Dois dias antes do Ano Novo, meu namorado, Murilo Santos, decidiu viajar para o litoral... Com a assistente dele. — Tudo bem. — Eu disse, sem brigar, sem chorar. Pelo contrário, ajudei a fazer as malas dele, agindo como se estivesse tudo certo. Ele riu da minha compreensão e soltou, com aquele tom debochado: — Agora que tá grávida, finalmente aprendeu a se comportar... Assim que ele saiu pela porta, fui direto para a clínica. Fiz um aborto. Na minha vida passada, eu tentei usar aquela criança como amarra. Achei que, com um filho, ele ficaria comigo. O que aconteceu? A assistente dele foi brutalmente assassinada na praia. Murilo continuou com aquela máscara de frieza, como se nada tivesse acontecido... Mas quando chegou o dia do parto, ele tirou a própria máscara. Com uma crueldade que nem nos meus piores pesadelos eu imaginava, ele mesmo abriu meu ventre... E matou o nosso bebê. Com as próprias mãos. Foi ali que tudo fez sentido. Ele nunca me perdoou. Nunca esqueceu. Agora que voltei no tempo, só tenho um objetivo: Destruir Murilo. Fazer ele perder tudo.
Lihat lebih banyakEduardo, com a expressão fria, abriu uma garrafinha de água mineral e despejou tudo na cabeça do homem à sua frente.Murilo estremeceu, acordando de um sono inquieto, o olhar perdido por um instante.Mas assim que me viu, se levantou de um pulo, cheio de emoção:— Bia! Finalmente! Por que você mudou a senha de casa? Eu já resolvi tudo com a Larissa, juro! Não vai mais ter ninguém entre a gente. Bia, vamos voltar? Por favor…O brilho de esperança nos olhos dele foi morrendo…Quando viu que meu rosto estava completamente indiferente.— Bia… Você esqueceu que tá grávida do meu filho? Você quer mesmo que meu filho chame outro homem de pai? Eu não vou aceitar isso. E o Eduardo também não vai querer criar um filho que não é dele. Bia, volta pra realidade… Ninguém vai te amar como eu.Antes que eu respondesse, Eduardo explodiu.Com um chute direto no peito, derrubou Murilo no chão.— Você pode calar a boca por UM segundo? Quando foi que eu disse que não criaria essa criança? Fala mais uma mer
Eu já nem sabia se ele estava dizendo a verdade ou só tentando me manipular de novo.Mas, na real… Isso já não importava mais.Soltei o braço dele com frieza, minha voz cortante:— Murilo, você tá delirando. Eu mal consigo esconder o nojo que sinto por você. Pedir uma chance? Você não merece. Vai viver seu romance com a Lari em paz. Mas se ousar aparecer na minha frente de novo… Não me responsabilizo pelo que vou fazer.Murilo ainda tentava segurar meu braço, não queria soltar.Mas, de repente, uma sombra alta se colocou entre nós.— Ela já falou o suficiente. Encosta nela de novo pra ver o que acontece.Não vi quando o Eduardo chegou, nem quanto ele escutou.Mas no rosto dele lindo como sempre havia algo diferente.Não raiva.Não frieza.Satisfação.E fazia sentido.Ele, finalmente, tinha conseguido: o lugar de herdeiro da família Santos era dele.Era o desfecho de anos de rancor.Ele tinha motivos pra sorrir.Eduardo partiu pra cima do Murilo com técnica e precisão.Em poucos movimen
Dez anos se passaram...E no fim das contas, ele já tinha esquecido tudo.Só eu continuei presa no passado.Só eu guardei aquele momento, aquela lembrança, como algo especial.No final... Foi essa ilusão ridícula que me levou à morte, pelas mãos dele.Fechei os olhos. Meus dedos tremiam.As lembranças da vida anterior eram profundas demais, doloridas demais.Toda vez que voltavam, meu corpo se enchia de medo, como se revivesse tudo outra vez.Murilo pareceu perceber algo.Seu olhar ficou tenso, desesperado.E então ele me puxou para um abraço apertado tão forte que me faltou o ar.— Beatriz… Por favor… Não escolhe o Eduardo. Eu sei que te magoei, tá bom? Eu admito. Mas nós dois crescemos juntos, somos amigos de infância, você não pode… Simplesmente esquecer tudo assim. Você não ama ele. O Eduardo… Ele não é o que parece. — Ele falava apressado, como se quisesse me convencer, me proteger. Como se realmente se importasse. — Meu pai abandonou ele e a mãe dele, jogou os dois fora, mandou e
— Ela não é sua noiva porcaria nenhuma! E você, Eduardo... Você é o quê, hein? Um lixo qualquer querendo disputar comigo?! Volta pro seu buraco no exterior!Murilo gritou e, num impulso, desferiu um soco direto no rosto de Eduardo.O salão virou um caos.Mas Eduardo... Não recuou nem um passo. Retrucou com outro soco, firme, direto, sem piedade.Os dois se engalfinharam ali mesmo, no meio do jantar de noivado. Pancada após pancada.Alguém, ninguém sabia quem, chamou os seguranças do hotel. Logo, Murilo foi contido por dois deles, imobilizado pelos braços.Vi o canto da boca do Eduardo roxo, o sangue escorrendo discreto. Mas o olhar dele... Calmo. Frio.Virei os olhos para Murilo e o encarei com desprezo:— Tá louco? Murilo, só porque você odeia o Eduardo, não quer dizer que eu tenha que fazer o mesmo. Você mesmo já tinha dito que não queria casar comigo, lembra? Pois pronto: considere-se livre. Agora você pode ficar com a Larissa pra sempre.Murilo rangia os dentes. O rosto trêmulo, de
No mesmo instante, todos os olhares da sala se voltaram para ele.Olhei para Murilo, com o rosto contorcido de raiva e sorri:— Murilo, a família Santos nunca teve só um filho. Eu jamais cancelaria essa união entre as nossas famílias. Mas eu posso escolher com quem me casar.As pupilas dele se contraíram. A desconfiança estampada no rosto.— Beatriz, o que você tá planejando?Ignorei a pergunta.Caminhei até Eduardo Santos, sorrindo.Fazia anos que eu não o via. Agora, seus traços estavam mais marcantes, mais maduros, bonito de um jeito que chamava atenção.Só os olhos… Continuavam indecifráveis, como sempre foram.Segurei a mão dele com firmeza e me virei para todos:— Sr. Bruno, Sra. Liz… Já que Murilo está apaixonado por outra pessoa, não há razão pra forçar esse casamento. Mas eu e Eduardo… Já temos sentimentos um pelo outro faz tempo. Então por que não permitir essa união? Seriam dois casais felizes, ao invés de um casamento forçado.O salão caiu num silêncio estranho, cheio de ex
Assim que o Murilo saiu, fui direto pro hospital fazer o aborto.Naquele momento, quando o anestésico começou a correr pelas minhas veias, meu celular vibrou. Era uma mensagem dele.[Bia, o que eu disse antes foi no calor do momento. Fica tranquila, eu vou me casar com você, com certeza. No dia do nosso noivado, estarei de volta. Me espera, tá? Quanto à Lari… Finge que ela não existe. Já conversei com ela, ela não vai mais se meter na nossa vida.]Li as mensagens, fria como gelo. E então, apaguei a tela. Sem responder.Nos últimos dois anos, Murilo já tinha se rebelado várias vezes contra o casamento arranjado entre as nossas famílias, tudo por causa da Larissa.Cheguei até a decidir sair do país, pra deixar os dois livres.Mas no dia da minha viagem, ele apareceu no aeroporto. Chorando. Implorando pra eu não ir embora.Aquele dia foi um caos. Perdi o controle. Ele também.E foi assim que esse bebê aconteceu.Só que...Só no fim da minha vida eu descobri a verdade, Murilo só foi atrás
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