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Capítulo 5

Author: Isabela Monteiro
Paloma virou a cabeça e viu Vagner caminhando atrás de Augusto.

Naquele momento, embora estivesse falando com ela, o olhar preocupado de Vagner permanecia fixo em Letícia.

Antes, sempre que Letícia apresentava qualquer problema, Augusto e Vagner ficavam extremamente apreensivos.

Houve uma vez em que os quatro saíram juntos para o parque.

Paloma não soube se Letícia havia sofrido insolação ou se a doença dela havia recaído de repente.

De qualquer forma, Letícia, de maneira inexplicável, quase desmaiou subitamente.

Augusto e Vagner correram ao mesmo tempo em direção à Letícia.

Em meio ao pânico, Augusto chegou a empurrar Paloma ao chão.

No entanto, ninguém percebeu esse detalhe.

O mais irônico foi que, depois, Augusto viu a mão dela enfaixada e ainda perguntou como ela tinha se machucado.

Um leve som interrompeu os pensamentos de Paloma.

— Vagner, fui eu que não me mantive firme, não tem nada a ver com sua mãe. — Letícia balançou a cabeça para Vagner, com lágrimas escorrendo pelos cantos dos olhos, demonstrando-se muito aflita. — A culpa é toda do meu corpo, que realmente é muito fraco...

Vagner fez um biquinho:

— Mas eu vi com meus próprios olhos, a mamãe empurrou a tia Letícia.

Ao dizer isso, ele se virou e olhou para Paloma, com expressão séria.

— Mamãe, desde pequeno você me ensinou que devemos admitir nossos erros. Como adulta... Você não vai voltar atrás na sua palavra, vai?

No que dizia respeito à recuperação da saúde de Vagner, Paloma sempre dedicava todo o seu empenho.

No entanto, quanto aos estudos diários dele, Paloma praticamente nunca precisou se preocupar.

Vagner tinha apenas cinco anos, mas já dominava três idiomas e se expressava muito bem.

Mesmo tão pequeno, às vezes conseguia deixar adultos sem resposta.

A mãe de Augusto costumava dizer que a inteligência de Vagner lembrava muito a de Augusto quando era criança.

Agora, porém, Vagner repreendia Paloma por causa de Letícia.

Como adulta e mãe de Vagner, ela sabia que precisava servir de exemplo.

"Se eu mesma não fosse capaz de agir corretamente, como poderia exigir isso do meu filho? Se eu não cumprisse as minhas próprias palavras, como poderia educar meu filho no futuro?"

Paloma olhou para as duas figuras ao lado de Letícia, uma grande e outra pequena.

De repente, ela sentiu que, em comparação a ela, eles mesmos pareciam ser com uma família.

Embora Paloma já não tivesse grandes expectativas em relação àquele pai e filho, diante da atitude de Vagner, seu coração não pôde deixar de doer um pouco.

Ela abaixou os olhos e olhou os de Vagner:

— Você está certo, de fato te ensinei que, quando cometemos um erro, devemos pedir desculpas. Mas... — Paloma fez uma pausa e declarou com solenidade. — Se eu não errei, por que vou pedir desculpas?

Se fosse antes, Paloma certamente teria cedido por causa de Vagner.

No entanto, naquele dia, ela não o fez.

Vagner respondeu instintivamente:

— Eu vi você empurrando a tia Letícia.

Paloma também não se justificou, apenas sorriu levemente.

— Quem disse que, por eu tê-la empurrado, isso significa que agi errado?

— Mas a mamãe disse que bater nos outros não é certo...

A voz de Paloma soou calma:

— Também já te disse que não devemos intimidar ninguém, mas, da mesma forma, jamais podemos permitir ser intimidados. Se alguém continuar ultrapassando os seus limites, então... Jamais hesite em se defender.

Embora Vagner fosse inteligente, ainda era apenas uma criança de cinco anos.

Ele não esperava que Paloma dissesse aquilo e, por um momento, ficou sem saber o que responder.

Nesse instante, a voz de Vinícius soou ao lado.

— Vagner, não deve falar assim com sua mãe.

Ao ouvir a voz de Vinícius, Augusto e Vagner olharam para ele ao mesmo tempo, como se só então tivessem notado sua presença.

Vagner exclamou, surpreso:

— Tio Vinícius?

Augusto, por sua vez, franziu o cenho:

— Por que você está aqui?

Vinícius, colega mais velho de Paloma e amigo de infância, já era conhecido por Augusto, que o tinha visto muitas vezes e ouviu Paloma falar sobre ele em diversas ocasiões.

Paloma costumava dizer que Vinícius não tinha pai nem mãe desde pequeno e sempre viveu com os avós.

Quando cursava o Ensino Fundamental, os avós de Vinícius faleceram um após o outro, deixando-o completamente sozinho.

Coincidentemente, foi nessa época que a mãe de Paloma descobriu o talento musical de Vinícius e o acolheu como aluno.

Contudo, naquela época, Vinícius era um jovem isolado e melancólico, indiferente a todos ao seu redor.

Paloma levou três anos inteiros para que Vinícius finalmente a aceitasse e a considerasse uma amiga.

No entanto, por alguma razão, desde o primeiro momento em que viu aquele homem, Augusto nunca gostou dele.

— Você pode encontrar sua ex-namorada, mas acha estranho a Paloma jantar com um amigo de infância? — A voz de Vinícius permaneceu totalmente impassível, mas trazia um significado oculto, carregado de sarcasmo.

Além disso, ele expôs, sem rodeios, o lado hipócrita de Augusto e Letícia.

Augusto ficou com o olhar ligeiramente escurecido, e seu rosto bonito adquiriu uma expressão severa.

— Paloma, vamos embora.

Paloma recusou com frieza:

— Não, ainda não terminei de jantar com o Vinícius.

A voz de Augusto ganhou um tom sombrio:

— Paloma, vou dizer pela última vez, vamos embora.

Paloma sabia que aquilo já era um sinal claro de que ele estava furioso.

Se ela continuasse irredutível, então... Não seria apenas uma briga silenciosa.

Ele recorreria aos seus métodos para fazê-la admitir o erro.

Ela jamais esqueceu aquela noite de tempestade, com raios e trovões.

Ela ficou completamente encharcada, ajoelhada de forma humilhante aos pés dele, implorando em prantos para que devolvesse Vagner a ela.

Ele a olhava do alto, perguntando: "Você reconhece seu erro?"

As lágrimas dela caíam no chão como gotas de chuva, e tudo o que pôde fazer foi concordar em pedir desculpas pelo incidente de Letícia ter caído na água.

Ele sempre parecia ter um jeito de lidar com ela.

Ao pensar nisso, Paloma esboçou um sorriso silencioso, seus lábios vermelhos sussurrando:

— Não.

O olhar de Augusto ficou ainda mais gelado, seus lábios se comprimiram firmemente.

— Paloma, pense bem nas consequências.

— O Sr. Augusto pode usar todos os métodos que desejar.

O único ponto fraco dela era Vagner.

Mas, agora, ela já não queria nem mesmo Vagner, Augusto não tinha mais nada com que pudesse ameaçá-la.

Paloma se virou para Vinícius e disse:

— Vinícius, o ar aqui não está bom. Vamos para outro lugar para jantar.

Vinícius permaneceu em silêncio por alguns segundos e então assentiu levemente.

— Está bem.

Paloma não olhou mais nenhuma vez para os três, pegou a bolsa em cima da mesa e se preparou para sair.

Atrás dela, soou a voz teimosa de Vagner:

— Mamãe, você realmente não vai pedir desculpas para a tia Letícia?

Os passos de Paloma vacilaram por um breve instante, mas ela foi embora sem olhar para trás.

Augusto observou as costas de Paloma se afastando, seu olhar se tornando ainda mais frio e profundo.

Vagner também olhou para a silhueta de Paloma, e em seu belo rostinho surgiu uma expressão de confusão.

"Parece que algo mudou na mamãe?"

Letícia, ao perceber que ambos olhavam para Paloma, deixou passar um traço profundo de frieza em seus olhos.

De repente, soltou um grito baixo:

— Ah!

A atenção de Augusto e Vagner se voltou imediatamente para Letícia.

Letícia ficou pálida, seu corpo balançou, parecendo prestes a desmaiar.

Augusto, com o olhar mudado, rapidamente pegou Letícia nos braços.
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