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Capítulo 2

Autor: Eunice Loureiro
Os últimos sons dela já vieram acompanhados de um choro contido, e eu ainda nem tinha entendido o que ela quis dizer, quando Carlos a ajudou a se levantar e, ao olhar para mim, revelou ainda mais ódio nos olhos.

— Isso que está acontecendo entre a gente não tem nada a ver com a Sueli! Por que você fez isso com ela?

A acusação dele me deixou completamente confusa.

— Eu não...

— Realmente, você foi mimada desde pequena, mimada até perder a noção dos limites.

Mal Carlos terminou de falar, alguém se aproximou, sorridente, entregando uma caixa de presente.

— Sr. Uchoa, este é o presente de noivado para o senhor e a Srta. Lemos...

A pessoa nem acabou a frase, e Carlos já tinha pegado a caixa e, diante de todo mundo, a atirou em mim.

— Estela, peça desculpas para a Sueli.

— Caso contrário, mesmo que a nossa Família Uchoa não seja tão poderosa quanto a Família Lemos, eu vou recusar esse casamento arranjado. Eu jamais vou me casar com uma mulher tão cruel!

A caixa era lindamente embalada, mas sua quina afiada cortou meu queixo, deixando um risco.

Houve um murmúrio de choque entre as pessoas ao redor, mas ninguém se atreveu a se aproximar.

Levei a mão ao queixo e logo vi sangue na palma da mão.

O Carlos à minha frente parecia cada vez mais um estranho, igualzinho ao que ele tinha sido em outra vida, quando também me humilhou publicamente por causa da Sueli.

Meu coração foi gelando, centímetro por centímetro: — Eu não vou pedir desculpas por algo que não fiz.

— Muito bem, então não se arrependa depois!

Carlos saiu, abraçado à Sueli.

Meus pais, ao verem meu ferimento, ficaram desesperados e logo me levaram para casa, chamando o nosso médico particular para cuidar de mim.

Olhando para o desespero deles, senti um alívio imenso.

"Ainda bem que o destino me deu uma nova chance, para eu corrigir meus erros."

"Desta vez, meus pais ainda estão vivos, e o patrimônio da Família Lemos não caiu nas mãos erradas."

"Quero ficar o mais longe possível de Carlos e Sueli!"

Alguns dias depois, a Família Costa enviou presentes de noivado, enchendo a casa inteira com caixas de todos os tamanhos.

Incluíram até uma pulseira de família, passada de geração em geração, para mostrar o quanto valorizavam o casamento.

Não pude evitar um aperto no peito.

Na vida passada, a Família Uchoa sabia o quanto eu gostava de Carlos, e mesmo assim espalhou para todo mundo que não gostava de mim como nora, que só aceitou porque eu insisti demais.

Por isso não houve festa de noivado, a Família Uchoa não deu presente nenhum, e o casamento se resumiu a um jantar simples entre as duas famílias.

Lembrando da ironia dos pais dele durante o jantar, do desprezo de Carlos, e agora vendo como a Família Costa valoriza tudo isso, eu só podia agradecer pela chance de recomeçar.

Depois de pensar muito, decidi escolher pessoalmente o presente de noivado para Francisco.

Numa loja tradicional, eu estava discutindo com o alfaiate, Sr. Fagner, sobre o formato das abotoaduras, quando Carlos entrou de mãos dadas com Sueli.

— O que você está fazendo aqui? — Ele olhou para mim com desprezo.

Sr. Fagner explicou educadamente ao lado: — A Srta. Lemos está empenhada e quis desenhar pessoalmente o terno de noivado do noivo.

Carlos lançou um olhar desdenhoso para os esboços na mesa, levantando o queixo.

— Eu já disse que não quero me casar com você, não importa o que faça. Não vou mudar de ideia.

— E mais, odeio abotoaduras com inicial gravada, é brega.

Baixei os olhos para o C desenhado no esboço da abotoadura e percebi que ele tinha entendido tudo errado.

— Na verdade, essas abotoaduras são para...

— Carlos, esse vestido é maravilhoso!

Sueli, de repente, olhou para o vestido branco pendurado e o tocou, passando por mim.

Carlos suavizou a expressão: — Se você gostou, peça ao alfaiate para fazer um igual para você.

— Mas eu queria usar hoje à noite, para irmos juntos ao concerto.

Com um tom quase manhoso, Sueli arrancou um sorriso dele, que então ordenou ao Sr. Fagner:

— Por favor, ajuste o vestido para o corpo da Sueli, mas seja rápido, não queremos nos atrasar para o concerto.

Franzi a testa: — Carlos, esse é o meu vestido de noivado.

Ele nem se importou: — Estou muito ocupado para perder tempo com a festa de noivado da Família Lemos.
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