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Irmão Arrependido e Noivo de Joelhos: Minha Doce Vingança
Irmão Arrependido e Noivo de Joelhos: Minha Doce Vingança
Author: 258w

Capítulo 1

Author: 258w
Eu tinha renascido. Ao encarar aqueles dois, que como na vida passada tramavam pelas minhas costas para entregar o projeto que tanto me custou a "minha amiga", aí, sim, eu desisti de vez.

Quando souberam que eu estava de partida para o exterior, meu irmão e meu ex-noivo fizeram questão de lançar fogos a noite inteira, comemorando como se, ao se livrarem de mim, tivessem se livrado de um peso inútil.

No entanto, três anos depois, eu estava lá, na licitação do Grupo Saluena, subindo ao palco como esposa do presidente, enquanto os dois olhavam para mim com os olhos vermelhos de tanto rancor.

Ao voltar para Cidade S, jamais teria imaginado que a primeira pessoa conhecida a cruzar meu caminho fosse justamente Clara Menezes, minha antiga melhor amiga.

Na TV situada entre os dois elevadores do Edifício Dourado, passava sem parar um vídeo enaltecendo a carreira de Clara, CEO da Corporativa Horizonte. Aos dezoito anos já havia ingressado com louvor na universidade mais prestigiada da Cidade S e, depois de formada, construiu sozinha toda sua trajetória, tornando-se, em tempo recorde uma das empresárias mais comentadas do mercado.

Três anos distante tinham transformado aquela garota. O ar tímido, típico de quem saiu do interior, desapareceu. Vestida de grife e cheia de confiança, Clara agora exalava uma sofisticação que mais parecia coisa de gente rica de berço.

Dinheiro, de fato, mudava as pessoas.

O evento de hoje era a concorrência do Grupo Saluena na Cidade S, e desde o saguão os jornalistas já se aglomeravam em busca de um furo.

Eu só queria ficar na minha, em silêncio, bem quietinha, mas Clara veio puxar assunto do jeito dela.

— Srta. Clara? É você mesma? Olha, quase não acreditei. De repente você some, vai pro exterior e pensei que não voltaria nunca mais! — O tom elevado da voz dela chamava atenção até de quem só passava pelo local. Os repórteres, claro, já estavam todos de ouvidos.

Logo percebi vários olhares curiosos me rodeando, ávidos por novidades.

— Srta. Clara...

— Grupo Nogueira... casamento...

— Proposta... atrás dele...

Trechos de perguntas em tom baixo chegavam aos meus ouvidos, cada frase mais indiscreta que a anterior.

Lançei um olhar de lado para Clara, que aparentava fingir máxima inocência enquanto continuava:

— Você voltou assim, tão de repente, sem avisar ninguém... Bem que poderia ter dado um toque. Ou será que você ouviu alguma coisa...

— Srta. Lorena, foi mal, falei besteira. — Disse ela, assumindo um ar de quem tinha cometido uma "gafe", mas o suposto pedido de desculpas só serviu para espalhar mais fofoca entre os presentes.

Oportunamente, um dos repórteres, se empolgou e lançou a pergunta em voz alta:

— Dizem que o Leonardo, que é o principal designer do Grupo Duarte, e o Gabriel, presidente do Grupo Nogueira, estão pensando em pedir a sua mão em casamento, Sra. Clara. É verdade isso ou não passa de conversa da internet? E se os dois pedissem juntos, para qual deles você diria sim?

Clara respondeu com um sorriso forçado, desviando:

— Gente, por enquanto isso não passa de boato da internet. Por favor, tentem ser mais responsáveis no que dizem. Aliás, tanto o Leonardo quanto o Gabriel são ótimos caras e, no momento, somos só bons amigos.

Assim que o elevador chegou, ela fez uma reverência amigável, já sorrindo.

— Desculpem, preciso subir, logo vou falar na licitação do Grupo Saluena. — Antes de entrar, ela se virou para mim. — Srta. Clara, vem comigo ou vai depois?

Hesitei por alguns segundos. Vendo que não conseguiriam extrair mais da Clara, os repórteres logo voltaram suas perguntas para mim, praticamente me cercando:

— Srta. Lorena, dizem que antes de viajar você vivia atrás do presidente do Grupo Nogueira. Agora, voltou do nada. Foi porque ouviu falar do suposto pedido de casamento à Sra. Clara?

— E verdade que o Leonardo é seu irmão? Aceitaria a Sra. Clara como sua cunhada, Srta. Lorena?

— E se o Gabriel de fato pedir Sra. Clara em casamento, você vai tentar impedir ou vai apoiar?

Os olhares famintos dos jornalistas mais lembravam lobos sentindo cheiro de sangue, e ficava claro pelo jeito que respiravam que estavam desesperados por uma manchete quente para publicar.

Ninguém ali parecia se importar com a verdade. O que importava era causar alvoroço.

Acreditava que, se eu ficasse calada, não levaria nem uma hora para que os motivos da minha volta tomassem conta da internet, vendendo como água todo tipo de teoria absurda.

A lembrança de certa pessoa, que sempre tinha ciúmes de mim, veio à tona. Suspirei, acenei para Clara e falei:

— Então, vou subir primeiro.

Antes que as portas do elevador se fechassem, ainda vi nos lábios de Clara um sorriso de deboche, só para mim.

Girei nos calcanhares, encarei os jornalistas, já pronta para tirar o convite da bolsa, quando uma voz alta ecoou do fundo do saguão.

— Lorena, quem te autorizou a entrar aqui? Vai repetir aquele show de três anos atrás e tentar roubar o projeto da Clara de novo?

Imediatamente, todas as câmeras se voltaram na mesma direção. Meu ex-noivo, Gabriel Nogueira, rosto vermelho de raiva, vinha a passos largos na minha direção, com o jeito autoritário de quem achava que podia resolver tudo no grito.
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