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CAPÍTULO 2

Author: Zero Star
Quando eu vi a mensagem já não dava mais pra apagar, embora gostar de beleza seja coisa natural, não sei por que fiquei um pouco envergonhada.

De repente ele mandou uma mensagem: "Você gosta desse tipo?"

E mandou um vídeo.

Deve ter sido filmado na academia recentemente, não era aquele corpo exagerado, era uma camada de linhas bem bonitas, bem claras, uma bonita linha em forma de peixe que descia serpenteando e se perdia na calça de moletom cinza por baixo, quanto à parte de cima...

Hum, todo corado!

O dono do vídeo parecia tímido, no fim, o rosto que apareceu estava todo vermelho.

Foi demais.

Eu: "Tem mais? Manda mais!"

Aí ele, meio envergonhado, mandou mais alguns vídeos.

Admito, já fui corrompida pela beleza.

Nunca pensei que o pequeno chefe, todo de aparência austera, fosse assim na intimidade... hum.

Como dizer?

Me deu uma excitação estranha.

Eu estava curtindo quando, de repente, ele mandou uma frase.

"Se você prometer ser minha namorada, vou gravar todo dia pra você ver, até você enjoar."

Na vida, a pessoa geralmente corre atrás de quatro coisas: dinheiro, poder, fama e prazer.

Os três primeiros não têm nada a ver comigo, então o último é bastante tentador.

Eu: "…Bom… também não é impossível, né."

Afinal, é namoro virtual.

Claro que tinha condições.

Nada de anunciar, nada de trocar foto de perfil, nada de vídeo-chamada, nada de encontro.

Ele não ficou muito contente, mas aceitou.

E assim durou dois anos.

À medida que ele foi aprendendo a se vestir melhor, eu também me deliciei mais, ele dava conta de vários estilos.

Quando eu achava que essa vida iria continuar, esse cara sugeriu se encontrarem.

Eu: "Naquela época a gente não tinha combinado de não se ver? Só namoro virtual, sem envolver a vida real."

Ele ficou magoado: "Eu sei, desculpa, mas eu realmente quero te ver."

Eu sabia o que ele estava tramando.

Dois dias antes, tive um encontro de turma, quando voltei um colega de universidade me declarou, eu recusei uma vez, aí do outro lado veio uma enxurrada de mensagens melosas e nojentas.

Eu então o expus no meu círculo de amigos e dei uma surra de críticas.

Depois deletei e bloqueei.

Como eu estava namorando, esse cara também viu.

Ele achou que podia marcar um encontro pra declarar publicamente posse.

Eu sabia bem por que a gente não se via, então a resposta seria não.

Depois de uma semana de insistência dele, eu fiquei irritada e terminei.

Aí o desgraçado se assustou e murchou, igual a um balão furado.

O telefone tocou pela enésima vez, eu suspirei, e em silêncio, virei o aparelho com a tela para baixo sobre a mesa.

Nesse momento minha chefe Leila me chamou de repente.

— Sara, leva essa proposta pro Sr. Silvio.

Todo mundo na empresa sabia que Leila gostava de Silvio.

Se fosse em circunstâncias normais, ela adoraria ter mais contato com ele. Mas ele andava de mau humor, da última vez que ela tentou, achando que estava consolando, levou uma bronca e ficou humilhada, então nem tentou mais.

Eu soltei um "hiss" e sorri amargamente: — Sra. Leila, isso é pular um nível, não é apropriado, né?

Silvio era meu namorado virtual, embora eu tivesse o contato dele no trabalho, a gente nunca havia interagido pessoalmente. Além disso essa proposta já estava emperrada há tempos, Silvio sempre achou ruim, nem quando ele estava de bom humor a coisa ia sem críticas, imagina agora, era basicamente me mandar pra tomar chumbo.

Leila revirou os olhos:

— Te disseram pra fazer, faz. Para com essas desculpas.

…Certo.

Mesmo tendo vasculhado tudo dele online, fiquei meio receosa com contato real.

Além do mais, no trabalho ele era notório por ser exigente, podia-se dizer bem autoritário.

E bem ácido também.

Hesitei um pouco e peguei o celular.

Depois que terminei naquele dia, ele ficou implorando desculpas, claramente em pânico, mas eu não respondi.

Na hora eu só terminei de coração frio e deixei quieto, um porque tinha medo de amolecer, outro pra segurá-lo na linha.

Encontro era impossível, término era aceitável.

Pensei e mandei uma mensagem.

"Pode não terminar, mas comporta-se um pouco, tá? Eu realmente não gosto de gente sem palavra."

Ele respondeu na hora:

"Amor, você finalmente me respondeu, eu sei que errei, desculpa, nunca mais faço isso."

E mandou um emoticon de cachorrinho chorando.

Respirei fundo e bati na porta.

Quem estava lá ficou nervoso por um instante, depois pigarreou:

— Pode entrar.

Quando entrei, meu olhar foi imediatamente atraído pelo nariz um pouco vermelho de Silvio.

Será que ele tinha chorado?

Ao notar meu olhar, ele bateu na mesa meio envergonhado:

— Entregou a proposta? Deixa aqui, você pode ir embora.

Tão evidente que o humor melhorou.

Se não, ele já teria me dito que eu estava pulando nível.

Teve um colega que foi demitido por passar por cima da hierarquia.

Embora não tenha sido só isso, o colega tinha baixo desempenho e não obedecia ordens, no fim recebeu uma indenização, não dá pra negar que reportar acima é um tabu no trabalho.

Mas a proposta ainda não prestava, acabou voltando pra mim, e Leila me entregou de novo.

Sem opção, tive que fazer horas extras pra revisar.

Justamente hoje Silvio estava de bom humor, saiu no horário certinho, era sexta-feira, então os outros, cansados de horas extras, saíram cedo, logo só restávamos eu e a recepção.

Mas eu não sabia até que horas teria que mexer na proposta, então garanti pra recepção que eu apagaria as luzes e trancaria, e mandei a pessoa ir embora.

Não sei quanto tempo se passou quando ouvi o leitor facial da porta, congelei, fiquei com medo.

Olhei as horas, já passava das dez da noite. Quem seria naquela hora?

Filmes de terror em escritórios giravam na minha cabeça, eu me consolava achando que fantasmas não existiam, ao mesmo tempo prendia a respiração, tensa, sem me mover.

Uma figura familiar se aproximou, ao ver o rosto, respirei aliviada.

Era Silvio.

— Por que você está sozinha aqui? Não vai pra casa?

Silvio parecia surpreso de eu ainda estar trabalhando, fiquei mordendo a língua: culpa sua!

— Essa proposta é urgente, tenho receio de que, se eu terminar amanhã, ainda não fique viável, então pensei em fazer hora extra hoje pra ajustar.

— Ah, aquela proposta.

Silvio ficou pensativo por um momento e veio direto na minha direção:

— Deixa eu te explicar melhor, aí facilita na hora de alterar.

Meu coração apertou, a gente tinha reatado, então eu tinha que responder às mensagens, e eu achava chato ter que abrir o celular sempre, então já havia trocado pra minha conta pessoal no computador.

E agora?

Silvio veio:

— Abre aí pra eu ver.

Minha cabeça rodou, minhas mãos mexiam devagar no computador.

Quando já tinha ajustado, Silvio disse:

— Dá um espaço, eu...

— Espera!
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