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Capítulo 2

Author: Calma
Sim, ele podia ficar tranquilo.

Tranquilo para ir com a Paula para o exterior, para ela descansar e ficar meses fora.

Mas ele não sabia por que os pais, que estavam lá de boa, iriam voltar de repente.

E ele também não sabia que os pais já tinham descoberto as sacanas que ele fez comigo.

Eu dei um sorriso frio. Não me opus.

Eu tinha pedido para a mãe dele voltar.

Porque eu sabia que, sozinha, eu jamais ia conseguir fugir das mãos de Lucas.

Vendo minha falta de reação, ele se agachou e me olhou com um toque de amor.

— Inácia, eu te amo.

— Depois que Paula tiver o bebê, eu volto para você, prometo.

Eu tratei essas palavras como vento.

Mesmo que ele pensasse isso agora, bastava uma palavra de Paula para ele quebrar a promessa sem dó.

Eu não acreditava mais.

Só faltavam três dias.

Ele podia se livrar de mim e ser o pai dedicado do filho da Paula.

Naquela noite, Lucas não dormiu em casa.

Paula disse que estava com muito movimento na barriga, e ele usou isso de desculpa para ir ficar com ela.

Quatro anos de namoro, três de casados. Eu sempre achei que ele me amava.

Tudo mudou até Paula voltar e engravidar do filho de outro.

Meu marido, que me amava, agora só dava atenção para outra.

Eu estava presa nesta prisão sem luz.

E todo o meu amor por ele foi se esgotando, aos poucos.

A decepção virou desespero. Não sobrou nada.

Então, era a hora de ir.

No dia seguinte, no meu aniversário, Lucas disse que viria me buscar. Ele ligou várias vezes me apressando.

Mas, na hora de sair, só tinha o carro dos seguranças.

— Inácia, tive um imprevisto.

— Vai na frente, chego assim que puder.

Eu não esperava nada, então não havia decepção.

O vento gelado do inverno cortava meu rosto.

Mas eu não sentia nada.

Assim era meu sentimento por Lucas.

Da decepção para o desespero total. Nenhuma dor mais me atingia.

O carro parou na frente de um clube.

Eu fiz uma careta, mas saí.

Os seguranças me levaram para um salão privado.

Mas eu não conhecia ninguém.

Eles me olhavam de um jeito estranho, cheio de deboche e desdém, querendo me atravessar.

Me evitavam como se eu fosse lixo.

— Ela traiu o chefe Lucas e ainda quer festa de aniversário dele?

— O chefe Lucas é um coitado. Ainda deixa ela ter aquele bastardo.

— Não sei o que o chefe Lucas viu nela. A Paula é mil vezes melhor.

Eles falavam alto. De propósito, para mim.

Viram? Essa era a obra de Lucas.

Ele não suportava ver Paula ser julgada pelos pais.

Mas não pensou que a dor que eu sentia era mil vezes maior.

Eu podia aguentar por mim, mas não queria que meu filho nascesse sendo alvo de tanto ódio.

Levantei para sair.

Afinal, parecia que eu não era bem-vinda naquela festa.

Mas, ao abrir a porta, dei de cara com Lucas e Paula.

Ele estava sem graça, com o olhar desviado. Ela sorria, vitoriosa.

Eu sabia que, parados ali, eles tinham ouvido.

Eles ouviram como as pessoas me insultavam e riam de mim.

Mas ele, o Lucas, nada disse. Apenas permitiu que Paula me puxasse de volta para dentro.
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