Já havia se passado três dias desde a partida de Rafaela, três dias inteiros sem uma ligação, sem sequer uma mensagem breve.A rotina de Henrique mergulhara em um caos silencioso, um tipo de desordem emocional que ele jamais tinha enfrentado. De pé, sozinho, na cozinha ampla e fria da mansão, encarava a imponente máquina de café importada, adquirida a preço alto como símbolo de perfeição. Tentou repetir o ritual que, antes, fazia com tranquilidade, mas o resultado nunca saía como deveria. Ora o sabor se tornava amargo demais, ora ácido demais, sem atingir aquele equilíbrio que ele tanto buscava.Num gesto brusco, ele atirou a xícara na pia, observando o líquido escuro respingar e escorrer pelo ralo. Foi só naquele instante que percebeu, com uma clareza incômoda, o quanto Rafaela havia se infiltrado discretamente em sua vida, como um sopro invisível presente em cada canto da casa.Ela agia com uma presença silenciosa, tão constante que ele só se deu conta dela agora, na ausência. E, se
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