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Capítulo 4

Author: Isabela Monteiro
Vagner franziu os lábios:

— Minha alergia já está melhorando. O médico falou que, de vez em quando, não tem problema comer um pouco. Mas minha mãe sempre quer me controlar, fazer com que eu obedeça.

A palavra "controlar", dita por uma criança de apenas cinco anos, pareceu realmente estranha.

Quando Augusto estava prestes a falar, o telefone tocou de repente.

Ele atendeu, e a voz de Letícia veio do outro lado da linha.

— Augusto, você já está em casa?

— Sim, estou.

— A Srta. Paloma ainda não voltou, certo?

Augusto ficou em silêncio por alguns segundos:

— Aconteceu alguma coisa?

— Augusto, acho que vi a Srta. Paloma... — Letícia gagueja um pouco ao falar. — Ela está jantando com um homem jovem, e eles parecem se dar muito bem.

Letícia fez uma pausa e perguntou com cautela:

— Será que o que aconteceu durante o dia deixou a Srta. Paloma chateada? Augusto, você não quer conversar direito com ela?

Os olhos de Augusto escureceram.

"A Paloma não voltou para casa para cozinhar porque, na verdade, ela está em um encontro com outro homem!"

Sua voz involuntariamente se tornou mais fria:

— Onde ela está agora?

Letícia passou o endereço.

Augusto respondeu apenas um "entendi" e logo desligou o telefone.

...

No restaurante, Vinícius Barros encarava Paloma fixamente.

— Você tem certeza da sua decisão?

Paloma assentiu:

— O "Estrelas no céu da noite" é um instrumento que minha mãe criou especialmente para mim, mas por causa da família, abri mão disso por cinco anos inteiros... — Ao falar isso, Paloma suspirou levemente, com uma expressão de melancolia.

— E agora? — Indagou Vinícius, em tom grave. — Você vai voltar, o que significa que vai participar frequentemente de apresentações e vai ficar muito ocupada. Provavelmente não vai ter tanto tempo para o marido e o filho.

— A saúde do Vagner já está recuperada. — Um leve traço de sarcasmo apareceu nos olhos de Paloma. — Além do mais, ele não precisa mais dos meus cuidados.

— E o Augusto? — Vinícius voltou a perguntar. — Ele vai concordar?

Ao ouvir o nome de Augusto, o olhar de Paloma esfriou imediatamente.

— Meus assuntos não precisam da aprovação dele.

Vinícius a encarou por alguns instantes antes de dizer:

— Mas ele não vai permitir que você tenha contato comigo.

— Não preciso da permissão dele. — Ao dizer isso, Paloma se lembrou de quando se afastou de Vinícius por causa das palavras de Augusto, e uma expressão de culpa surgiu em seu rosto. — Vinícius, me desculpe.

No entanto, Vinícius balançou a cabeça:

— Paloma, você não tem nada pelo que se desculpar comigo, quem te deve desculpas sou eu. Eu prometi à sua mãe que cuidaria bem de você. Mas, infelizmente, não consegui te proteger, e você acabou passando por tantos sofrimentos.

Vinícius foi o colega mais velho de Paloma, os dois haviam aprendido violino juntos desde pequenos com a mãe de Paloma.

Agora, Vinícius já era um violinista de grande prestígio no meio artístico.

Sua aparência elegante e seu temperamento melancólico o tornaram famoso rapidamente, sendo até mesmo considerado o sonho de muitas garotas.

Seu nível de notoriedade podia ser comparado ao de uma estrela do mundo do entretenimento.

Apesar de possuir dinheiro e fama, ainda não era páreo para alguém como Augusto, um verdadeiro capitalista.

Paloma disse:

— O problema não é você, é comigo...

Antes que Paloma terminasse a frase, uma voz suave soou repentinamente atrás dela.

— Srta. Paloma, o que faz aqui?

Paloma se virou e viu Letícia, vestida com um vestido branco como a neve.

"Em um só dia, encontrar duas vezes as pessoas de quem não gosto, realmente é azar demais."

Paloma manteve uma atitude fria:

— O que isso tem a ver com você?

Letícia sorriu levemente e disse:

— Srta. Paloma, não se aborreça. Só acho estranho, pois é raro o Augusto voltar para casa e, justamente hoje, a senhora não estar preparando o jantar...

O tom de Letícia era leve, e sua expressão gentil transmitia a imagem de uma mulher doce e amável.

Em comparação, Paloma pareceu insensível, ríspida e distante.

No entanto, Paloma percebeu a provocação e o sarcasmo escondidos nas palavras de Letícia.

Ela levantou o olhar e notou, nos olhos de Letícia, uma pontinha de satisfação que ainda não estava disfarçada.

Paloma então retrucou:

— Sabe por que o Augusto raramente volta para casa? Porque todo o tempo livre dele é ocupado pela Srta. Letícia... Será que a senhorita entende muito bem disso, mas prefere fingir que não sabe?

O rosto de Letícia assumiu uma expressão de pânico, ela segurou a mão de Paloma, tentando explicar apressadamente:

— Srta. Paloma, por favor, me escute, não foi isso o que eu quis dizer...

Antes que Letícia terminasse a frase, Paloma a interrompeu:

— Se não está fingindo, então só pode ser por falta de noção. — Ela soltou a própria mão. — Srta. Letícia, pessoas sem noção são realmente detestáveis.

— Ah! — De repente, Letícia exclamou e caiu para trás.

Antes que Paloma pudesse reagir, uma figura alta e imponente apareceu, segurando Letícia para evitar que ela caísse.

— Letícia, você está bem?

Letícia se virou, pálida, e ao ver quem chegava, seus olhos imediatamente se encheram de lágrimas, como se tivesse sofrido uma enorme injustiça, parecendo extremamente desamparada.

— Augusto, estou bem... A Srta. Paloma também não fez de propósito, por favor, não a culpe, está bem?

O olhar de Augusto mudou sutilmente e foi então que ele notou Paloma ao lado.

Suas sobrancelhas se franziram e sua voz se tornou fria e distante.

— Paloma, peça desculpas à Letícia.

Situações semelhantes já tinham acontecido mais de uma vez.

Antes, Paloma certamente teria dito, ansiosa: "Não fui eu", "Me deixe explicar", "Eu não fiz isso", "Por favor, acredite em mim" ou algo do tipo.

E Augusto nunca tomava o partido de Paloma, todas as vezes ele exigia que ela se desculpasse com Letícia.

Se Paloma não se desculpasse, Augusto recorria ao silêncio hostil.

Ele não atendia suas ligações nem respondia às mensagens.

Tratava ela como se ela não existisse, não lhe dirigia uma palavra, nem mesmo a olhava.

Mais tarde, até mesmo Vagner passou a adotar a mesma atitude fria com ela.

No fim, só restava a Paloma abaixar a cabeça e admitir sua culpa.

Pensando nisso, Paloma soltou uma risada sarcástica:

— Por que eu deveria te obedecer? Quem você pensa que é?

Augusto ficou surpreso, quase sem acreditar no que ouviu:

— O que você disse?

Paloma olhou para Augusto e respondeu friamente:

— Quando eu me importava com você, o que você dizia era lei. Quando eu não me importo mais, o que você acha que é?

Augusto finalmente compreendeu o que ela queria dizer.

Em sua memória, Paloma nunca respondeu com tal atitude.

Ela sempre foi gentil e atenciosa.

Ela costumava esperá-lo com as luzes acesas quando ele chegava tarde.

Quando ele trabalhava até tarde no escritório, ela preparava uma refeição para ele.

E quando ele chegava embriagado, ela lhe servia uma sopa para curar a ressaca.

Embora Paloma não fosse mais tão solícita desde o retorno de Letícia.

Ainda assim, nunca antes ela o tinha desafiado desse modo, enfrentando-o abertamente.

Por algum motivo, uma sensação de inquietação surgiu no coração de Augusto.

Nesse momento, de repente, uma voz infantil se fez ouvir:

— Mamãe, você me ensinou que, quando fazemos algo errado, devemos pedir desculpas. Agora, se a mamãe errou, não deveria pedir desculpas para a tia Letícia?
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