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Capítulo 14

Author: Heloísa Rodrigues
Perceber o olhar de Sérgio fez Isabela instantaneamente lembrar da confusão daquela noite. Sua bochecha queimou de imediato, como se estivesse pegando fogo.

Ainda por cima, o homem tinha uma postura altiva, com um rosto imperturbável, e aqueles olhos de águia pareciam totalmente desprovidos de qualquer desejo.

Era difícil até mesmo chamar ele de cafajeste, porque ela não sabia como começar.

Isabela apenas tossiu levemente e continuou:

— A vantagem é que, embora nossa empresa seja pequena, assinando o contrato com você, a gente vai se dedicar totalmente ao seu projeto. Toda a nossa empresa vai se esforçar muito mais do que outras grandes agências.

Ela lançou um olhar rápido para Sérgio, mas o rosto dele continuava impassível.

Isabela, irritada, revirou os olhos mentalmente e prosseguiu:

— Além disso, qualquer pedido seu será atendido na maior medida possível!

Finalmente, ela notou uma mudança no rosto de Sérgio.

— Ah é? Qualquer pedido pode ser atendido? — Ele disse, com um tom de curiosidade.

Isabela assentiu sinceramente, mas ao olhar nos olhos profundos de Sérgio, um arrepio percorreu sua espinha.

Ele não disse nada mais, mas seus dedos continuaram a bater rítmica e lentamente no sofá, produzindo um som de "tap, tap". Aquele som, calmo, mas insistente, parecia perfurar o coração de Isabela, fazendo ela se sentir cada vez mais nervosa.

O tempo passou em silêncio até que, finalmente, ele abriu a boca e, com um tom suave, disse:

— Posso considerar seu contrato.

Ao ouvir aquilo, o rosto de Isabela se iluminou de alegria instantaneamente.

Mas logo depois, Sérgio continuou:

— Eu posso oferecer o mesmo preço que as grandes agências, mas tenho uma condição.

Isabela mordeu os lábios, com o olhar fixo nele:

— Pode falar, vou fazer qualquer coisa dentro do possível.

Sérgio levantou uma sobrancelha, olhando ela com um sorriso irônico.

— Minha condição é: quero você.

Isabela, sem pensar, assentiu.

— Mas... O quê? — Ela hesitou, e então o encarou, com uma expressão confusa. — Sr. Sérgio, você quer que eu seja sua namorada?

Sérgio imediatamente deu um sorriso sarcástico, e com um olhar desdenhoso, respondeu, com um tom de zombaria:

— Você acha que é digna disso?

As palavras soaram duras e, sem saber o que dizer, Isabela apenas fechou a boca e ficou em silêncio.

Sérgio continuou com sua postura arrogante e se levantou, dizendo:

— Te dou um dia para pensar. Estou no 808, do andar de cima. Quando tomar uma decisão, traga o contrato e venha me procurar.

Com aquilo, ele se levantou e saiu, deixando Isabela sozinha, completamente atônita, sentada na sala.

Ela não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir.

Sérgio estava tentando usar o contrato para forçar ela a ficar com ele?

A sensação de frio tomou conta de seu coração, e ela ficou completamente desconcertada.

Embora tivesse sido ela quem provocou Sérgio antes, a situação era diferente.

Se ela aceitasse daquela vez, o que seria? Qual seria a diferença entre aquilo e... Vender-se?

Sérgio realmente era um homem muito competente, ela não tinha aversão a ele.

Mas se fizesse aquilo, a relação de poder entre ela e Sérgio ficaria desequilibrada!

Ela não pôde deixar de pensar se aquele contrato era realmente tão importante assim.

Enquanto estava em conflito consigo mesma, o celular de repente tocou.

Era Suzana. Ela hesitou um pouco antes de atender, e mal abriu a boca, ouviu a voz de Suzana, trêmula e cheia de choro:

— Oi, Isabela, o que eu faço, o que eu faço agora...

Isabela, tentando esconder sua preocupação, perguntou:

— O que aconteceu?

Suzana soluçou:

— Minha mãe está internada, o hospital disse que ela está com falência renal, precisa urgentemente de um transplante, mas... Mas o médico disse que custa muito dinheiro, e eu... Eu não tenho o suficiente.

Com as palavras fragmentadas de Suzana, Isabela sentiu o coração apertar.

A mãe de Suzana estava doente e internada, precisando urgentemente de uma cirurgia, e o mínimo necessário era um milhão.

Se fosse antes, um milhão não seria nada para ela, mas abrir a empresa fez com que ela e Suzana usassem todas as economias.

Naquele momento, o dinheiro na conta da empresa era suficiente apenas para pagar os salários dos funcionários.

Um milhão, para elas duas, era algo realmente difícil de conseguir.

Depois de um tempo, seu olhar caiu sobre o contrato à sua frente.

— Fique tranquila, eu vou dar um jeito. — Isabela tentou parecer tranquila enquanto dizia a Suzana. — Vou te transferir uma parte agora para você pagar, o restante vou depositar na sua conta amanhã.

Ela e Suzana se conheciam há tantos anos, e Suzana nunca pedia ajuda daquele jeito, a não ser em uma situação extrema.

Após desligar o celular, Isabela suspirou, apertando o contrato nas mãos enquanto subia as escadas.

Quando chegou em frente ao 808, ela levantou a mão e bateu na porta.
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