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capítulo 2

Author: Dulcezinha
À noite, quando o jantar começou, meu pai ergueu a taça com entusiasmo diante dos convidados:

— Bian vai se casar em breve. Todas as minhas empresas imobiliárias passarão para o nome dela como dote de casamento.

O rosto de Bianca se iluminou de alegria ao ouvir isso.

Minha mãe, revoltada, protestou:

— E a Lorena? Ela também vai se casar.

— Lorena vai se casar com o Leonardo. Com sorte, sobrevive. Não faz sentido desperdiçar dote com ela. — Respondeu meu pai, sem nem pensar.

Mesmo já sabendo que, no coração dele, eu não valia nem um fio de cabelo da minha irmã, ouvir da boca dele que minha vida era descartável ainda me machucava.

Minha mãe, com os olhos marejados, se preparava para discutir. Segurei o braço dela:

— Mãe, deixa pra lá. Eu não preciso de nada que venha deles.

O jantar seguia, até que Francisco apareceu no final, vestindo um terno feito sob medida.

Na frente de todos, tirou uma pulseira de jade verde, reluzente, com um brilho discreto e luxuoso, e a entregou a Bianca:

— Bian, é pra você. Pra celebrar sua recuperação.

Os olhos de Bianca brilharam ao ver a joia, mas ela fingiu recusar:

— Francisco, isso é caro demais...

Francisco ignorou e colocou a pulseira no pulso dela:

— Nada no mundo tem mais valor pra mim do que você.

Alguém com olhar atento reconheceu a pulseira como sendo a herança da família Montelo, tradicionalmente passada à esposa do herdeiro.

— Essa pulseira representa o status de Sra. Montelo. Se foi dada à Srta. Bianca, então… e a Srta. Lorena?

— O Sr. Francisco e a Srta. Bianca sempre foram apaixonados. Agora que ela está recuperada, é justo que reassuma o lugar que sempre foi dela.

— Então a Srta. Lorena vai ser rejeitada?

Sem querer ouvir mais nenhum comentário, me afastei discretamente da festa e fui até o jardim dos fundos.

Mas Bianca veio atrás.

À luz da lua, ela girava a pulseira no próprio pulso e me lançou um olhar de desprezo:

— O que é meu, continua sendo meu. Você achou que podia se aproveitar enquanto eu estava fora de mim? Sonhou alto demais.

Ela estava enganada. Nesta vida, eu não queria mais nada que viesse dela. Só queria observar, em silêncio, enquanto ela se destruía sozinha.

— Papai já me contou. Você vai se casar com o Leonardo, aquele estéril e temperamental. — Bianca suspirou, fingindo pena. — Só de pensar que não vou mais poder me divertir às suas custas, que desperdício.

Sem vontade de discutir, virei as costas e me preparei para ir embora.

Mas, de repente, Bianca agarrou meu pulso e, num movimento rápido, se jogou na piscina ao lado.

— Socorro! Socorro!

Os gritos dela atraíram todos os convidados.

Francisco foi o primeiro a chegar. Sem pensar duas vezes, pulou na água e a tirou de lá.

Encolhida nos braços dele, Bianca falou com voz trêmula, cheia de mágoa:

— Vi minha irmã triste e quis confortar ela, mas ela me empurrou na água.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Francisco se virou e me deu um chute, jogando-me também na piscina. Depois, saiu levando Bianca nos braços.

Demorei para conseguir sair da água, molhada dos pés à cabeça.

Meu pai chegou logo em seguida. Sem hesitar, me deu um tapa no rosto:

— Quanta maldade! Nem a própria irmã você poupa? Vá para o templo da família e fique ajoelhada refletindo! Quem ousar interceder por ela, será punido junto!

Com o rosto ardendo e inchado, olhei para minha mãe e balancei a cabeça, pedindo que não dissesse nada.

No templo ancestral, minha mãe chorava baixinho ao meu lado.

— Lorena, foi culpa minha. Seu pai não gosta de mim, por isso também não gosta de você.

Com os olhos vermelhos, continuei ajoelhada, com a coluna ereta:

— Se eles não gostam de mim… então eu também não preciso gostar deles.

Três dias depois, minha mãe usou a desculpa de preparar meu dote para convencer meu pai a me deixar sair do castigo.

Na joalheria, ela mandou trazer um par de brincos de diamante rosa e os aproximou das minhas orelhas:

— Ainda bem que guardei algum dinheiro esses anos, assim posso te dar um enxoval decente. Pelo menos ninguém vai te ridicularizar na casa dos Zuanetti.

Sorri levemente e balancei a cabeça. Aqueles objetos nunca foram importantes pra mim.

Foi então que Bianca e Francisco entraram na loja. Ela apontou para os brincos diante de mim:

— Esses brincos… eu quero.
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