Capítulo 6

Laura olhou para o homem bonito e elegante à sua frente, que mantinha a calma digna de alguém da alta sociedade, falando sobre tudo com tranquilidade.

— Sr. Enzo é poucos anos mais velho do que eu. Dizem que os homens dessa idade são maduros e estáveis, e eu acho que Sr. Enzo é realmente assim.

Laura acrescentou: — É que eu tenho uma pergunta que precisa ser respondida pelo Sr. Enzo.

Enzo já preparou a aliança de casamento e a vida pós-casamento, assim havia algumas coisas que ela também precisava perguntar claramente.

As sobrancelhas estreitas e indiferentes do homem se ergueram ligeiramente: — Por favor, pergunte.

— Sr. Enzo vai ter amantes?

Foi somente depois de fazer essa pergunta que ela sentiu que algo estava errado.

A atmosfera no salão parecia ter se tornado um pouco estranha por causa disso. O rosto de Enzo estava normal, suas sobrancelhas ainda indiferentes e gentis.

Ele serviu uma xícara de café quente e a empurrou para a mão dela. O ar quente que subia lentamente da xícara cobria seu rosto brilhante e gentil. E o cheiro intenso de café veio conquistar seu nariz.

Laura segurou a xícara de forma estranha e tomou um gole. O café aqueceu o coração, como se os membros estivessem quentes.

— Desculpe. — Ela abaixou a cabeça, como se pensasse que não deveria ter mencionado isso.

Como as pessoas de alta classe podiam só ter uma mulher? Leonardo, que estava tão profundamente apaixonado por Alícia, também escolheu Ana como substituta.

— Por que se desculpar?

Enzo não achava que esse tópico estava fora de limite.

— Este tópico parece um pouco pesado e ofensivo. — Laura apertou sua xícara com vergonha.

A luz na sala de estar era amarela, deixando Laura um pouco brilhante. A esta distância e neste ângulo, ele podia ver os olhos de Laura em um leve tremor, a deixando ficar com um pouco de medo.

— Não acho que seja uma ofensa.

Ela já terminou de beber e ele falou lentamente depois de encher sua xícara novamente.

— Não trair um casamento e a pessoa amada é o dever de um marido, e os membros da família Pires que fizerem essas coisas serão expulsos de sua própria família, então você pode ficar tranquila.

Isso era para lhe dar tranquilidade.

— Qualquer outra pergunta? — Enzo levantou ligeiramente as sobrancelhas, como se esperasse que ela perguntasse mais.

Ela estava pensando demais nisso?

Era bom que ele não estivesse com raiva.

Enzo era uma alternativa de sobrevivência que ela havia deixado para si mesma.

— A família Pires é justa. Acredito que Sr. Enzo e eu nos respeitaremos mesmo que não tenhamos amor.

De alguma forma, ela sentia que a atitude de Enzo, que ainda era bastante suave antes que ela disse essas palavras, se tornou mais um pouco fria.

— É bom Sra. Laura pensar bem.

Depois de conversar sobre o assunto, Enzo a mandou para casa. Não houve comunicação entre os dois no caminho.

Quando Laura saiu do carro, o homem abaixou a janela.

Pela janela do carro, ela podia ver o rosto superior do homem escondido sob a luz da lua, bem como o par de olhos escuros e profundos com um toque de frieza.

Poderia ser a ilusão dela.

Apesar de já terem falado sobre casamento, eles ainda carregavam uma indescritível sensação de distância entre eles.

— Senhora Laura.

Seus olhos estavam escuros e ele disse lentamente: — Vou esperar por suas notícias.

Quando as palavras caíram, a janela do carro já estava fechada.

O carro dirigiu para longe.

— Não deve demorar muito.

Enzo já havia partido. Essa resposta era como uma resposta a ele e como uma resposta a si mesma.

Laura só entrou em sua casa e, no segundo seguinte, recebeu uma ligação de Leonardo.

— Venha para o hospital imediatamente. — Ele disse com uma raiva oculta e desligou sem lhe dar tempo para responder.

Chamá-la para o hospital nesse momento não era nada mais do que se vingar dela por Ana.

Ela não se importava em ir.

Também era hora de esclarecer algumas coisas.

Afinal, Enzo ainda estava esperando por suas notícias.

Leonardo sempre amou Ana, e mesmo que ela só caísse na água, ele tinha que levá-la para o melhor hospital aristocrático em Cidade H.

A porta da enfermaria não estava bem fechada. A secretária de Leonardo estava esperando do lado de fora. Deu uma olhada a Laura e não disse nada para se afastar.

No momento em que ela estava prestes a abrir a porta do quarto, ela ouviu a voz de Ana.

— Irmão Leonardo, você não deve culpar a Laura. Ela não é intencional. Talvez não possa aceitar que me trouxesse para participar do jantar. Tudo foi minha culpa, eu te trouxe dificuldades. Não deveria ir ao jantar.

Ela disse sem parar de tossir levemente. Leonardo deu um tapinha em suas costas, dizendo com pena e dor no coração:

— Ana, você é muito gentil.

Muito gentil?

Gentil o suficiente para deixá-la envergonhada à vista de todos, gentil o suficiente para ser cheia de intrigas e esquemas para ser esposa de marido de outrem?

Laura não conseguia mais ouvir.

— Ela não é gentil, ela é cruel.

Laura abriu a porta e se encostou nela. Talvez por causa da decepção com Leonardo, ela ficava de postura de tranquilidade.

Leonardo virou a cabeça enfrentando o rosto brilhante e atraente de Laura.

Ele estava atônito.

Laura trocou esse vestido molhado, agora usando um vestido azul-claro. A maquiagem do rosto foi lavada. Além do rosto pálido, os lábios ainda estavam rosados, dando uma sensação de distância.

Leonardo conhecia bem a beleza de Laura depois do casamento. No momento em que olhou para ela, não pôde evitar estremecer, como se voltasse ao dia em que a viu pela primeira vez.

Ana baixou os cílios, suas unhas afundaram na carne, mas tossiu levemente algumas vezes com lágrimas.

Ela puxou a manga de Leonardo: — Irmão Leonardo, estou com febre. Me sinto mal...

Leonardo voltou a si. Vendo a dificuldade de Ana, perdeu seu pouco amor para com Laura.

Ele segurou a mão de Ana e a persuadiu: — Ana, está bem, depois de tomar o remédio e dormir um pouco, ficará bem.

Leonardo persuadiu Ana com uma voz gentil. Ana cobriu a boca e tossiu levemente, parecendo frágil e inocente.

Vendo o estado de Ana, ficou de novo com raiva para Laura.

— Laura, a mais malvada é você. Como você tem a qualificação para acusar Ana?

Laura olhou para o rosto diabólico do homem à sua frente. O amor que a cuidava de forma gentil parecia ter desaparecido há muito tempo. Arrancando a camada externa, havia por dentro uma realidade cruel.

— Eu não quero perder tempo com você por causa desse tipo de coisa. Vim aqui não para ver Ana agindo também não para ouvir suas bobagens.

Laura já havia se entorpecido com esse relacionamento.

Ela baixou os olhos e caminhou lentamente até Leonardo.

Mais perto, a leve fragrância fria de seu corpo se tornava cada vez mais óbvia.

Leonardo levantou a cabeça, mas seu coração estava inconscientemente apertado. Olhou para o par de olhos pretos e indiferentes dela, depois a linha de visão se moveu para baixo. Vendo o acordo de divórcio, Leonardo não pôde deixar de franzir a testa.

Sua voz era fria: — Laura, você sabe o que está fazendo?

Era claro que ela sabia o que estava fazendo, mas temia que Leonardo não soubesse o que ele mesmo estava fazendo.

Laura lhe entregou o acordo de divórcio em sua mão.

— Leonardo, nós estamos nos envolvendo há cinco anos. Mesmo que houvesse pouco amor entre nós antes, já desapareceu durante esses cinco anos. Cinco anos são o suficiente. — Ela encontrou os olhos de Leonardo, dizendo palavra por palavra: — Então, vamos nos divorciar.