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capítulo 3

作者: Eco Frio
Depois disso, fui ao hospital marcar uma curetagem.

Trazer esse filho ao mundo, sem uma família de verdade, teria sido uma irresponsabilidade.

O melhor era não deixá-lo nascer.

Mas eu não esperava cruzar com Eliel e Gleice no corredor.

Eles tinham acabado de sair do setor de ginecologia.

Eliel estava com o braço em volta dela, sorrindo, conversando como se fossem um casal apaixonado.

Quando me viu, se apressou em soltá-la e veio se justificar:

— Vim acompanhar a Glei no pré-natal. Sel, você sabe... o marido dela faleceu, ela tá sozinha.

— Sim, eu sei. Marido, cuida bem dela, tadinha. — Respondi com um sorriso no rosto.

Ele também sorriu.

— Sel, você é tão compreensiva... Não é à toa que é a melhor esposa do mundo. Volta pra casa hoje? Faço jantar pra você.

Se fosse antes, eu teria ficado nas nuvens ao ouvir isso.

Mas agora, aquilo só me causava nojo.

— Tenho plantão à noite. Leva a Gleice pra jantar você mesmo. — Respondi, rejeitando sem hesitar.

Pouco depois, Gleice apareceu no meu consultório.

Entrou com os olhos cheios de veneno, ela bateu a porta com força e veio direto ao ponto:

— Você sabe da minha doença, não é?

— Não sei do que você tá falando. — Fingi não entender, com a expressão mais neutra possível.

— Hoje, depois do exame de sangue, o médico me disse que estou com HIV. Da outra vez, no pré-natal, você também viu os resultados. Aposto que viu. — Continuou, os olhos fixos em mim.

— Isso é um problema seu. Saber ou não saber não muda nada pra mim. — Respondi com calma.

Ela bufou.

— Ainda bem que sabe o seu lugar. Vou te avisar uma vez só: não inventa nada contra mim. Porque se eu perder o controle... a primeira a pegar essa doença vai ser você.

E então ela virou as costas e foi embora.

Não demorou muito e, da janela, vi Eliel beijando Gleice lá embaixo. Depois, os dois saíram de braços dados, sorrindo como se estivessem em um conto de fadas.

Imaginei que ele estivesse levando ela pra nossa casa. Afinal, eu mesma tinha dito que não voltaria pra lá naquela noite.

E eu estava certa.

No sistema de segurança da sala, vi os dois juntos no sofá, se abraçando, se beijando com fervor.

Os olhos de Eliel estavam vidrados, e a respiração ofegante.

— Glei, usa a boca... me faz...

Comecei a sentir náuseas e precisei virar o rosto.

Aquela câmera, na verdade, estava quebrada. Era por isso que Eliel agia tão livremente.

Mas naquela manhã, quando voltei pra casa, tinha chamado um técnico pra consertá-la.

O gravador do carro só tinha captado o áudio. Eu ainda precisava de um vídeo claro, com os rostos.

E agora, finalmente, eu tinha a prova completa.

Na manhã seguinte, enviei as imagens para o meu advogado.

Uma semana depois, Eliel apareceu no hospital, furioso. Eu ainda estava na sala de reunião, organizando uns papéis.

— Selene, o que você pensa que tá fazendo?

Pelo jeito, o tribunal já tinha notificado ele sobre a audiência.

Olhei calmamente para ele.

— Aqui é um hospital. Fale baixo, por favor.

Ele ignorou o pedido e avançou mais, os dentes cerrados de raiva.

— Por que você entrou com o pedido de divórcio? O que eu fiz de tão errado?

Tive vontade de rir.

Com que cara ele tinha coragem de perguntar isso, como se fosse a vítima?

Sem responder, apenas peguei meu celular e coloquei o vídeo pra tocar.

À medida que o som preencheu a sala, o rosto dele foi ficando cada vez mais pálido.

— Isso foi um acidente, Selene. Escuta, eu só fiz isso porque não podia te tocar, acabei me deixando levar...

Antes que terminasse de falar, uma voz do lado de fora cortou o silêncio.

— Doutora, na consulta passada eu esqueci de perguntar. Se a mãe tiver HIV, o bebê também pode pegar?

Era a voz da Gleice.
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