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Capítulo 0002

Author: Ana Luiza Mendes
Patrícia ouviu aquelas palavras e, de tão nervosa, deixou o celular escorregar de suas mãos.

O aparelho caiu no chão, e por um momento, ela pensou ter ouvido errado.

Com o coração disparado, pegou rapidamente o telefone e, gaguejando, perguntou:

— Sr. Roberto, tem... Tem alguma coisa?

A resposta veio seca e direta:

— Você sabe muito bem.

Roberto desligou em seguida, deixando-a pálida como um papel.

Acabou.

Dessa vez era definitivo.

Era claro que Roberto queria acertar as contas com ela.

Patrícia, sem perder tempo, colocou a mala dele dentro do apartamento e voltou correndo para casa. Assim que chegou, começou a enviar currículos para outras empresas.

Exausta, depois de enviar uma leva de currículos, ela acabou adormecendo sobre a mesa. Só acordou quando o toque do celular a despertou.

Ao ver o nome de Roberto na tela, seu coração disparou. O sono desapareceu na hora. Ansiosa, atendeu imediatamente:

— Rober... Sr. Roberto!

— Onde você está?

A frieza de suas palavras fez um arrepio percorrer a espinha de Patrícia.

Ela olhou para o relógio: já eram seis e meia da tarde.

— Me desculpe, Sr. Roberto! Eu acabei dormindo e ainda não fui até aí. — Patrícia segurou a cabeça, desculpando-se imediatamente..

— Chega em meia hora.

Antes que pudesse se justificar, ele já havia encerrado a chamada.

Desesperada, Patrícia rapidamente chamou um táxi e se apressou para o local, insistindo para que o motorista acelerasse. O taxista, intrigado com sua urgência, até brincou, achando que ela estava indo flagrar uma traição.

Quando finalmente chegou, estava ofegante, à beira do colapso. Se desmaiasse bem na porta da casa dele, provavelmente Roberto a faria desaparecer sem deixar rastros!

Embora soubesse a senha da porta, preferiu seguir o protocolo e bateu antes de entrar. A porta se abriu, revelando o rosto sério, mas incrivelmente atraente, de Roberto.

Era inegável que ele era muito bonito, o que explicava o porquê de tantas mulheres, não só da Cidade A, mas do país inteiro, o considerarem um verdadeiro príncipe encantado.

— Sr. Roberto. — Disse Patrícia, com a cabeça baixa, em tom respeitoso.

A diferença de altura entre eles era evidente, e com a cabeça inclinada, tudo que Roberto via era a parte de trás de sua cabeça. Ele quase sorriu, divertido:

— Entre.

Patrícia o seguiu para dentro, notando que o humor dele parecia estar particularmente bom.

“Talvez ele esteja satisfeito com o projeto do resort. Será que é uma boa oportunidade para me desculpar? Se ele me perdoar, posso manter meu emprego.”

Ela não queria de jeito nenhum perder essa vaga.

Naquela tarde, ao enviar currículos, percebeu que os cargos em outras empresas não eram compatíveis e que os salários oferecidos eram a metade do que ganhava no Grupo Santana.

Além disso, Patrícia não era a secretária principal de Roberto, apenas uma funcionária do departamento de secretariado. Uma peça facilmente substituível.

Basta uma palavra de Roberto, ela poderia simplesmente ser demitida, sem direito a questionar.

Afinal, ela era dispensável.

— Sr. Roberto, por favor, não me demita! Eu juro que, se o senhor não quiser me ver, eu desapareço da sua frente. Pode até me transferir para algum departamento remoto, eu faço qualquer trabalho. Só não quero sair do Grupo Santana... — Patrícia implorava, com lágrimas nos olhos.

Ela realmente não queria perder seu emprego dos sonhos no Grupo Santana.

— Eu disse que ia te demitir? — Roberto virou-se para encará-la.

Diante dele, estava uma mulher com o rosto corado e os olhos brilhando de lágrimas, parecendo extremamente vulnerável.

A visão mexeu com algo dentro dele. A lembrança da noite anterior ainda o fazia sentir um calor no corpo, e ele precisou engolir seco, lutando contra os pensamentos que vinham à mente.

— Ei? — Patrícia ergueu os olhos de repente e encontrou o olhar penetrante de Roberto.

Havia algo predatório em seus olhos que fez o coração dela disparar. Ela não conseguia decifrar o que ele estava pensando.

Espera aí!

Será que ele realmente não planejava demiti-la?

Mas então, por que a chamou?

Será que queria repreendê-la em particular?

— Você tem namorado? — A pergunta inesperada a fez despertar de seus pensamentos.

— Não... — Respondeu, um tanto confusa, balançando a cabeça.

Era verdade, ela estava solteira. Desde que terminou com Fabiano, não havia ninguém em sua vida.

Roberto assentiu levemente. Ele já esperava por essa resposta. Afinal, ela era virgem, e isso ele pôde confirmar na noite passada.

— Amanhã às nove da manhã, vá ao cartório comigo. — Sua voz era calma e firme.

Patrícia piscou, atônita, tentando processar o que ouvira. Por um segundo, achou que ele a estava mandando para a delegacia, mas... o cartório?

— Sr. Roberto, por que vamos ao cartório? — Perguntou, confusa.

— Se casar.

Ele se aproximou, encurralando-a contra o sofá. Patrícia, em um reflexo, perdeu o equilíbrio e caiu sentada.

Em seguida, ela sentiu que a luz à sua frente era ofuscada por uma sombra escura. Patrícia não imaginava que teria uma segunda noite com Roberto.

Do sofá ao quarto, roupas foram espalhadas pelo caminho.

Patrícia não sabia se deveria rir ou chorar.

Roberto realmente a havia "repreendido" em particular, mas o tipo de "repreensão" precisava mesmo de aspas.

— Sr. Roberto, por que o senhor quer se casar comigo? Não precisa se sentir responsável...

Ela queria dizer que, na verdade, tudo tinha sido planejado por ela para seduzi-lo, mas ele parecia achar que a noite passada fora um acidente.

— Preciso de alguém para casar-se. Você é a mais adequada.

Na manhã seguinte, às nove e meia, depois de passar em seu apartamento para pegar os documentos, os dois foram ao cartório.

Ao sair pela porta do cartório, com o certificado de casamento em mãos, Patrícia sentiu como se estivesse vivendo um sonho.

Ela realmente havia se casado com Roberto?

Casou-se com seu chefe em um casamento relâmpago?

Claro, ela já entendia o verdadeiro motivo por trás da decisão de Roberto: não era porque ele se sentia responsável por ela, mas sim para aliviar a pressão do seu pai, Rildo Santana, que o estava pressionando para se casar.

No entanto, no ambiente de trabalho, tudo permanecia igual. Ela continuava sendo apenas uma pequena secretária no departamento administrativo, e o casamento deles era um segredo absoluto.

Na realidade, o casamento de Patrícia e Roberto não era algo convencional. Ambos assinaram um acordo pré-nupcial, deixando claro que se tratava de um casamento contratual.

Roberto fornecia o apoio financeiro, Patrícia, por sua vez, cumpria suas exigências.

Era uma relação de benefício mútuo.

— Você tem meio-dia de folga. Vá para casa, arrume suas coisas e mude-se para a Mansão das Águas Tranquilas. — Ordenou Roberto, enquanto a deixava em frente ao prédio onde ela alugava seu apartamento. Depois, partiu direto para o escritório.

Patrícia não tinha muita bagagem, então logo terminou de arrumar tudo. Quando desceu com as malas, estava prestes a chamar um táxi, mas avistou uma figura familiar.

Era Enzo Vieira, o assistente pessoal de Roberto.

— Sr. Enzo? — Patrícia ficou surpresa.

Enzo aproximou-se imediatamente e pegou sua bagagem com eficiência.

— Sra. Santana, o Sr. Roberto pediu que eu a levasse.

Patrícia sentiu um frio na espinha ao ouvir o novo título e não conseguiu esconder o desconforto.

— Sr. Enzo, pode continuar me chamando de Secretária Patrícia. Meu casamento com o Sr. Roberto é sigiloso, apenas um acordo entre nós. — Explicou, sorrindo timidamente.

Na empresa, Enzo era respeitado quase tanto quanto Roberto. Muitos o apelidavam de Grande Intendente pelas costas, mas nunca deixavam de tratá-lo com reverência.

Agora, vê-lo carregando sua mala e agindo de forma tão subserviente deixava Patrícia completamente sem jeito.

— Certo, Secretária Patrícia. — Respondeu Enzo, mantendo-se sério, mas concordando com o pedido.

No entanto, o tom de respeito em sua voz era inconfundível.

— Sr. Enzo, relaxe um pouco, tá bom? — Sugeriu Patrícia, tentando aliviar o clima.

— Sim, senhora. — Respondeu Enzo, mas continuava tão formal quanto antes.

Patrícia desistiu de insistir.

Ao chegar à Mansão das Águas Tranquilas, Patrícia começou a organizar suas coisas, mas foi interrompida por uma mensagem no celular. Era de Fabiano:

[Paty, você já voltou para a Cidade A? Quando podemos conversar pessoalmente?]

[Já preparei o presente de casamento, não quero que você tenha nenhuma despesa. Posso te entregar pessoalmente, tudo bem?]

[No dia do casamento, só preciso que você esteja presente. O dinheiro do vestido e todas as despesas ficam por minha conta!]

Despesas reembolsadas?

Patrícia não pôde conter uma risada de incredulidade.

Respondeu com uma mensagem curta e direta:

[Certo. Meio-dia, no Star Café.]

Perfeito. Ela encontraria Fabiano e, em seguida, seguiria para o trabalho, já que o capitalista impiedoso que era Roberto só lhe concedera meio-dia de folga.

Quando Patrícia chegou ao café, Fabiano já estava lá, ansioso, segurando um presente.

Ao vê-la, ele rapidamente o entregou, mas Patrícia apenas sorriu calmamente:

— Fabiano, obrigada pelo presente de casamento. Por coincidência, hoje me casei. Veio na hora certa.

— O quê? — Fabiano ficou incrédulo, seus olhos arregalados de surpresa.
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