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Capítulo 2

Author: 258w
— Três anos atrás foi assim, agora depois de tanto tempo continua igual. Lorena, você nunca vai cansar disso? — Gabriel me encarava, a voz cheia de impaciência.

Diante das acusações dele, franzi de leve a testa.

— Qual é o seu problema agora?

Aquele que um dia prometeu ficar ao meu lado para sempre, agora só conseguia olhar para mim com puro desprezo.

— Todo mundo na Cidade S já sabe que o Grupo Saluena quer fechar parceria é com a Clara. Se você não veio para tentar roubar o projeto dela, então por que voltou do exterior do nada? — Indagou Gabriel, furioso.

Grupo Saluena interessado em fechar com a Clara? Era novidade para mim. Como eu não sabia disso?

Meu olhar devia ter mostrado surpresa, mas Gabriel, claro, interpretou errado, como se eu tivesse me entregando, pegando no flagra tentando fazer algo errado. E assim, o desprezo nos olhos dele ficava ainda mais evidente.

— Você ainda acha que pode continuar se aproveitando do sobrenome Duarte para passar por cima da Clara? O Grupo Saluena não é uma dessas empresas pequenas da Cidade S. Eles não estão nem aí para o sobrenome Duarte. Sinceramente, para não se envergonhar à toa, o melhor que você faz é sair daqui agora.

Calmamente, tirei meu convite da bolsa e balancei na frente dele.

— Lamento, mas fui convidada para essa licitação. Você não tem autoridade nenhuma para me tirar daqui.

— Você devia aproveitar que estou sendo legal... — Gabriel mal conseguiu terminar a ameaça, pois, ao ouvir os cochichos dos jornalistas, pareceu finalmente perceber algo. O olhar dele ficou ainda mais esnobe. — Lorena, já te falei antes, estamos completamente acabados. Para de me perseguir. Não importa se eu e a Clara vamos ficar juntos ou não, jamais voltarei para você.

— Sério, você está imaginando demais. Só vim pela licitação. Já estou casada, não me importa nem um pouco com a sua vida ou com quem você fica. — Falei alto para Gabriel ouvir, mas principalmente para deixar os jornalistas por perto bem informados.

O pessoal ao redor ficou em silêncio, mas Gabriel apenas soltou uma risadinha debochada.

— Lorena, qual a graça desse teatrinho? Você acha que, dizendo que casou, vai mexer comigo? Eu te garanto que joguinhos, tipo "fugir para ser desejada" não funcionam comigo. Aliás, nem me interessa se você casou ou não.

— Eu sei. — Balancei a cabeça, entrando no elevador que acabava de chegar ao térreo.

Pouco me importava se Gabriel acreditava ou não. O importante era que os jornalistas não distorcessem minha volta.

Na hora de apertar o botão de fechar, Gabriel entrou às pressas comigo.

A porta se fechou, e de repente ficamos só nós dois, presos naquele espaço apertado.

Gabriel olhou para mim com a expressão fechada e perguntou:

— Vou ser direto, o que você quer para ir embora daqui?

Olhei para ele com um sorrisinho de canto.

— Nossa, sua confiança na Clara é tão baixinha assim?

— Você não entende! — Ele bufou de novo. — Quando a Clara fechar com o Grupo Saluena, vou pedi-la em casamento ali, na frente de todo mundo. Só que se você estiver aqui, vai acabar provocando fofoca.

Respondi, sem qualquer emoção:

— Que ótimo, parabéns.

— Dá para parar com esse drama? Sei que você está morrendo de ciúmes, mas relacionamento não se força desse jeito. Insistir só vai fazer mal para os dois. — O tom dele era cansado, meio como se estivesse fazendo um favor. — Olha, faz assim, é só você sair daqui agora e te garanto dois projetos do Grupo Nogueira.

Dei de ombros, sem grandes reações.

— Dispenso.

Ele pareceu se irritar mais ainda.

— Só quero evitar que a Clara se machuque. Te aconselho a parar enquanto está ganhando, senão vai acabar ficando sem nada.

Daí para frente, não importava o que Gabriel dissesse, eu só escutava sem responder.

Quando o elevador chegou ao andar de cima, já dava para ver a irritação estampada no rosto dele.

Saiu pisando firme, jogando para quem quisesse ouvir, especialmente para o Leonardo, que entrava no corredor logo à frente:

— Cuida melhor da sua irmã sem noção.

Olhei para Leonardo, meu irmão, já sentindo o azar acumulando.

Ainda tentei passar direto, mas ele me puxou pelo braço e arrastou até um canto mais afastado. Ele questionou com um tom sério:

— O que você está fazendo aqui?

Respondi com tranquilidade:

— Vim competir pelo projeto.

— Para com isso, agora. Volta para casa imediatamente. — Leonardo não disfarçava a rispidez. — Ou você quer mesmo repetir o fiasco de três anos atrás, tentando roubar o projeto da Clara de novo?
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