Com a Traição da Minha Irmã, Encontrei a Morte, e Ele a Loucura

— E então, Alice tem se comportado bem enquanto está presa?

— Pode ficar tranquilo, Sr. Vinícius. Temos vigiado o tempo todo. Ninguém saiu. Só que, no segundo dia, ouvimos um grito terrível. Depois disso, não houve mais nenhum som.

Vinícius Fonseca trazia no rosto um misto de desprezo e sarcasmo.

— Ela vai ficar bem. Ela teve a audácia de fingir ser a irmã mais nova da minha Laís. Foi por causa dela que Laís morreu! Eu vou fazer ela sofrer mais do que a própria morte.

Quem o visse falar assim acreditaria que eu era sua inimiga mortal. Mas quem diria que, na verdade, eu era sua esposa há três anos. E o que ele não sabia é que eu já estava morta. E mesmo depois de morta, a minha alma estava presa ao lado dele.

Vinícius subiu no helicóptero e partiu, deixando aquele lugar. Ao lado dele, do alto, vi a floresta onde o meu corpo jazia. A floresta era sufocante, coberta por árvores densas e sombras espessas, exatamente como minha vida, sem luz e sem ar.

Por que ele não conseguia me deixar em paz? Eu já havia concordado em me divorciar. Por que ainda assim ele não me deixou ir? Seria simplesmente porque eu não pude doar meu rim para Laís?

Um ano atrás, Laís voltou ao país. Ela era o grande amor da vida de Vinícius, a mulher que ele nunca esqueceu. E foi justamente por ela ter partido para o exterior que eu, tentando consolar seu coração partido, consegui me aproximar dele. Mas o retorno de Laís destruiu tudo. Vinícius voltou a só ter olhos para ela e estava disposto a se divorciar de mim só para ficar ao lado dela.

Foi então que Laís lhe contou que sofria de insuficiência renal grave e que a única solução seria um transplante.

Vinícius percorreu hospitais dentro e fora do país, buscando alguma esperança, em vão.

E foi naquele momento que ele lembrou de mim.

Um ano antes, ele já havia me pedido o divórcio, mas eu não aceitei. Desde então, nós já não nos víamos. De repente, ele voltou, gentil como antes, como se quisesse recomeçar. Ingenuamente, acreditei que ele havia mudado. Mas logo descobri que o verdadeiro motivo do seu retorno era porque ele queria que eu doasse um rim para Laís.

— De qualquer forma, você tem dois rins. Qual o problema em dar um para a sua irmã?

Quando recusei, ele mudou de expressão.

— Como pode ser tão egoísta? Ela é sua própria irmã! Como pode recusar doar um rim para ela?

Ele tentou me convencer, dizendo que, se eu aceitasse, viveríamos bem juntos.

Por fim, deixei-me levar por suas promessas e palavras doces, e acabei cedendo.

Fui ao hospital fazer o teste de compatibilidade. Mas o resultado mostrou que eu e Laís não éramos irmãs biológicas.

Quando Laís tinha quatro anos, ela desapareceu. Arrasados, os meus pais acabaram me adotando.

Ninguém esperava que, ao atingir a maioridade, Laís fosse encontrada e apresentasse um teste de DNA confirmando que era realmente filha deles. Meus pais ficaram eufóricos, radiantes, queriam compensar todos os anos de sofrimento que ela tinha passado.

Não importava o quanto eu tentasse explicar isso para Vinícius, ele se recusava a ouvir, acreditando que eu queria prejudicar Laís.

Laís sabia da verdade, mas mesmo assim quis tentar, na esperança de sermos compatíveis. Quando o resultado deu negativo, ela ficou desiludida. Deixou uma carta de despedida para Vinícius e desapareceu, indo para o exterior.

Vinícius estava convencido de que eu era responsável pela morte da Laís. E, tomado pelo ódio, me empurrou para as profundezas daquela floresta selvagem.

Nem mesmo depois de morta, pude descansar em paz. O meu espírito ficou preso a ele.

Ao retornar para nossa casa, Vinícius foi direto ao quarto limpar o retrato de Laís. Mas, de repente, um barulho vindo do andar de baixo ecoou.

Ao descer, viu que Laís estava de volta.