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Capítulo 6

Author: Nuvem
Quando ouviu a pergunta, o rosto de Leonardo se contraiu por um instante, como se tivesse sido pego em flagrante. Depois de alguns segundos de hesitação, ele segurou a mão dela com aquele jeito carinhoso de sempre e murmurou:

— Olha, Julia, o empresário da Camila veio me procurar mais cedo dizendo que a situação da família dela está bem complicada mesmo, ela não tem condições de pagar essa multa astronômica. Que tal a gente deixar ela terminar só este trimestre como porta-voz? Prometo que no próximo período trocamos na mesma hora, sem discussão.

Cada palavra foi como gelo derretendo nas veias de Julia, fazendo seu coração desabar aos pedacinhos até não sobrar nada além de frieza.

Então era isso. No final das contas, ele não conseguia mesmo abandonar Camila.

Ela mordeu o lábio inferior até sentir gosto de sangue, forçando um sorriso que mais parecia uma careta de dor.

— Faz o que seu coração mandar. — Sem mais delongas, o empurrou para longe e se acomodou na cama hospitalar, lhe dando as costas como uma muralha gelada. — Estou exausta, só quero dormir agora.

Leonardo ficou parado ali, sem saber como reagir.

Sabia que os eventos do dia tinham ferido ela profundamente, então se aproximou com certa culpa corroendo o peito e a envolveu por trás num abraço apertado, como se pudesse colar os pedaços quebrados.

"Depois eu compenso ela direito", pensou, tentando acalmar a própria consciência.

...

Na manhã seguinte, Leonardo cancelou todos os compromissos e dedicou cada minuto do dia para cuidar dela com uma atenção que beirava o obsessivo.

Mas Julia permaneceu impassível como uma estátua de mármore, recebendo os cuidados sem demonstrar um pingo de gratidão ou emoção.

Quando chegou a hora de ir trabalhar, ela simplesmente se levantou e anunciou que estava indo. Era dia da sessão de fotos.

...

O estúdio fotográfico estava um caos barulhento quando eles chegaram, com música eletrônica estourando nos alto-falantes e uma equipe de produção correndo de um lado para o outro.

Leonardo envolveu Julia com o braço, franzindo o cenho numa demonstração pública de proteção.

— Ei, pessoal, abaixa esse volume! Minha esposa não aguenta barulho excessivo.

Seus olhos experientes varreram o ambiente e logo notaram as janelas escancaradas, com fiapos de algodão dançando no ar. Conhecendo a rinite alérgica de Julia melhor que ela mesma, gesticulou impaciente para os assistentes:

— Fechem essas janelas imediatamente, por favor.

...

A equipe inteira observava aquela cena de cuidado excessivo com uma mistura de inveja e admiração. Era público e notório como Leonardo tratava Julia feito uma boneca de porcelana, antecipando cada desconforto antes mesmo dela perceber.

Sempre foi assim desde que se conheceram, bastava Julia contrair levemente as sobrancelhas para ele decifrar o que estava incomodando ela.

Mas agora, aqueles gestos de atenção não provocavam nem um tremor no coração de Julia.

Ela não tinha mais paciência para continuar representando o papel da esposa apaixonada.

— A sessão vai começar, preciso entrar para os preparativos. — Ela anunciou, com frieza.

Leonardo apertou a palma da mão dela entre os dedos, numa tentativa desesperada de resgatar alguma intimidade.

— Vai tranquila, amor. Fico aqui do lado te esperando.

Julia soltou um sorriso, mas no exato momento em que se virou para entrar no estúdio, aquela máscara desabou, revelando uma expressão fria.

Helena se aproximou para fazer o briefing das fotos enquanto segurava a porta do estúdio. Foi então que uma voz masculina ecoou lá de dentro, carregada de uma ternura:

— Meu amor, para de fazer esse drama todo, tá? Quando eu terminar essa sessão chata, passo na sua casa para te fazer companhia a noite inteira. Vou compensar você por ter falado grosso ontem. Prometo que nunca mais vai rolar uma situação dessas.

Era a voz de Leonardo, mas disfarçada o suficiente para quem não conhecesse intimamente suas nuances vocais.

O sangue de Julia gelou nas veias enquanto seus punhos se fechavam com uma força que fez os ossos estalarem.

As promessas que ele havia feito para ela ainda ecoavam frescas em sua memória, "nunca mais vai acontecer uma coisa dessas", e mal doze horas haviam se passado antes da amante dele voltar a pisar em sua dignidade.

Com passos lentos e calculados, Julia se dirigiu até a área de descanso, onde avistou Camila acomodada num sofá de couro, brincando com um gato persa de pelo sedoso.

— Juju, o papai tem a voz mais linda do mundo, não tem? — Ela murmurava para o animal, fazendo carinho atrás das orelhas dele. — Hoje à noite ele vem dormir com a gente, que alegria!

Juju?

Helena, que já era conhecida pelo temperamento explosivo e pela lealdade cega à Julia, marchou até lá com o rosto vermelho de indignação.

— Srta. Camila, estamos em pleno horário de trabalho profissional, que ideia brilhante foi essa de arrastar um bicho para cá? — Ela rosnou com sarcasmo venenoso. — E de onde veio esse nome ridículo para o gato?

Camila ergueu os olhos com uma expressão de falsa inocência, coçando delicadamente o queixo do felino enquanto lançava olhares provocativos na direção de Julia.

— Ah, a Srta. Julia está aqui também! — Ela exclamou com entusiasmo teatral. — Olha só como a Juju é bem comportadinho, não incomoda ninguém, fica quietinha no cantinho. Tenho certeza de que não vai atrapalhar o trabalho.

— Você... — Helena franziu o cenho.

Julia a impediu, olhando com frieza para Camila.

— A Juju foi um presente carinhoso de alguém muito querido, para eu não me sentir sozinha nos momentos difíceis. Fiquei preocupada de deixar ela em casa sozinha e acontecer algum acidente, por isso trouxe. Uma pessoa generosa como a Srta. Julia certamente não se importa com um gesto tão inocente, não é mesmo? — Disse Camila, sorrindo.

Alguém muito querido? Era Leonardo, obviamente.

Julia conseguia sentir cada palavra como uma agulha sendo espetada em feridas abertas, a provocação mal disfarçada na voz melosa da garota.

O irônico era que ela sempre havia sonhado em ter um gato, mas Leonardo, com sua obsessão por limpeza e ordem, nunca conseguiu tolerar a ideia de dividir a casa com um animal. Por mais que ela implorasse com os olhos, ele se mantinha inflexível.

Lembrava-se de quando ele descobriu aquela vontade dela e, derretendo de culpa, a havia abraçado dizendo como ela era compreensiva e generosa por abrir mão de seus desejos.

Agora o mesmo Leonardo havia comprado um gato de raça para a amante...

A respiração de Julia saía entrecortada, como se o ar tivesse virado vidro moído em seus pulmões.

Camila, claro, não ia desperdiçar uma oportunidade dourada dessas. Ela se levantou com o gato persa no colo, exibindo como um troféu.

— Soube que a Srta. Julia adora felinos, mas o Sr. Leonardo nunca comprou um para você, não é? — Ela perguntou, com falsa preocupação. — Que tal fazer um carinho na Juju? Ela é muito dócil e carinhosa!

Julia estreitou os olhos até virarem duas fendas perigosas, encarando o animal com uma calma que prenunciava tempestade.

— A Srta. Camila realmente tem um talento especial para escolher nomes. — Julia murmurou com uma voz suave que gelava o sangue. — Juju é realmente um nome encantador, e a gata é linda, bem educada e obediente.

A pausa que se seguiu foi carregada de eletricidade.

— O problema é que a dona dela não faz jus a tanta perfeição. Afinal, falta inteligência, sobra pretensão e ainda tem a audácia de se esquecer da própria posição. — Julia se aproximou um passo, a voz baixa, mas cortante como vidro. — Não me interessa como outras empresas toleram esse tipo de comportamento, mas aqui, na minha empresa, você vai seguir minhas regras sem questionamento! Tire esse animal daqui agora mesmo e vá fazer o trabalho pelo qual está sendo paga.

O rosto de Camila passou por um caleidoscópio de cores, vermelho de raiva, verde de inveja, branca de medo, enquanto ela tentava processar como seus planos de humilhação haviam se voltado contra ela.

Ela havia apostado que Julia perderia a compostura e faria um escândalo, mas em vez disso se deparou com uma adversária fria e calculista.

— Que satisfação! — Murmurou alguém da equipe. — Vocês viram a cara da Camila mudando de cor?

— Eu já estava farta daquele jeitinho de princesinha mimada. — Concordou outro. — Quem ela pensa que é para querer humilhar nossa Srta. Julia?

O rosto de Camila escureceu como borra de café.

Julia lhe lançou um último olhar de desprezo e sorriu com frieza.

— Srta. Camila, se não está satisfeita com as condições de trabalho, se sinta livre para romper o contrato. Vou estar aguardando ansiosamente pelos trinta milhões de reais da multa.

Diante daquela ameaça concreta, Camila não teve escolha senão engolir o orgulho e retirar a gata do ambiente, sob os risos discretos da equipe.

A sessão de fotos transcorreu sem mais incidentes, e Julia estava conversando com o fotógrafo sobre os últimos ajustes quando um dos assistentes veio correndo.

— Srta. Julia, tem uma emergência no banheiro!

Pressentindo problemas, Julia se dirigiu rapidamente ao local indicado, onde encontrou Camila e Helena em uma discussão acalorada que estava escalando perigosamente.

Conseguiu chegar bem no momento em que Camila erguia a mão numa tentativa clara de agredir a assistente.

— Pare com isso agora mesmo! — Julia gritou com autoridade.

Mas Camila, cega de raiva por ter sido humilhada publicamente, ignorou a ordem e deu um tapa sonoro no rosto de Helena, como se quisesse descontar toda sua frustração acumulada.

Helena, que nunca havia levado desaforo para casa, reagiu instintivamente com outro tapa ainda mais forte.

— Aiiii! — Camila gritou dramaticamente.

O rosto dela inchou na mesma hora e ela desabou no chão como uma boneca de porcelana quebrada, batendo a cabeça de leve na parede de mármore para adicionar um toque teatral à performance.

Julia e Helena ficaram paralisadas pela surpresa.

Foi naquele exato momento que Leonardo surgiu como um furacão, a voz carregada de uma fúria mal contida:

— Que diabos está acontecendo aqui?

Ao ver Camila caída no chão como uma vítima indefesa, seu coração disparou numa mistura de pânico e indignação protetiva.

Percebendo a deixa perfeita, Camila encheu os olhos de lágrimas cristalinas e olhou para Leonardo com uma expressão de mártir:

— Me desculpa, Leonardo. — Soluçou com voz quebrada. — Não devia ter contrariado a Helena, foi culpa minha mesmo. Prometo que nunca mais vou me defender quando me agredirem.

Era o modus operandi clássico dela. Algumas lágrimas estratégicas e a culpa magicamente se transferia para os outros.

Julia apertou os punhos até as unhas cravarem na palma das mãos.

Leonardo olhou para os olhos úmidos de Camila e sentiu o peito se apertar de compaixão. Por instinto, quis se ajoelhar para ajudá-la, mas a presença de Julia o fez hesitar, então gesticulou para que um dos funcionários a ajudasse a se levantar.

Em seguida, ele se virou para Helena com um olhar que poderia derreter aço.

— Você agrediu uma funcionária e não pretende se desculpar? Independente de qualquer coisa, ela é a porta-voz oficial da nossa empresa. Como você pode justificar uma agressão física? Se isso vazar para a imprensa, nossa reputação vai pelos ares! Peça desculpas, ou vou ser obrigado a aplicar o regulamento disciplinar e te dispensar por justa causa!

Quando Leonardo se irritava de verdade, toda sua presença se transformava numa força intimidadora que fazia pessoas crescidas tremiam nas bases.

Helena ficou pálida como papel, mas a simples ideia de se humilhar diante daquela víbora fez seu estômago se revirar de nojo.

Julia não conseguiu suportar mais aquela farsa. Tocou levemente o braço de Leonardo e murmurou seu nome numa tentativa de intervenção.

Percebendo a oportunidade de ouro, Camila secou as lágrimas de forma teatral e sussurrou com voz embargada:

— Não precisa, Sr. Leonardo, por favor... Sou apenas uma artista sem nome e sem valor, é normal as pessoas me desprezarem e me baterem. Não vale a pena você brigar com a Srta. Julia por uma pessoa insignificante como eu.

Essas palavras fizeram o coração de Leonardo se despedaçar de culpa e indignação.

Ele segurou a mão de Julia com mais firmeza e murmurou com voz suave, mas inflexível:

— Julia, para de proteger a Helena. O que aconteceu hoje não pode passar em branco, senão nossa credibilidade como empresa vai para o espaço. Se isso vazar, vamos virar piada no mercado. Dessa vez, me deixa resolver isso do meu jeito, está bem?

Ao ouvir aquelas palavras, Julia sentiu como se uma lâmina gelada tivesse atravessado seu peito, deixando-a sem ar e sem reação.

Que linda justificativa! Pela credibilidade da empresa?

Na verdade, ele só não suportava ver sua preciosa amante sendo confrontada.

Leonardo, pelo menos, tinha noção da cara de pau que estava fazendo naquele momento?

Julia respirou fundo, lutando contra a dor que ameaçava destruí-la por dentro, depois retirou a mão dele e se posicionou protetivamente na frente de Helena.

Com movimentos calculados, tirou o celular do bolso. Então encarou Camila, que continuava sua performance de vítima inocente.

— Que coincidência interessante. — Julia murmurou com uma calma perigosa. — Acabei de capturar uma imagem bem reveladora aqui no celular. Se isso vazar nas redes sociais, imagino que vai gerar uma polêmica considerável, não acham?

O rosto de Camila perdeu toda a cor numa fração de segundo, seus olhos se fixando no aparelho.

Será que Julia havia fotografado o momento em que ela agrediu Helena primeiro?

Leonardo franziu as sobrancelhas, claramente confuso e preocupado.

— Que foto é essa, Julia? Me deixa ver.

Julia observou Camila entrar em pânico total e sorriu com satisfação.
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