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Capítulo 3

Author: Perilla
Dentro da sala de vigilância, dezenas de telas exibiam cada parte da mansão.

Puxei rapidamente a filmagem da garagem subterrânea.

O carro de Tony nunca havia deixado a propriedade. Em vez disso, estava estacionado no canto mais escondido.

A porta do carro se abriu, e a figura de Sasha escorregou para dentro.

Ela se sentou no colo de Tony diretamente, braços ao redor do pescoço dele, inclinando-se para que seus lábios vermelhos sussurrassem algo em seu ouvido.

Havia um desejo inegável no rosto de Tony enquanto ele segurava o queixo dela e a beijava com força.

Embora eu não pudesse ouvir nada, a intensidade de seus movimentos dizia tudo.

O vidro do carro subiu lentamente, bloqueando minha visão, mas o leve balanço rítmico do carro começou logo depois.

Recostei-me na cadeira gelada. Meu coração parecia apertado, com uma dor aguda o suficiente para me deixar sem ar.

Eu já sabia, é claro, mas ver com meus próprios olhos foi como ter minha carne arrancada.

Quando nos conhecemos, Tony tinha uma obsessão severa por limpeza e nunca deixava ninguém tocar em seu carro.

Ele dizia que o banco do passageiro da frente sempre pertenceria apenas a mim.

Agora, ele permitia que outra mulher subisse em seu colo dentro do carro sem qualquer restrição.

Ele a amava tanto assim? O suficiente para quebrar todas as regras que um dia jurou seguir?

Fechei os olhos e me forcei a me acalmar.

— Só mais três dias, Claire. Apenas aguente mais três dias, e então você estará livre.

Não voltei para a festa. Fui direto para o quarto.

No meio da noite, o som da porta se abrindo me acordou.

Tony entrou com cheiro de álcool e ar frio ainda grudado nele.

Quando me viu na cama, a tensão em seus ombros diminuiu.

— Claire, por que você voltou tão cedo? Eu voltei para o salão depois de resolver aquele assunto e não te encontrei. Quase virei a propriedade de cabeça para baixo.

Olhei para o relógio no criado-mudo — 4 da manhã.

Ele e Sasha ficaram juntos naquele carro por sete horas até ele finalmente se lembrar de mim.

Era ridículo.

— Eu estava cansada, então fui dormir. Esqueci de te avisar.

Uma mentira dita muitas vezes acaba soando natural.

Tony parecia abalado.

Ele tirou o casaco, deitou na cama e me puxou com força para os braços dele, como se tentasse me fundir a ele.

— Não faça isso de novo, Claire. Se você sumir sem dizer nada, vou virar o mundo para te encontrar e te prender ao meu lado. Você nunca mais vai a lugar nenhum.

Mantive os olhos fechados e não me movi.

Daqui a três dias, mesmo que ele virasse o mundo, jamais me encontraria.

Na manhã seguinte, Tony acordou cedo e fez um café da manhã elaborado para mim.

— Claire, ontem foi minha culpa. Não fica brava comigo, tá?

Então agora ele se sentia culpado?

Observei enquanto ele tentava me agradar, sentindo absolutamente nada.

Então, peguei a pequena caixa que já estava preparada na mesa e entreguei a ele.

— Não estou brava. Este é um presente de retribuição. Abra daqui a dois dias.

Era uma moeda de ouro com o brasão dos Gambino, um símbolo passado de esposa para esposa.

Eu havia gravado meu nome nela.

No dia em que descobri sua traição, raspei meu nome completamente, deixando apenas a moeda dentro da caixa.

Isso seria a última coisa que eu deixaria para ele.

Tony a aceitou, curioso.

— Por que daqui a dois dias? Tem algum significado especial?

Eu sorri.

— Sim. Só tem significado se você abrir daqui a dois dias.

A expectativa nos olhos dele cresceu por achar que se tratava de uma surpresa.

— Certo. Eu vou esperar. Prometo que abro só daqui a dois dias.

Nesse momento, Sasha entrou com um café.

Ao colocá-lo sobre a mesa, a manga do uniforme deslizou, revelando um relógio masculino em seu pulso.

Era o relógio que eu tinha dado a Tony no aniversário dele no ano passado.

Tony seguiu minha linha de visão.

Sua expressão mudou instantaneamente, pânico e raiva passando por seus olhos.

Ele se levantou de repente, agarrou Sasha pelo pulso e praticamente a arrastou para fora da sala de jantar.

— Claire, surgiu algo urgente nos negócios da família. Coma enquanto eu resolvo isso.

Fui até o terraço do segundo andar, de onde o jardim inteiro era visível.

Tony segurava o pulso de Sasha com tanta força que seu corpo tremia, como se ela estivesse chorando.

No entanto, Tony a empurrou, seu rosto contendo a fúria.

— Você enlouqueceu?! Quem te disse para usar isso? Eu te avisei para se comportar! Se a Claire perceber qualquer coisa, eu faço você desaparecer deste mundo!

Sasha se encolheu e derramou lágrimas sem parar.

Suas mãos tremiam enquanto ela tirava um documento do casaco.

— Eu sei que não deveria ter vindo. Mas… fui diagnosticada com leucemia. Estou em estágio avançado.

— O médico disse que eu talvez não viva mais do que três meses… Tony, eu só queria te ver mais antes de morrer… Eu estou com medo. Eu não quero morrer…

O ar travou na minha garganta.

Sasha… tinha uma doença terminal?

Mas ontem mesmo ela parecia perfeitamente saudável.
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