma manhosa:— Olha

Bab Lainnya
Jelajahi dan baca novel bagus secara gratis
Akses gratis ke berbagai novel bagus di aplikasi GoodNovel. Unduh buku yang kamu suka dan baca di mana saja & kapan saja.
Baca buku gratis di Aplikasi
Pindai kode untuk membaca di Aplikasi
DMCA.com Protection Status