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Capítulo 7

Penulis: Mary Sue
Daise não entendeu o que Samuel quis dizer. O lugar onde ela escolhia morar não deveria ter nada a ver com ele, certo?

— Mãe, eu já sou adulta. — Disse Daise em um tom baixo.

— Além disso… — Ela lançou um rápido olhar para Natália. — Meu irmão vai se casar. Há muitas coisas para organizar na casa, e eu não quero atrapalhar.

Valentina finalmente pareceu compreender e, em seguida, deu um sorriso satisfeito, segurando a mão de Daise e dando-lhe um leve tapinha:

— Parece que esses anos no exterior te ensinaram a ser muito sensata.

Valentina fez uma pausa, e seus olhos brilharam com um toque de tentativa de sondagem:

— Daise, daqui a alguns dias vou apresentar alguns rapazes bons para você conhecer, está bem?

Os dedos de Daise apertaram o guardanapo com força. Ela imediatamente rejeitou a ideia:

— Não precisa, mãe.

O silêncio tomou conta da mesa naquele instante.

Valentina ergueu as sobrancelhas, surpresa. Natália, por sua vez, ficou alerta, com o olhar cheio de suspeitas.

Samuel colocou os talheres sobre o prato, e o som do metal contra a porcelana ecoou de forma clara.

— Mãe, a senhora está indo rápido demais. — Disse Samuel, franzindo o cenho. — Daise acabou de voltar. Ela ainda é muito nova…

Valentina rebateu na mesma hora:

— Nova? Daise já vai fazer 22 anos. No seu círculo, nessa idade, as pessoas já estão começando a formar alianças familiares.

Daise percebeu a dúvida nos olhos de Valentina e sentiu um frio se espalhar por seu corpo. Ela sabia que Valentina estava a testando, tentando ter certeza de que ela havia superado Samuel, de que não havia mais qualquer sentimento inadequado.

Essa suspeita fez o estômago de Daise se contrair dolorosamente:

— Eu tenho um namorado.

As palavras saíram antes que ela pudesse pensar. O silêncio que se seguiu foi quase tangível.

Os olhos de Samuel ficaram fixos nela, paralisados, enquanto sua cabeça lentamente se virava para encará-la.

— Desde quando? — Perguntou Valentina, com um evidente tom de descrença. — Você nunca nos disse que tinha namorado.

Os dedos de Daise começaram a raspar nervosamente o bordado do guardanapo. Sempre que sua ansiedade piorava, esse tipo de gesto era inevitável.

O olhar de Samuel parecia uma lâmpada quente demais, iluminando-a de forma incômoda, como se pudesse perfurá-la:

— Namorado?

— Nós nos conhecemos em Londres. — Disse Daise, ouvindo sua própria voz soar distante, quase rouca. — Ele é brasileiro. Trabalha no mercado financeiro.

— Que coincidência. Samuel também trabalha com finanças. — Natália riu de repente, em um tom que parecia uma provocação velada. Ela tocou o braço de Samuel com familiaridade. — Parece que vocês dois têm gostos parecidos.

Daise sentiu a respiração falhar por um instante. Ela abaixou o olhar para o prato, tentando se recompor:

— É mesmo? Deve ser só coincidência.

Valentina lançou um olhar atento para Daise, como se estivesse avaliando algo, mas logo sorriu:

— Nesse caso, por que não traz ele para jantar conosco um dia? Assim conhecemos ele melhor. E você pode nos ajudar com as ideias para o casamento do seu irmão e da Natália.

— Ele está viajando a trabalho, em Nova York. — Mentiu Daise, sentindo a garganta apertar. — Talvez demore um pouco.

O som dos talheres de Samuel batendo na mesa foi mais alto desta vez. Todos na mesa se viraram para ele. Apesar da expressão calma, seus olhos estavam sombrios e sua voz saiu direta:

— Quando vocês começaram a namorar?

Daise não esperava que ele insistisse. Seus dedos começaram a tremer ligeiramente. Ela não era boa em mentir, muito menos em situações como aquela:

— Faz seis meses.

— Seis meses? — Perguntou Samuel, com um tom quase inaudível, mas carregado de algo que Daise não soube definir. — Você ainda estava em Londres naquela época?

— Sim. — Daise levantou os olhos, forçando-se a encará-lo. — Ele ia para Londres com frequência para me visitar.

A mesa mergulhou em um silêncio desconfortável, como se o ar tivesse ficado pesado de repente.

Valentina percebeu a tensão e apressou-se a mudar o rumo da conversa com um sorriso conciliador:

— Chega de interrogar a Daise. Ela acabou de voltar. Vamos comer antes que a comida esfrie.

Natália aproveitou a oportunidade para engatar outro assunto e começou a falar sobre os detalhes do casamento, perguntando a Daise sobre sugestões para a decoração.

Daise respondeu de forma automática, sem prestar atenção real na conversa. A comida em seu prato parecia papel, sem gosto, sem vida.

Depois do jantar, quando Daise estava prestes a sair, Eduardo a chamou:

— Daise, venha até o escritório comigo um instante.

Daise assentiu e seguiu para o escritório. Assim que entraram, Eduardo fechou a porta suavemente, abafando os sons da conversa na sala de jantar.

Eduardo tirou de uma gaveta um envelope de papel pardo e o entregou para Daise:

— São as coisas que você deixou comigo antes de viajar para o exterior.

Daise pegou o envelope, e seus dedos tocaram a borda dura de uma moldura dentro do pacote. Seu coração apertou instantaneamente. Era o diário dela e a foto dela com Samuel. Aquelas coisas foram o início de seus segredos sendo descobertos. O início de seus pesadelos.

— Pai…

Eduardo suspirou, colocando a mão no ombro dela com um gesto leve:

— Esses anos todos… Sua mãe se arrependeu várias vezes de ter mandado você embora.

Daise apertou o envelope com força. Sua garganta estava seca, e as palavras pareciam amargas como fel:

— Foi culpa minha. Eu cometi um erro.

— Sentimentos não têm certo ou errado. — Disse Eduardo, com um olhar profundo. — O problema é o momento… e as circunstâncias.

Ele fez uma pausa antes de continuar:

— Mas agora, Samuel já fez sua escolha.

Daise assentiu, entendendo o que ele quis dizer. Ele estava certo: ela não tinha o momento, nem as circunstâncias. Ela não tinha o direito.

— Eu entendo. Obrigada por ter guardado isso para mim, mas não preciso mais dessas coisas. Vou me livrar delas.

Ao sair do escritório, Daise quase esbarrou em alguém.

Samuel estava ali, parado. Ela não sabia há quanto tempo ele estava ali. Ele estava encostado na parede, segurando um cigarro apagado entre os dedos. Seus olhos estavam fixos nela, com um olhar pesado e indecifrável.

— O que você está segurando? — Perguntou ele.

Daise olhou para o cigarro entre os dedos dele. Samuel sempre foi disciplinado e limpo, e ela não sabia quando ele havia começado a fumar. Depois, ela olhou para o envelope em suas mãos. Sem hesitar, ela caminhou até a lixeira mais próxima e jogou o envelope ali dentro:

— Nada. Apenas lixo.

Samuel ficou em silêncio por alguns segundos. Ele girou o cigarro entre os dedos, até que o papel começou a amassar levemente:

— Você saiu escondida para arrumar um namorado?

A voz dele era baixa, mas havia uma ameaça sutil ali, difícil de ignorar.

Daise franziu a testa. A pergunta parecia absurda.

"Arrumar um namorado às escondidas? Eu nem sequer tenho o direito de gostar de você, e você também não tem o direito de interferir na minha vida. Isso, pelo menos, é algo que sempre foi justo."

Ela esboçou um sorriso frio e distante:

— Eu cresci. Posso namorar quem eu quiser. A mamãe concorda.

O termo "mamãe" saiu naturalmente de seus lábios, mas Samuel franziu as sobrancelhas de forma quase imperceptível.

Ele se lembrou de como, quando Daise era pequena, sempre chamava Valentina de "tia", com aquele tom tímido e hesitante. Agora, ela havia mudado para "mamãe". Mas, por algum motivo, ouvir isso soava extremamente desconfortável para ele.

A voz de Samuel soou novamente, desta vez com uma nota de reprovação que ele mesmo não percebeu:

— Você sabe namorar? Está só imitando os outros?

Daise ficou surpresa. Samuel nunca havia se envolvido tanto assim em sua vida. Ele sempre manteve uma distância clara, fosse para o bem ou para o mal. Ele nunca cruzava certos limites, e ela sabia que isso era por desprezo.

Mas o que era isso agora?

— Londres é bastante aberta. — Respondeu Daise, com um tom casual que ela usava para mascarar o desconforto. — Convivendo com as pessoas, eu aprendi.

Os olhos de Samuel escureceram. A palavra "aberta" parecia ter tocado um nervo sensível.

— É mesmo? — Ele deu um passo à frente, e o braço dele esbarrou no interruptor. O corredor mergulhou na escuridão quando a luz apagou. A expressão dele ficou sombria, difícil de decifrar. — Aberta? Então me conta… Como foi esse "aberto" com ele?

Havia uma raiva contida em sua voz, como se ele estivesse se esforçando para manter o controle.

Daise ergueu os olhos, confusa e assustada com o tom dele. Ela sempre teve medo de confrontos, sempre temeu explosões de raiva. Mesmo sabendo que Samuel nunca colocaria a mão nela, o medo ainda estava lá.

— Irmão… — Ela tentou falar, sua voz trêmula. — O que você quer dizer com isso?
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