Grávida Sequestrada: A Escolha do Meu Marido

Quando Afonso me esfaqueou pela quinta vez, o sangue vermelho encharcou meu vestido branco.

Afonso pressionou a faca ensanguentada contra meu pescoço vulnerável:

– Ligue para José Rocha.

Hesitei por um momento e, com o rosto pálido, disquei o número.

– Estou sendo mantida refém por Afonso, ele já me esfaqueou cinco vezes, estamos no terraço do nosso condomínio. Venha rápido me salvar.

Do outro lado, José ficou em silêncio por alguns segundos. O tom não era preocupado, mas sim frio e indiferente:

– Que coincidência, hein? Bem no momento em que Cecília tenta se matar, você é esfaqueada.

– Você está sendo mantida refém pelo Afonso? Eu fui cuidadoso com o endereço da nossa nova casa, como ele descobriu?

– Da próxima vez que for inventar uma história dessas, pelo menos pense em uma mentira menos óbvia, pode ser?

As palavras geladas vindas do telefone intensificaram o ódio nos olhos enrugados de Afonso, que apertou ainda mais a faca contra minha pele.

Um corte profundo se abriu no meu pescoço.

O medo quase me fez desabar em lágrimas, mas me esforcei para manter a calma:

– Não quero impedir que você salve Cecília Costa. Se não confia em mim, mande dois colegas virem conferir...

– Chega! – José me interrompeu, impaciente. – Pare com o teatro, não tenho tempo pra isso. Preciso ir salvar a Cecília.

Ele fez uma pausa e ordenou à telefonista:

– Registre esse “caso de esfaqueamento” como falso. Não importa quem ligue, não atendam.

A chamada foi brutalmente encerrada.

O ódio nos olhos de Afonso se intensificou, e o desespero tomou conta de mim.

Nunca imaginei que José pudesse ser tão cruel.

Na vida passada, quando fui sequestrada por Afonso, também levei cinco facadas nas primeiras horas.

Com medo de perder o bebê, liguei sem parar implorando para José vir.

Ele cedeu aos meus apelos e veio me salvar.

Cecília, ao saber disso, entrou em colapso e ateou fogo ao apartamento, morrendo nas chamas.

À noite, percebi que José estava estranho e perguntei se estava chateado.

José, de repente amável, acariciou minha barriga:

– Como eu poderia estar bravo com você? Se ela morreu, foi porque mereceu. Fique tranquila e descanse para o parto.

Naqueles dias, José cuidou de mim com todo o zelo. Achei que ele finalmente tinha mudado.

Até o dia do parto, quando ele me amarrou na cama, os olhos vermelhos de raiva, e esfaqueou nosso bebê dezenas de vezes diante de mim, dizendo que queria que eu pagasse pelo que aconteceu com Cecília!

– Não foi só um corte de faca? Você não ia morrer. Por que me obrigou a ir te salvar?

– Se você não tivesse mentido, eu não teria saído. Fui um idiota por acreditar em você.

– Ela morreu sozinha, sempre teve medo de ficar só. Imagine o desespero dela.

– Yasmin Silva, você sempre quis um filho, não é? Agora vai sentir o que é perder quem mais ama!

José desferiu golpe após golpe, até o corpinho do bebê ficar irreconhecível.

Eu tentei explicar o perigo que corri, mas só consegui deixá-lo ainda mais violento.

Ele simplesmente não acreditava em mim.

Lembro nitidamente do corpo indefeso do meu bebê, sem uma única parte intacta.

Até os ossos estavam expostos.

Depois de matar o bebê, José ateou fogo ao quarto, e eu morri queimada, tal como Cecília.

Ao lembrar da vida passada, quase perdi a razão de tanta dor e desespero.

Afonso, vendo que eu não conseguia chamar José, me esfaqueou mais uma dúzia de vezes.

O sangue quente escorreu pelas minhas pernas, pingando no piso escuro do terraço.

No auge do desespero, minha sogra apareceu subindo as escadas.

Ao me ver banhada em sangue, quase desmaiou de susto.