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Capítulo 6

Author: Isabela Monteiro
Ele disse ao Vagner, que estava ao lado:

— Vagner, espere aqui por mim um instante.

Vagner sabia que Augusto precisava prestar os primeiros socorros em Letícia, então assentiu obedientemente com a cabeça.

Pouco depois que Augusto saiu, começaram a surgir sussurros de conversas na mesa ao lado.

— Isaac, olha, esse menino parece até mais novo que você, mas já sabe proteger a mãe, ajudando ela a afastar a amante do pai. Da próxima vez que você ver aquela mulher má, precisa aprender com ele, não tenha medo, entendeu?

Ao ouvir essas palavras, Vagner se virou para olhar.

Ele viu uma mulher de cerca de trinta anos acompanhada de um menino de sete ou oito anos. Eles faziam uma refeição na mesa ao lado.

O menino chamado Isaac assentiu com firmeza.

Ao perceber que Vagner olhava em sua direção, Isaac desceu da cadeira e caminhou até ele.

— Você é incrível! Pode me ensinar a como afastar uma amante?

Vagner ficou um pouco surpreso:

— Amante?

Isaac achou que Vagner não sabia o que era uma amante, então explicou isso para ele de forma séria:

— É aquela terceira pessoa que destrói o relacionamento entre o seu pai e sua mãe, por isso a chamam de amante. Elas fazem o pai e a mãe se separarem, deixam a mãe triste. Essas mulheres são todas más! — Isaac demonstrou uma expressão de raiva. — Ultimamente, tem uma mulher má que está sempre atrás do meu pai. Mas...

O rosto de Isaac logo ficou abatido.

— Mas eu não sei como afastar uma amante e proteger minha mãe. — Ele levantou os olhos e olhou para Vagner, agora com um olhar de admiração. — Você foi incrível agora há pouco, em poucas palavras faz aquela amante ir embora, reunindo de novo seu pai e sua mãe. Você pode me ensinar como faz para afastar a amante?

Vagner ainda parecia um pouco confuso:

— Meus pais voltaram a ficar juntos?

"Mas não foi a mamãe quem foi embora primeiro?"

Isaac olhou com dúvida para ele:

— Aquela amante não acabou de ser afastada por você com apenas algumas palavras? E seu pai, não acabou de levar sua mãe embora nos braços?

"Mãe? Então é isso, ele confundiu a tia Letícia com a minha mãe?"

Nesse momento, a mãe de Isaac também se aproximou.

Ela afagou a cabeça de Vagner e elogiou:

— Garoto, você é realmente admirável, defendeu sua mãe sem hesitar nenhum instante. Diferente do meu Isaac, que outro dia, por causa de um doce, chegou a dizer que aquela mulher má é boa.

Isaac coçou a cabeça, envergonhado, e disse baixinho:

— A mamãe nunca me deixa comer doce, eu realmente não resisti.

— A mamãe não deixa você comer doce porque tem medo de que seus dentes fiquem ruins. Quando você crescer, vai poder comer o quanto quiser, e a mamãe não vai se preocupar mais.

Isaac abraçou o braço da mãe, manhoso:

— Eu já entendi meu erro, a mamãe só faz isso para o meu bem, não fique mais brava comigo, por favor.

— Você só percebe que a mamãe é boa porque quase foi enganado por aquela mulher.

Isaac soltou uma risada boba:

— Haha, agora que eu sei, ainda dá tempo!

Apesar das palavras de reclamação, o olhar da mulher transbordava de carinho e ternura, sem nenhuma tentativa de esconder seus sentimentos.

Mais de meia hora depois, Augusto e Letícia voltaram.

Letícia disse, sem ter como evitar:

— Augusto, eu realmente estou bem, é só um pouco de hipoglicemia... Não precisa ir ao hospital.

Augusto respondeu com uma expressão séria:

— Ultimamente você tem desmaiado com mais frequência do que antes, é melhor fazer um exame no hospital para evitar que a situação piore.

A expressão de Letícia se contraiu levemente, de forma quase imperceptível.

Ultimamente, para dificultar a vida de Paloma, ela de fato havia chamado Augusto mais vezes do que antes.

Letícia disse:

— Está tudo bem comigo, já está ficando tarde e o Vagner ainda não comeu. Vamos comer primeiro. Amanhã vou ao hospital, não faz diferença.

Os dois caminharam enquanto conversavam e logo chegaram ao lado de Vagner.

Vagner estava sentado sozinho em uma mesa, olhando distraidamente pela janela, com uma expressão de confusão jamais vista antes.

Augusto, porém, não percebeu a estranheza de Vagner e se aproximou dele.

— O corpo da Letícia não está muito bem. Quero levá-la ao hospital para uma consulta. Depois que formos ao hospital, podemos jantar.

A voz de Augusto soava calma, mas cada palavra carregava uma autoridade inquestionável.

Augusto parecia frio e distante, mas, em seu íntimo, era extremamente autoritário.

As decisões que ele tomava dificilmente eram mudadas.

Em circunstâncias normais, Vagner certamente teria concordado sem hesitação.

No entanto, naquele dia, por algum motivo, a imagem de Paloma surgiu em sua mente.

Antes daquele dia, Paloma preparava todas as refeições para ele pontualmente.

Seu estômago era delicado e ele precisava se alimentar nos horários certos.

Às vezes, quando saíam com Letícia, ao chegar a hora da refeição, Paloma também insistia para que ele comesse alguma sobremesa para forrar o estômago.

Devido à sua condição especial, aquelas sobremesas eram feitas por Paloma especialmente para ele.

Apesar do talento de Paloma na cozinha, Vagner, acostumado àquelas comidas, eventualmente se cansava.

Afinal, havia tantas opções de comida do lado de fora que ele nem sequer conseguia experimentar todas.

Aos poucos, ele foi deixando de gostar dos pratos feitos por Paloma.

A voz suave de Letícia interrompeu os pensamentos de Vagner.

— Augusto, o Vagner não está bem de saúde. É melhor deixá-lo comer alguma coisa antes.

A voz de Augusto, fria e distante, respondeu:

— Em comparação com o Vagner, sua saúde é ainda mais importante.

Ao ouvir isso, o rosto de Letícia ficou avermelhado.

Ela não insistiu mais, apenas baixou os olhos na direção de Vagner.

— Vagner, que tal comprarmos um pedaço de bolo de morango para você levar e comer no caminho?

O bolo de morango era o doce favorito de Vagner.

Em dias normais, ele certamente teria pulado de alegria.

Mas, naquele dia, ele apenas assentiu levemente com a cabeça.

— Está bem.

Letícia achou que Vagner estava um pouco estranho naquele dia, mas não deu muita importância.

Depois de pedir ao garçom que embalasse um pedaço de bolo de morango, ela segurou a mão de Vagner e saiu do restaurante.

No caminho para o hospital, Letícia se sentou no banco do passageiro da frente, se voltou repetidas vezes para lembrar Vagner de ter cuidado ao comer o bolo.

Ela falou, com um tom de melancolia:

— Se eu não ficasse enjoada no carro, com certeza sentaria atrás para acompanhar o Vagner. Assim poderia cuidar dele.

Antes, mesmo quando Paloma estava presente, Letícia insistia em sentar no banco do passageiro.

O motivo era que ela ficava enjoada no carro, e sentar na frente a fazia se sentir melhor.

Vagner olhou para o bolo em suas mãos e, de repente, se lembrou de que a mãe de Isaac dizia que não permitia que ele comesse doces, pois era para o próprio bem de Isaac.

De repente, Vagner perguntou:

— Letícia, você é uma amante?

Letícia ficou atônita, quase pensando que tinha escutado errado.

— O quê?

Vagner levantou a cabeça e repetiu com seriedade:

— Letícia, você é uma amante?

Letícia jamais imaginou que Vagner faria tal pergunta de forma tão repentina.

A palavra "amante" era extremamente agressiva para qualquer mulher.

Seu rosto ficou paralisado e, por muito tempo, ela não conseguiu reagir.

— Vagner! — A voz de Augusto soou sombria e cheia de desagrado. — Você sabe o que está dizendo? Onde foi parar toda a sua educação?

Nesse momento, Letícia também saiu de seu estado de choque.

Ela se apressou em dizer:

— Augusto, não culpe o Vagner, ele ainda é pequeno, como poderia saber de tantas coisas? — Ao dizer isso, ela fez uma pausa, e sua voz carregava ainda mais tristeza. — Eu sei que a Srta. Paloma nunca gostou de mim. Porém, por mais que ela me deteste, não deveria dizer isso ao Vagner. Assuntos de adultos não deveriam envolver as crianças. Afinal, as crianças são inocentes, ele ainda é tão pequeno...
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