_EU VOU PARA A ITÁLIA!!!_ eu gritava e pulava dentro do meu quarto.
Fiquei super feliz quando Mari (minha melhor amiga) ligou para me informar que a megera da Cassandra (minha chefe) tinha ficado doente e não poderia viajar à trabalho.
Não que eu tenha ficado feliz que ela estivesse arriada em cima de uma cama de hospital, eu nunca desejaria isso a ninguém, porém para ela parecia um belo castigo.Como ela não poderia ir para a tal viagem, eu teria que ir junto com a puxa saco da assistente dela, Melissa. Mas acho que posso suportar a presença dela por alguns dias, afinal de contas estamos falando da ITÁLIA!
Eu não seria burra de recusar esse trabalho.Pude sentir a raiva da Cassandra quando ela me enviou um email dizendo que eu teria que viajar à trabalho no lugar dela. Ela realmente não gostava de mim, é como dizem "O santo não bateu".
Desde que comecei a trabalhar na revista Montero ela praticamente fez da minha vida um inferno (no qual ela era o próprio diabo). Se não fosse pelo Ítalo (o superior dela) ela já teria me demitido faz tempo.Mari além de ser minha colega de trabalho é a minha amiga de verdade, a única que eu poderia confiar naquele ninho de cobras que é a Montero. Ela me disse que a Cassandra tinha feito de tudo para que eu não fosse nessa viagem, mas para o azar dela e para a minha felicidade ela não conseguiu.
É chorão, depois de tantos dias de luta será que os meus dias de glória estão chegando?Os dias de glória eu não sei mas acredito na justiça divina, ela deve estar começando à pagar pelos seus pecados, começando com a viagem que ela tanto desejava.
Também não é para menos que ela sinta tanta raiva, essa viagem faria com que ela fosse promovida, ou seja, ela teria o mesmo cargo que Ítalo, e se ela fosse promovida eu já estaria no olho da rua.Sem sombra de dúvida.São duas horas da madrugada quando termino de arrumar a minha mala e recebo outro email da Cassandra, nele dizia:
"Tenho certeza que vocênão tem roupa à altura para tal evento, então quero que deixe todos os seus trapos de lado e pegue algumas roupas no depósito. E isso é uma ordem, não quero que você envergonhe nem a mim e nem a revista."Nossa, tão atenciosa!
Se realmente não conhecesse o jeito da megera, acharia que ela estava preocupada comigo mas como a conheço, era de se esperar que ela fizesse algo assim.Imagem é tudo para aquela mulher, ela poderia aguentar andar descalça sobre brasas mas não aguentaria ver alguém vestindo roupas fora de contexto. E essa é a única coisa que eu concordo com ela, seria um crime usar jeans em um evento tão chique, então aceito pegar algumas roupas no depósito.Para Cassandra querer que eu pegue roupas no depósito, esse evento deveria mesmo ser muito importante não só para ela mas também para a revista.
Por fim desfaço a minha mala, recoloco tudo de volta no guarda-roupa e desabo na cama cansada pelo esforço desnecessário.
Ouço a macaneta da porta girar e olho em sua direção, a porta se abre revelando minha mãe com uma sacola de plástico nas mãos, o cheiro do pastel invadia minhas narinas e meu estômago roncou como se acabasse de despertar um monstro.Ela sorriu para mim enquanto balançava a pequena sacola, rapidamente me levantei para pegar a minha comida preferida._você não deveria trabalhar tanto!_ ela me observa enquanto eu devoro meu pastel.
_primeiro, é o meu trabalho. E segundo que uma oportunidade dessas não b**e duas vezes na mesma porta. Eu vou para Itália e nem tô acreditando nisso!
_Sei que você é de maior, e que não posso prender você comigo o tempo todo mas peço que você tome bastante cuidado, ouviu mocinha!?
Aceno com a cabeça em afirmação e ela me abraça. Minha mãe sempre foi minha base, tudo o que eu faço é para vê-la bem. Eu comecei à trabalhar na Montero para ajudar a pagar nossas dívidas e até fingo gostar do namorado dela apenas para vê-la feliz, mesmo não indo com a cara dele.
Eu sei que você vai dizer que isso é ciúmes que eu tenho da minha mãe, até pode ser um pouquinho mas também não consigo gostar dele de jeito nenhum. Ele é um encostado, um preguiçoso, diz que trabalha como motorista de aplicativo mas sempre quando eu tô em casa o vejo enchendo à cara.
E pior, ele ainda arrasta a minha mãe para beber com ele, eu tento fazer cara de paisagem quando vejo as cenas melosas entre os dois, às vezes eu acho que estou morando com um casal de adolescentes.Mas suporto tudo por ela, se ela está feliz com esse encostado que se diz trabalhador, eu vou está feliz também.Depois de ter uma conversa leve e divertida com minha mãe, vou me deitar, tento dormir mas a única coisa que consigo é bagunçar os lençóis da cama de um lado para o outro, minha mente se recusa em acreditar que eu finalmente vou viajar para fora do país.
Aceitando que eu não vou conseguir dormir a noite toda, vou à procura de algum livro para ler, um com bastante hots e com revelações bombásticas tipo novela mexicana para passar o tempo.
Abro o w*****d e percorro a minha lista privada de fanfics, escolho uma sobre um chefe da máfia que se apaixona por uma garota normal, o tipico clichê.O típico clichê que eu queria viver.Bom, eu vou para Itália, então acho que tudo é possível nessa vida. Vai que lá eu encontre um italiano bem gato, ou um chefe da máfia que se apaixona por mim?
Tá bom, isso é paranoia demais.Luigi me pergunta algo, mas estou atenta demais na cena a nossa frente. Fiorella estava brava porque Lucca interrompera sua sessão de fotos com Aurora, aparentemente a filha da Giulia tinha herdado sua obsessão por fotografar e ficava a coisa mais fofa brava. As mãozinhas juntava as pontas dos dedos e sacudiam com velocidade, enquanto as palavras saiam diretas.No fundo, mais especificamente debaixo da mesa dos aperitivos, Tomás se escondia com Chiara e polenguinho, ambos dividindo um prato enorme de bem-casado. Matteo andava pelo espaço procurando a filha sumida, Mari se juntava a uma conversa super animada entre minha mãe, Cassandra e Laura. O resto dos convidados curtiam o vinho e dançavam levemente.Me senti em casa, como um final de festa onde ninguém quer ir embora, onde a conversa é fácil, onde um puxa o outro e logo estão três dançando desajeitados, onde um sempre causa risada em outro e onde você se sente uma peça encaixada no quebra-cabeça montado. Não falta ninguém, não fal
Um ano depois...Eu deveria estar brava por estragarem um vestido tão caro, entretanto me desmonto diante desses pares de olhinhos verdes suplicantes. Solto um longo suspiro, ultimamente vinha dando muitos suspiros e fazendo muitas contagens até dez. E me agacho para ficar na altura dos gêmeos segurando uma caixa branca, como sinal de paz por terem tirado a paciência da mamãe, outra vez.- Desculpa mamma - eles dizem em uníssono, o que quebra qualquer argumento e qualquer resquício de vontade de lhes dar uma lição de moral - não vamos mais correr em lugares inóspitos - diz Aurora.- É impróprios, stupido - repreende Tomás, ganhando uma careta da irmã.- Ei, sem caretas e sem xingamentos. Peçam desculpas, agora - cruzo meus braços para demonstrar que não arredaria o pé daquele banheiro sem minhas vontades obedecidas. Logo, os dois pedem desculpas e se abraçam a contragosto.Por mais que me estresse com as suas brincadeiras, com o comportamento de Tomás e o temperamento de Aurora, eles
Três anos depois...Deixo a porta do quarto de Tomás entreaberta e em passos cautelosos passo por Luigi no corredor, como sempre ele me intercepta para roubar um beijo e como sempre dou um tapa no seu braço antes de entrar no quarto de Aurora.Um quarto com paredes amarelas, móveis brancos, bichinhos de pelúcia coloridos abarrotando as prateleiras e estrelinhas brilhantes grudadas no teto. Muito diferente do quarto do irmão que preferia as paredes azul escuro, móveis de madeira escura e brinquedos motorizados. Mas sem dispensar as estrelinhas brilhantes no teto, tinha sido a única coisa em comum nos quartos dos gêmeos.Me aproximo da pequena cama com cercadinho, onde a minha menininha estava quase pegando no sono. Acaricio os cabelos ondulados, dando vários beijinhos nas suas bochechas fofinhas até que caia no sono profundo. A parte mais difícil foi feita por Luigi, enquanto eu tinha cuidado do menininho elétrico. Era nosso acordo, cada um levava um gêmeo para a cama e antes que caiam
- É uma menina! Uma Marianinha! Eu gostaria tanto de vê-la pessoalmente, mas o voo atrasou e nem consegui chegar na Itália - minha mãe fala alegre, do outro lado da chamada de vídeo até seu tom mudar drasticamente - que história é essa que a senhorita continuou trabalhando mesmo estando proibida?Mariana estava com o celular na mão falando com ela, ou melhor, levando uma bronca enquanto eu segurava a recém-nascida nos braços. Mesmo grávida, ela teimou em continuar trabalhando então o esporro era bem merecido. Quando chegamos às pressas no hospital, Mari já havia dado a luz e Matteo parecia desfocado da realidade. Meu italiano gato achou melhor levá-lo para se acalmar na cafeteria, o loiro do banheiro estava mais pálido do que o normal, como se fosse desmaiar. Acho que a ficha finalmente caiu.Tinha acontecido tantas coisas nesse ano que se passou, hoje deveria ter sido apenas uma festa de aniversário infantil e agora estou segurando a filhinha da minha melhor amiga. O mundo não dá vol
Estava uma tarde fria de outono, o vento fazia com que os galhos secos soltassem folhas amarelas sobre as lápides ao redor. Algumas bem cuidadas e outras esquecidas. Meu italiano gato se agacha na frente da nova lápide com o nome de Bárbara Alessa Ferraza e deixa um buquê de rosas brancas, de lado uma pequena lápide com o nome recentemente gravado, Aurora. Luigi retirou uma rosa do buquê e o colocou sobre a pequena lápide.Me agacho e deixo um pequeno lencinho com o nome que Bárbara colocaria em sua filha, se ela existisse. Aconteceu tudo muito rápido, Luigi aproveitou a guarda baixa da loira para salvar nossos filhos mas ninguém imaginaria que ela tiraria sua vida ali. Quando pediu perdão por tudo o que tinha feito, percebi de cara que não estava bem da cabeça. Tinha o olhar perdido e parecia pertubada, oca por dentro após a morte da irmã.Luigi estava de costas, tinha respondido com sinceridade e alívio o tão sonhado "sim" dela. Ele não viu quando a garrucha foi posicionada ao lado
- Fique longe dos meus filhos, sua maluca! - Carolina abre a porta de supetão e fica imóvel quando percebe o que tenho em minhas mãos. Luigi toma a frente, considerando a garrucha e guiando sua noiva para atrás de si. Vê-lo protegendo-a de mim, me faz questionar o quanto tudo havia mudado.O meu Ézio, outrora nunca duvidaria de um ato meu, ele me conhecia e confiava até de olhos vendados. Me senti insultada, o que essa Carolina fez com a sua cabeça? Ela o tinha manipulado como bem pretendia, ela assim como todos roubou Luigi de mim.- Bárbara, abaixe a arma e vamos conversar, por favor - seu tom era contido, mas eu o conhecia muito bem para saber que estava furioso comigo - por favor, eu te conheço e você não é assim...- Assim, como? - estreito os olhos - como a Raquel, iria dizer? - Não, não. Você é diferente, não é o tipo de pessoa inconsequente...- Se realmente me conhecesse, não duvidaria - retruco.- Bárbara, você está segurando uma arma apontada para os meus filhos e espera q