Capítulo 2

Daniela olhou fixamente para aquela mensagem e, de repente, ficou paralisada.

Cada palavra ali era familiar para ela, mas, quando unidas, formavam uma frase estranhamente distante.

O primeiro nome era o de seu marido e, o segundo, o de sua amiga íntima.

Ela e Fábio se conheceram na universidade.

Na época, foi ele quem a conquistou: enviava flores, preparava cafés da manhã, dava ursinhos de pelúcia, convidava os colegas dela para tomar café... Todos na escola sabiam o quanto ele a amava, o quanto estava apaixonado.

Ele estava disposto a dar a própria vida por ela. E ao longo desses anos, ele continuou sendo o mesmo, sempre dedicado, sem mudar nem um pouco.

Eunice era sua colega de faculdade, e os dois anos de convivência como colegas de quarto fizeram com que se tornassem melhores amigas.

Eunice foi também uma das testemunhas de todo o romance de Daniela e Fábio. No entanto, Eunice nunca teve grande simpatia por Fábio, sempre achando algo nele que a desagradasse.

Quando ela e Fábio se casaram, Eunice, com os olhos vermelhos, avisou Fábio que ele deveria tratá-la bem, ou, caso contrário, não hesitaria em fazer-lhe pagar.

Mas agora, ela não conseguia entender.

Como seria possível que aquelas duas pessoas, que tão raramente se encontravam, estivessem juntas em um hotel, sozinhas, em um quarto?

Porém, Daniela não era ingênua.

O significado disso estava claro: Fábio a traíra, mantendo um relacionamento ilícito com Eunice.

Mas... Não poderia ser.

A palavra "traição" nunca lhe passara pela cabeça em relação a Fábio.

Como alguém que a amava tanto, que cuidava dela e a tratava tão bem, poderia traí-la?

E mais, com Eunice, justamente ela?

Não fazia sentido.

Porém, a imagem do acidente em cadeia na Rodovia Kuhn veio à sua mente de repente.

Seu coração disparou, batendo forte, como se fosse sair de seu peito a qualquer momento.

A mensagem a fez sentir que a tarde estava se arrastando de uma forma torturante.

Daniela olhou repetidamente para a tela do celular, aguardando que o tempo passasse mais rápido, até que, no final da tarde, Fábio enviou uma mensagem: "Desculpe, Ella, surgiu um imprevisto na empresa, preciso resolver, então não poderei te acompanhar para o jantar. Que tal assistirmos o filme amanhã, ao invés de hoje?"

Daniela sentiu um peso no coração.

Eles haviam combinado de ir a um restaurante francês naquela noite, depois iriam assistir ao filme recém-lançado.

A reserva para o restaurante já havia sido feita no dia anterior, e os ingressos para o cinema também.

Agora, parecia que uma pedra imensa e pesada estava sendo pressionada contra seu peito, dificultando sua respiração.

Ela de repente percebeu que Fábio sempre era um homem de palavra. Sempre que fazia uma promessa, ele cumpria.

Mas, quando foi que isso começou a mudar? Neste ano, ou... no ano passado? Aos poucos, ele começou a faltar aos compromissos. Sempre tinha uma desculpa, um motivo qualquer.

Ela não respondeu à mensagem de Fábio, sentindo um turbilhão de pensamentos e emoções. Quando o relógio marcou 20h30, ela pegou a bolsa e a chave do carro, e se dirigiu ao Hotel Kepa, mencionado na mensagem.

Após perguntar na recepção, ela tomou o elevador até o 14º andar.

Quando chegou à porta do quarto 1408, olhou para o celular para checar a hora.

Eram 21h03.

Ela ergueu a mão para apertar a campainha, mas, no meio do gesto, parou. A ansiedade se espalhou por seu corpo, como uma onda crescente. Por um momento, ela sentiu um frio tomar conta de sua pele.

Após uma pausa, ela respirou fundo, tentando acalmar o coração, e finalmente pressionou a campainha.

Após alguns segundos, a porta foi aberta, e uma expressão sorridente apareceu diante dela.

Era alguém que ela conhecia.

Eunice!

Apesar de já ter se preparado mentalmente, Daniela ainda estava atordoada, o brilho em seus olhos gradualmente se apagando.

Em contraste, Eunice dentro do quarto já havia ocultado a expressão de felicidade do rosto, dando lugar a um semblante de apuro.

Eunice usava um vestido de seda preta, com alças finas que deixavam à mostra o pescoço e a clavícula brancos e delicados.

O desenho do vestido, de formas sutis e onduladas, ressaltava suas curvas de forma provocante.

Ela estava levemente maquiada, os olhos cintilando, misturando pureza e sensualidade.

Era impossível não se impressionar, e até mesmo uma mulher não poderia ficar indiferente.

— Ella, o que você está fazendo aqui? — Eunice levantou a mão para se cobrir, sorrindo sem graça, tentando disfarçar a tensão, e perguntou com naturalidade.

Daniela não perdeu nenhum detalhe da expressão dela. O sangue parecia ter se congelado em suas veias, fazendo ela tremer de frio.

Seu coração parecia ser esmagado por algo, uma dor aguda e cortante a fez fechar os olhos por um instante.

Ela apertou a bolsa com força, mantendo a compostura, e olhou para dentro do quarto. Com uma sobrancelha arqueada e um toque de ambiguidade, ela perguntou:

— E isso aqui... O que está fazendo?

— Eu... Ah, na verdade, estou com um namorado. — Eunice ficou rígida, os lábios se movendo sem graça, e seus olhos desviaram, tentando formular palavras que não saíam direito.

Namorado?

Pelo que Daniela sabia, Eunice havia tido dois relacionamentos, ambos na época da faculdade. O último durou quase três anos, mas terminou quando o rapaz precisou sair do país devido a uma decisão da família. O relacionamento à distância não durou mais do que três meses.

Eunice era bonita e, desde então, recebeu muitos pretendentes, mas nunca mais se envolveu com ninguém.

Daniela sempre achou que ela ainda não havia superado o ex-namorado.

No entanto, sendo amiga de Eunice há muitos anos, Daniela acreditava conhecê-la bem.

Com base na reação e nas microexpressões de Eunice naquele momento, Daniela foi capaz de perceber que ela estava mentindo.

— Quando foi isso? Você finalmente superou? — Daniela perguntou, com um sorriso de surpresa e felicidade perfeitamente equilibrado no rosto.

— Não dá para viver no passado para sempre. Só estava pensando em tentar de novo... Eu e ele só definimos nosso relacionamento recentemente. Na verdade, eu queria esperar até eu voltar de férias para te contar... — Eunice fez uma expressão tímida e desconfortável.

— Você está certa em pensar assim. Já se passaram tantos anos, era hora de deixar o passado para trás. — Daniela sorriu e completou a frase.

— Ah, sim, e por que você está aqui, Ella? — Eunice sorriu, mas uma dúvida rápida cruzou seu rosto.

— Onde está ele? Deixa eu ver, quem será que tem esse poder todo para conquistar você? Ai, que engraçado, você até colocou o vestido de seda preta, tão sexy... Será que está tentando matá-lo de tanto charme? — Daniela ignorou a pergunta e, com um sorriso curioso e ligeiramente fofoqueiro, continuou a perguntar. Ela queria saber se o "namorado" de Eunice era realmente o Fábio.

E se fosse? E se ele estivesse lá dentro? Como ela deveria lidar com isso? O que diria?

Daniela não ousava pensar mais a fundo. Seus dedos estavam tão tensos que ficaram brancos, e seu coração batia rápido, quase saindo pela garganta.

— Ele ainda não chegou. Eu até pensei que fosse ele quando ouvi o barulho. Ah, Ella, para de rir de mim! — Eunice, com um tom de voz doce e um sorriso tímido, afastou a mão de Daniela que estava puxando suavemente seu vestido de dormir.

Daniela se lembrou da expressão esperançosa de Eunice quando abriu a porta e, no fundo, sentiu uma mistura de emoções conflitantes.

Ela percebeu que o "namorado" de Eunice ainda não havia chegado, o que, de algum modo, a fez se sentir mais aliviada.

Talvez fosse porque ela ainda não estava pronta para enfrentar a situação; por isso, decidiu não investigar mais a fundo.

— Tudo bem, então. Não vou atrapalhar o seu encontro com o seu namorado. Da próxima vez, tragam ele para jantar. — Daniela ainda sorria ao dizer isso, e logo se virou para sair.

— Você ainda não me contou, o que fez você aparecer aqui de repente? — Eunice a puxou rapidamente, com pressa.

Daniela hesitou por um momento, sabendo que sua visita inesperada poderia levantar suspeitas. Então, decidiu ser direta e observar a reação de Eunice. Virou-se de novo, e a expressão de dor que antes havia marcado seu rosto já havia desaparecido.

— Vim pegar o infiel.

— O infiel de quem? — Eunice perguntou, com os olhos se estreitando, seu corpo tenso.

— Quem mais poderia ser? Só pode ser o Fábio. — Daniela respondeu, com uma risada sem humor.

O rosto de Eunice ficou pálido de repente, e seu coração pareceu ser perfurado por uma dor súbita.

— Fábio com quem? — Ela prendeu a respiração, claramente ansiosa e confusa.

— Não sei. Quando saí do trabalho, alguém me ligou, dizendo ter visto o Fábio com uma mulher entrando no 14º andar deste hotel. Não sabem qual quarto exatamente, então resolvi bater nas portas aleatoriamente. Acabei sendo xingada por alguém. — Daniela lançou um olhar disfarçado a Eunice, e balançou a cabeça.

Eunice, ao ver Daniela apontar discretamente para a porta ao lado, suspirou aliviada, mas logo sua expressão se transformou em indignação.

— Isso é insuportável! Eu não gosto do Fábio, mas, sendo justa, ele te ama e te considera a pessoa mais importante da vida dele. Todos sabem o quanto ele tem sido bom para você ao longo desses anos. Como ele poderia te trair? Deve ser uma mentira dessa pessoa, tentando criar desentendimentos entre vocês.

— Mas, se ele realmente tivesse a ousadia de te trair, eu seria a primeira a ir lá e quebrar as pernas dele! — Ela deu uma risadinha, mudando completamente o tom.

— Deve ser invenção dessa pessoa. Vou fazer o Fábio investigar isso. — Daniela sorriu, mas em seus olhos havia uma frieza profunda e sombria escondida nas profundezas, e sua voz, embora leve, carregava uma ironia e ambiguidade: — Vou indo, aproveite o seu momento.

Eunice a olhou, com um olhar irritado, mas tímido ao mesmo tempo, antes de vê-la se afastar. A expressão no rosto de Eunice foi aos poucos se desfazendo, e o sorriso foi desaparecendo, enquanto ela apertava com força seus punhos.