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Capítulo 5

Author: Feijões Barulhentos
Para marcar o recomeço de Rafaela, Camila decidiu reservar todo o terraço do Clube Nuvem, um bar exclusivo em Belmira frequentado apenas por membros.

Naquela noite, Rafaela usava o vestido preto e longo, de alças finas, simples e elegante, que a amiga havia escolhido especialmente para a ocasião. O tecido valorizava ainda mais a brancura delicada da pele, e o colo exposto parecia esculpido com uma sofisticação que chamava a atenção.

— Vem, Rafa, brinda comigo! — Disse Camila, erguendo a taça de vinho com um sorriso aberto. — Um brinde àquela Rafaela que vivia cega e iludida. A partir de hoje, você vai viver só por você mesma!

Rafaela olhou para ela e, pela primeira vez em muito tempo, deixou que um sorriso verdadeiro brilhasse nos olhos. Ergueu a própria taça e a encostou na da amiga, o som cristalino ecoando pelo ar.

— Um brinde a mim. — Ela murmurou.

O vinho escorreu pela garganta com aquele amargor suave misturado ao toque adocicado da fruta, deixando um calor gostoso que foi se espalhando pelo corpo até aquecer a pele.

Embalada pelos brindes e pela animação de Camila, Rafaela acabou aceitando mais algumas taças. Aos poucos, a tensão nos ombros cedeu, as defesas foram baixando, e o rosto corado ganhou uma delicada vivacidade.

O olhar, antes apagado e vazio, agora refletia um brilho enevoado, quase etéreo, como se a tristeza estivesse se desfazendo taça após taça.

Em determinado momento, Rafaela se levantou para ir ao banheiro. O caminho passava por um corredor estreito, mais silencioso. Foi naquele trecho que, de repente, uma porta de camarote se abriu e quatro rapazes cambaleantes saíram rindo alto, bloqueando a passagem.

O da frente tinha o cabelo endurecido de gel, uma corrente de ouro grotesca no pescoço e olhos estreitos que a percorreram de cima a baixo com descaro.

— Olha só, sozinha, gata? — Ele disse em tom cínico, estendendo a mão para agarrar o braço dela. — Não precisa ir embora, fica e se diverte com a gente.

Rafaela recuou instintivamente, como se cada gota de álcool tivesse desaparecido do sangue naquele exato segundo. O olhar endureceu, a respiração se firmou e a voz cortou o ar, seca e gelada:

— Saiam da minha frente.

— Além de gata, ainda é arisca! — Zombou o loiro, chegando mais perto com um sorriso sujo. Os amigos caíram na risada e fecharam o cerco ao redor dela. — Qual é, princesa, não precisa se fazer de difícil. Aqui o que não falta é grana.

Ela tentou se soltar, mas a luta só serviu para provocar ainda mais a fúria dele.

O tapa veio seco, estalando alto no corredor silencioso. Não foi forte o bastante para derrubá-la, mas a ardência queimou como fogo, e a humilhação atravessou mais fundo que a própria dor.

Naquele instante, algo dentro dela se rompeu. Era como se uma chave tivesse sido girada em sua mente. De repente, Rafaela já não estava mais ali.

O cheiro enjoativo de álcool, a força bruta que a puxava, tudo a lançou de volta para a pior noite da sua vida.

A lembrança tomou conta dela. Cinco anos atrás, na fronteira do sudeste de Andalúcia, o cheiro de pólvora e ferrugem impregnava o ar do galpão abandonado. O chão úmido exalava mofo, e cada sombra nas paredes parecia se mover sozinha. Rafaela estava caída, o rosto pressionado contra o cimento áspero, sentindo a pele arder sob a fricção.

Um dos sequestradores a segurava com brutalidade, mantendo-a imóvel. Outro se agachou diante dela, os dedos imundos de graxa e sangue lhe apertando o queixo até forçar seu olhar para cima.

Ele a observou em silêncio por um instante, os olhos cheios de uma cobiça repulsiva. Então deixou escapar algumas palavras numa língua estrangeira, que Rafaela não compreendeu. O sorriso torto, carregado de malícia, revelava tudo.

— Nada mal... — Murmurou, com a voz arrastada, como se saboreasse a humilhação.

Rafaela tentou se soltar com todas as forças, mas cada movimento só fez os dedos que a seguravam cravarem ainda mais fundo em sua pele.

O tapa veio de repente. Um estalo seco cortou o silêncio do corredor, reverberando como um golpe de chicote. A ardência lhe queimou o rosto, mas a vergonha, cruel e sufocante, atravessou mais fundo do que a dor.

Os ouvidos zuniram, a visão escureceu. O coração batia descompassado, acelerado, como se fosse explodir a qualquer instante.

O sujeito riu, a respiração impregnada de álcool, inclinando-se tão perto que Rafaela pôde sentir o cheiro enjoativo de uísque misturado ao suor. A mão dele foi até o cinto, e o tilintar metálico da fivela soou como uma sentença.

O pânico tomou conta de Rafaela. Era um medo absoluto, esmagador, que paralisava cada músculo do corpo. O olhar perdeu o foco, os braços cederam. Ela se tornou um boneco inerte, arrastada passo a passo em direção à porta do camarote, que se erguia diante dela como a entrada de um inferno.

Naquele momento, do fim do corredor, uma porta se abriu. Daniel Campos saiu junto de alguns amigos, rindo baixo enquanto se despediam. Mas o riso morreu no mesmo instante em que seus olhos captaram a cena alguns metros adiante.

Uma mulher de vestido claro era puxada à força por dois sujeitos. O corpo frágil, a resistência inútil, a tensão estampada no movimento dos braços... havia algo naquela cena que lhe pareceu inquietantemente familiar.

O coração de Daniel apertou por um segundo. Ele estreitou os olhos, certo de que não podia estar enganado. Era ela.

O olhar dele endureceu, ficando frio como aço.

— Me deem um minuto. — Ele murmurou para os amigos, antes de disparar pelo corredor.

Em poucos passos, estava diante deles. Não disse nada, não pediu explicações. Apenas ergueu a perna e desferiu um chute seco e preciso no estômago do homem que agarrava o braço dela. O impacto foi tão violento que o sujeito soltou um grito sufocado e foi arremessado contra a parede, desabando no chão como um saco vazio.

Daniel aproveitou o momento para puxar Rafaela, colocando-a atrás de si com firmeza.

Os valentões perceberam que Daniel estava sozinho. Embalados pela coragem barata do álcool, não pensaram duas vezes antes de cercá-lo de todos os lados, prontos para esmagá-lo pela vantagem numérica.

— Quem é esse maluco achando que pode se meter? — Um deles debochou, cuspindo as palavras. — Acaba com ele!

Vieram todos ao mesmo tempo, confiantes de que seriam páreos fáceis.

Daniel não recuou. Com um movimento rápido, puxou a mulher para trás de si e ergueu o corpo como uma muralha. O olhar era sereno, mas o corpo se movia como um predador solto na arena.

Um soco seco explodiu contra o maxilar do primeiro, a cotovelada seguinte afundou no estômago do outro, e um golpe de joelho fez o terceiro se dobrar como se os ossos tivessem se partido. O som abafado de ossos e carne se chocando ecoava pelo corredor, cada impacto mais brutal que o anterior.

Em poucos segundos, a risada dos valentões virou gemido. O chão ficou tomado por corpos caídos, retorcendo-se de dor, enquanto Daniel permanecia firme, respirando compassado, como se tivesse acabado de se livrar de um incômodo qualquer.

Quando Daniel pensou que havia terminado, percebeu que um dos homens caídos começava a se levantar, trôpego e vacilante.

Com os olhos inflamados de ódio, ele agarrou um pesado vaso de cerâmica que estava encostado à parede e, emitindo um grunhido gutural, ergueu-o sobre a cabeça, pronto para esmagá-lo pelas costas.

O som cortante do ar advertiu Daniel antes mesmo do impacto. Num reflexo rápido, girou o corpo, e as pupilas se contraíram instintivamente.

A sua primeira reação não foi se defender, mas envolver Rafaela em um abraço firme, puxando-a para dentro de si e a cobrindo completamente, transformando-se no escudo que interceptaria qualquer golpe.

Ainda no mesmo movimento, o tronco dele se torceu e a perna descreveu um arco veloz, em um chute giratório certeiro que atingiu o pulso do agressor. O vaso saiu voando, colidiu contra o piso e se despedaçou em estilhaços espalhados pelo corredor. Um grito de dor ecoou antes que o homem tombasse novamente, derrotado de vez.

O ambiente mergulhou num silêncio abrupto, apenas o som ritmado das respirações ofegantes preenchia o espaço. Rafaela permaneceu colada ao peito dele, sentindo o calor sólido e protetor daquele abraço e inalando o aroma que misturava o leve traço alcoólico da noite com o perfume amadeirado que emanava de sua pele.

O gesto que ele havia feito... aquele impulso imediato de protegê-la sem pensar em si mesmo...

Na mente de Rafaela, a cena se fundiu a uma lembrança que, por cinco anos, permanecia enterrada. O momento em que um soldado desconhecido, no meio de tiros e explosões, a cobriu com o próprio corpo para protegê-la dos estilhaços.

Passado e presente se entrelaçaram, e uma sensação inesperada de segurança dissipou parte das sombras que a acompanhavam desde então. Ela respirou fundo, como se emergisse de um pesadelo prolongado.

Quando viu outro agressor tentando se levantar, algo se transformou dentro dela. O olhar endureceu, e, sem hesitar, Rafaela agarrou sua bolsa estruturada, acertando com força a parte metálica diretamente na nuca dele. O homem soltou um gemido baixo antes de desmaiar instantaneamente.

Foi naquele momento que Camila surgiu correndo, acompanhada pelos seguranças do bar. Todos pararam diante da cena, o corredor coberto por pedaços de cerâmica, corpos inertes no chão e cada agressor já neutralizado.

Os olhos de Camila se arregalaram quando reconheceram o homem que permanecia no centro da confusão, ainda com os braços em volta de Rafaela. A expressão dela foi de puro espanto.

— Tio... tio Daniel?

Rafaela só então se deu conta da forma como estavam, o corpo praticamente colado ao dele. O rosto aqueceu em vergonha, e ela se afastou rapidamente, mantendo a cabeça baixa, incapaz de sustentar o olhar intenso que ele lhe dirigia.

Mas Camila, atenta e divertida, não deixou o momento passar. Os olhos dela iam de um para o outro como se tivesse testemunhado uma cena romântica proibida ganhar vida, e um sorriso maroto lhe curvou os lábios.

— Tio Daniel, essa é a Rafaela, minha melhor amiga. Rafa, esse é o meu tio, Daniel.

O olhar dele se deteve no rosto corado de Rafaela, deslizou até seu pescoço delicado e, por um instante, pareceu perdido em pensamentos. Então, ele retomou o tom sério e firme que lhe era característico, carregando a autoridade de quem não admitia contestação.

— Meninas, vocês sabem muito bem o risco de permanecerem em lugares assim a esta hora. É totalmente irresponsável.

Sem dar espaço para protestos, Daniel fez questão de conduzi-las em segurança até em casa.

Durante o trajeto, Rafaela permaneceu calada, sentindo o coração pulsar com força. As imagens do momento de proteção, o toque firme e a postura decidida dele martelavam na sua mente, gravando-se como algo difícil de apagar.

Assim que chegaram ao apartamento, Camila não conteve a empolgação e explodiu:

— Meu Deus, Rafa, você viu? O meu tio, aquele ogro que nunca dá atenção para ninguém, hoje virou um verdadeiro príncipe encantado! Ele fez questão de trazer a gente de volta, e eu ainda estou tentando processar isso!

Aproximando-se mais, ela abaixou a voz, os olhos brilhando com a cumplicidade de quem guarda um segredo:

— Vou te contar algo... No nosso círculo, ele é visto como o solteiro mais cobiçado. Dizem que há anos guarda um amor impossível, fiel como uma rocha. Nunca nenhuma mulher conseguiu ultrapassar essa muralha. Nenhuma!

Camila deu uma cotovelada brincalhona em Rafaela, provocando:

— E se, hein? Já pensou? Às vezes, esquecer o homem errado é mais fácil quando a gente se apaixona pelo certo... e acho que ele te olhou de um jeito diferente.

Rafaela apenas balançou a cabeça, mantendo as mãos firmes na xícara de chá quente. A voz saiu baixa, quase um murmúrio:

— Eu não quero me envolver novamente em algo sem futuro.

Apesar do que dizia em voz alta, a presença de Daniel não saía da mente dela. A lembrança daquele instante em que ele a envolveu nos braços, a mesma sensação de proteção que já vivia no passado, misturada ao perfume discreto de madeira nobre que vinha dele, marcou seu coração como uma luz suave e, ao mesmo tempo, impositiva. Uma marca que, depois de cinco anos de silêncio, parecia impossível apagar.
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