Capítulo 1

Era uma hora da madrugada.

Paloma, de repente, viu o Instagram de Letícia.

[Agradeço ao Sr. Augusto e ao pequeno Vagner pelo presente que me deram. A caneca foi feita pessoalmente pelo Vagner.]

Paloma abriu a foto.

Uma corrente e uma caneca artesanal apareceram diante de seus olhos.

Ela ainda conseguiu ver vagamente que, na caneca, estava gravada a frase: [Feliz aniversário para a mamãe.]

Instintivamente, Paloma olhou para a mesa de jantar, onde os pratos já estavam completamente frios, assim como o bolo de aniversário, cuja vela ainda não tinha sido acesa. O canto de seus lábios se curvou em um sorriso autodepreciativo.

Paloma se lembrou de uma notícia recente que havia sido enviada ao seu celular pouco tempo antes.

[Confirmado! O famoso e frio Augusto, de temperamento altivo, na verdade já está casado em segredo e ainda tem um filho de cinco anos!]

Na foto, um homem alto e bonito e uma mulher esbelta e linda estavam de mãos dadas com um garotinho de cinco anos, passeando pelo parque de diversões.

Letícia sorria ao acariciar a cabeça de Vagner Cardoso, enquanto Augusto Cardoso a olhava fixamente, com um brilho nos olhos de concentração e ternura inéditas.

Um homem bonito, uma bela mulher e um garotinho tão parecido com Augusto, eles realmente pareciam uma família de três pessoas felizes.

Naquele dia, era o aniversário de Paloma.

Também era o quinto aniversário de casamento dela com Augusto.

No entanto, parecia que quem comemorava o aniversário não era ela, e sim Letícia.

Seu marido e seu filho não apenas passaram o aniversário dela ao lado de Letícia, como também deram a Letícia o presente que originalmente era destinado a ela.

Paloma não ficou nem um pouco surpresa, pois já estava acostumada.

Letícia foi o primeiro amor de Augusto e sofria de uma doença terminal, restando a ela apenas um ano de vida.

O último desejo de Letícia antes de morrer era ver Augusto mais uma vez.

Augusto disse que queria fazer algo por Letícia, esperando que Paloma pudesse compreender.

Paloma, no fundo, não queria compreender, mas sabia que não conseguiria impedi-lo.

Porque aquela foi a primeira vez que Augusto lhe comunicou algo com uma expressão tão solene.

O coração de Paloma doeu como se um pedaço tivesse sido arrancado, ficando vazio e latejante.

Ela não soube por quanto tempo ficou sentada no escuro, até que, de repente, ouviu o som da porta se abrindo na direção da entrada.

Augusto entrou com Vagner.

Quando viu Paloma sentada na sala de jantar, Augusto claramente ficou surpreso.

Ele parecia ter esquecido que dia era aquele e olhou surpreso para Paloma.

— Por que você ainda não foi dormir?

Paloma respondeu com indiferença:

— Tenho algo para conversar com você.

Augusto franziu levemente as sobrancelhas e baixou o olhar para Vagner.

— Vagner, suba e descanse um pouco.

Vagner esfregou os olhos, bocejando enquanto passava ao lado de Paloma.

Vagner pareceu pensar em algo e parou por um instante.

— Mamãe, feliz aniversário.

Vagner ergueu o rosto e, com olhos belos que lembravam muito os de Augusto, olhou para ela.

— Não é de propósito que eu e o papai esquecemos do aniversário da mamãe. É só que nós três ainda vamos ter muito tempo juntos, mas a tia Letícia só tem mais seis meses. A mamãe não vai ficar chateada com a gente por uma coisa tão pequena, vai?

Paloma não sabia o que era mais doloroso: ser esquecida no aniversário ou perceber que, mesmo lembrando, eles ainda a ignoravam por hábito.

Depois que Vagner saiu, o silêncio tomou conta do ambiente.

Augusto foi o primeiro a falar, rompendo a quietude.

— O que você quer conversar comigo?

O homem vestia uma camisa branca, calças sociais pretas, seus traços eram delicados, e a postura, fria como a neve.

Parecia uma lua distante no céu noturno.

Frio e indiferente.

Paloma inspirou fundo:

— Augusto, vamos nos divorciar.

O olhar de Augusto ondulou levemente, como a superfície de um lago tocada pelo vento.

Mas, rapidamente, toda emoção desapareceu sem deixar vestígio.

— Paloma, eu não esqueci seu aniversário. Inclusive, já preparei seu presente há tempos.

— Presente? — Paloma sorriu levemente. — Não é o colar da minha mãe que você deu para a Srta. Letícia?

Aquele colar havia sido deixado para Paloma por sua mãe quando ela faleceu.

Porém, no dia em que Paloma deu à luz Vagner, ela o perdeu.

Augusto prometeu que ia encontrá-lo para ela.

De fato, ele encontrou o colar, mas acabou dando-o para Letícia.

Augusto manteve uma expressão impassível, sem demonstrar o menor constrangimento por ter sido desmascarado. Apenas aquele olhar profundo parecia ainda mais sombrio do que o habitual.

— Aquele colar foi só emprestado para a Letícia, em breve ela vai devolver para você.

— Em breve? — Paloma retrucou. — Quer dizer, no dia em que ela morrer?

— Paloma! — A voz fria e cortante interrompeu suas palavras. Nos traços marcantes e no olhar penetrante do homem, surgiu uma raiva que destoava completamente da costumeira frieza e indiferença. — Já chega.

Paloma sentiu, de fato, que já era o bastante.

Ela cansou de viver uma vida em que o marido tinha outra pessoa no coração, em que o próprio filho lhe era distante, e em que era desprezada pela família do marido.

Augusto disse:

— A Letícia só tem mais seis meses de vida. Até o Vagner entende isso, por que você não consegue ser compreensiva?

Naquele instante, Paloma de repente não quis mais suportar tudo aquilo.

Ela ouviu a própria voz, fria e indiferente:

— Quanto tempo ela ainda tem de vida não me diz respeito. Ela não tem nada a ver comigo, por que eu deveria tolerar ela?

Augusto parecia não acreditar que a sempre dócil Paloma fosse capaz de dizer palavras tão cruéis.

O olhar dele parecia coberto por uma camada fina de gelo:

— Paloma, eu pensei que já tivéssemos chegado a um consenso.

Paloma sorriu levemente:

— Ela quer reviver as maravilhas do primeiro amor, e eu tenho que assistir você começar um novo romance com ela. Ela quer experimentar a sensação de se casar, então você simplesmente entrega para Letícia o casamento que preparei com tanto carinho. Eu tenho que ver, diante dos meus olhos, vocês dois levando o Vagner pela mão e entrando juntos no altar. Ela quer conhecer todas as belezas do mundo, e você a leva para viajar por aí. Se ela quisesse a lua do céu, tenho certeza de que você daria um jeito de trazer para ela, não é?

Ela e Augusto haviam mantido um casamento oculto por cinco anos, sem jamais terem realizado uma cerimônia.

Certa vez, Vagner perguntou de repente como era a mãe vestida de noiva, e foi então que Augusto decidiu realizar uma nova cerimônia de casamento, permitindo que ela participasse de todo o processo, deixando que tudo fosse feito de acordo com suas preferências.

Ela se dedicou meticulosamente aos preparativos durante meio ano, mas tudo foi arruinado por uma única frase de Letícia.

O olhar de Augusto se tornou completamente frio:

— Paloma, você passou dos limites.

"Eu passei dos limites..."

O peito de Paloma apertou, e ela fechou os olhos, desapontada.

Após tantos anos de casamento, ela sempre se esforçou para ser uma esposa e mãe exemplar.

Por mais que se dedicasse, Augusto sempre a tratava com indiferença.

Ela pensava que aquele era apenas o jeito reservado dele.

Foi só com o retorno do primeiro amor dele que Paloma percebeu que esse Augusto, que muitos julgavam frio e orgulhoso, também podia ser intenso e apaixonado.

Ela pegou o acordo de divórcio que já estava assinado e pronto sobre a mesa.

— Já assinei meu nome. Assine o quanto antes também. Se você conseguir fazer com que a Letícia se torne oficialmente sua esposa antes que ela parta, acredito que ela vai ficar ainda mais feliz.

Os lábios de Augusto se comprimiram numa linha fina, e seu rosto belo parecia coberto por uma camada de gelo.

Aquele era seu sinal mais claro de descontentamento.

— E o Vagner?

A voz de Paloma saiu muito baixa:

— Fica com a sua família.

Ele estava prestes a dizer algo, quando seu telefone tocou repentinamente.

— Augusto, uma emergência! A Letícia desmaiou de repente e foi levada para a sala de emergência!