Capítulo 4

De repente, uma comoção surgiu na entrada do salão, chamando a atenção de todos os presentes.

— Onde está a Alice? Faz dias que não consigo falar com ela. O que fizeram com ela?

A voz era de Melissa, minha única melhor amiga. Desde meu desaparecimento, ela foi a única que realmente se preocupou comigo.

— Onde está Alice? O que você fez com ela? — Ela avançou até Vinícius, com a voz trêmula.

— Eu a joguei nas profundezas da floresta. Ela teve a audácia de me trair. Como teve coragem? — Vinícius, tomado pela raiva, exalava uma aura assassina.

— Você tem noção de que isso pode matá-la? Como você pôde fazer isso?

— Já mandei levarem suprimentos. Como ela poderia morrer? Além do mais, ela precisava aprender a lição! — Vinícius franziu a testa e chamou os seguranças. — Levem esta louca igual à Alice embora.

Eu só pude assistir, impotente, enquanto Melissa era arrastada para fora. O mais surpreendente é que ninguém no salão ousou dizer uma palavra. O jantar de caridade prosseguiu conforme planejado.

Ao fim da noite, Vinícius ganhou a reputação de bondoso e gentil. Laís permaneceu publicamente ao lado dele, enquanto eu fui completamente esquecida.

Como um fantasma, segui Vinícius até a empresa e, depois, de volta para casa.

Observei-o saborear, com os olhos carregados de ternura, a comida feita por Laís.

Às vezes, o sorriso dele parecia me atravessar os olhos como um espinho, mas não havia escapatória, só me restava suportar aquela tortura emocional lenta e agonizante.

No quinto dia em que fui deixada na floresta, Vinícius finalmente lembrou-se de mim. Ele ligou para os seguranças que cuidavam da entrada da selva, pedindo que me trouxessem de volta.

Em menos de meio dia depois, eles telefonaram, em pânico.

— Sr. Vinícius, procuramos por toda parte e não encontramos a Sra. Alice. Houve uma tempestade forte há alguns dias, e nem os cães conseguiram detectar o cheiro dela.

— Então não procurem mais. — Vinícius piscou os olhos, depois soltou um sorriso frio. — Essa desgraçada deve estar me desafiando. Se quer continuar presa, então que fique lá por mais um tempo.

— Sr. Vinícius, a situação realmente não parece normal, talvez devêssemos...

— Estão com medo de quê? Acham que Alice poderia estar em perigo? Vocês inspecionaram a floresta, certo? Embora haja alguns animais selvagens, eles não atacam sem que sejam provocados. Isso é só uma artimanha dela.

Sem alternativas, os seguranças desistiram.

Após desligar o telefone, Vinícius parecia cada vez mais convencido de que eu estava apenas fazendo birra. Então ligou para o advogado:

— Advogado Reinaldo, redija um acordo de divórcio. Isso mesmo, quero me divorciar da Alice. Essa mulher me enganou, me traiu. Quero que ela saia de mãos vazias.

Após desligar o telefone, ele finalmente pareceu respirar aliviado.

Na sua mesa, estavam as fotos dele com Laís.

Ele nunca olhou para mim e agora me descartava como se eu fosse lixo. Eu sentia raiva, uma vontade insana de invadir o local e rasgar a cara dos dois. Mas agora eu não passava de um espírito errante, impotente para qualquer ação.

Vinícius terminou o trabalho e voltou para casa mais cedo.

Bastou Laís ligar e dizer que estava com saudades dele para ele largar tudo.

Sete dias após me largar na floresta, Vinícius novamente ordenou aos seguranças que me resgatassem. Mas, mais uma vez, não encontraram vestígios meus.

Desta vez, seus olhos, finalmente, reagiram e esboçaram alguma emoção.

Ele foi pessoalmente ao local.

— Sr. Vinícius, verificamos todos os lugares que não havíamos inspecionado antes, e ainda assim não encontramos a Sra. Alice. — Os seguranças, aterrorizados, relataram.

Vinícius decidiu imediatamente que iria pessoalmente procurar por mim pelas montanhas. Não demorou muito para que ele encontrasse a caverna onde eu estava temporariamente abrigada.