Capítulo 1

Quando Daniela Ferreira entrou no estacionamento, o som da mensagem de texto do seu celular a fez parar por um momento.

Ela, quase sem pensar, abriu a mensagem e leu o que estava escrito: "Não vá para a Rodovia Kuhn, é perigoso!"

Era uma mensagem de um número desconhecido, sem nenhum nome registrado.

A Rodovia Kuhn era o caminho mais curto de sua casa até o Museu de Arte Daniela, o trajeto que ela sempre usava.

Daniela franziu a testa, confusa, achando que alguém tivesse se enganado ou fosse uma mensagem indesejada, e não deu muita atenção. Sentou-se no banco do motorista e ligou o carro.

Já tinha passado da hora do pico, e o trânsito estava tranquilo. Quando ela parou no semáforo, o som de uma nova mensagem de texto tocou.

Ela pegou o celular e viu que a mensagem vinha do mesmo número desconhecido, mas com um conteúdo diferente.

"Às 20h30, acidente em cadeia na Rodovia Kuhn, não vá!"

Daniela ficou surpresa e franziu ainda mais a testa. Faltavam apenas sete minutos para as 20h30, e depois que o semáforo ficasse verde, seria apenas uma curva até a Rodovia Kuhn.

De repente, o celular piscou com uma chamada. Era sua assistente, Lívia Moura.

Ela atendeu e colocou o celular no ouvido.

— Alô?

— Daniela, você esqueceu de pegar o relógio que comprou para o Sr. Pires.

Daniela ficou sem reação. Hoje era o aniversário de três anos de casamento dela com Fábio Pires. Eles tinham planejado uma comemoração especial, mas ele teve que sair de viagem de última hora, três dias atrás.

O relógio foi comprado há alguns dias, guardado em uma gaveta.

Hoje à tarde, ela o tirou para evitar que esquecesse.

Mas, ainda assim, esqueceu.

Após receber a ligação dizendo que ele tinha voltado, ela pegou a jaqueta e o celular e saiu correndo.

Felizmente, Lívia sempre arrumava seu escritório antes de sair.

— Vou voltar para pegar.

Ela desligou e então voltou o olhar para a mensagem. Alguns segundos depois, o som de uma buzina soou atrás dela. O semáforo estava verde. Daniela, distraída, guardou o celular e virou o carro, indo de volta para o Museu de Arte Daniela.

Quando chegou ao museu, Lívia já a esperava na porta com o relógio.

Daniela foi até ela e pegou o item, sorrindo levemente.

— Obrigada.

No caminho de volta, Daniela viu três ambulâncias se aproximando rapidamente, seguidas por várias viaturas da polícia e motocicletas da polícia de trânsito. O som das sirenes ecoava pela noite.

Isso...

O coração de Daniela começou a bater mais rápido, e ela inconscientemente apertou ainda mais o volante.

Quando chegou no cruzamento, seu carro foi parado por um policial.

— Houve um acidente em cadeia na Rodovia Kuhn. O tráfego está proibido.

Acidente em cadeia?

O coração de Daniela disparou. Ela se lembrou das mensagens, aquelas que havia considerado apenas trotes indesejados.

Ela mal conseguia ouvir o que o policial dizia a seguir.

O vento frio de outono entrava pela janela, mas ela não sentia o mínimo de frio e, ao contrário, estava suando frio.

Foi só quando a sensação de ter escapado por um triz se apossou de seu peito, fazendo seu coração bater forte, que ela percebeu que o policial já havia ido embora.

Lembrando-se da mensagem, ela rapidamente estacionou o carro na beira da estrada. Pegou o celular e abriu a caixa de entrada, digitando apressada: "Quem é você? Como soube do acidente na Rodovia Kuhn?"

Quando clicou em "enviar", apareceu a mensagem na tela: "Falha ao enviar mensagem."

Daniela tentou novamente, com a mesma falha.

Desistiu e tentou ligar para o número. O esperado som de espera nunca soou. Em vez disso, o celular mostrou "Chamada falhada".

O que estava acontecendo?

Mensagens não eram enviadas, chamadas não passavam?

Enquanto ela tentava processar a situação, o celular tocou. Foi Fábio.

— Ella, quanto tempo falta para você chegar? — A voz suave e tranquila de Fábio soou do outro lado, como uma brisa fresca nas montanhas, suavizando sua mente agitada.

— Houve um acidente na Rodovia Kuhn, vou ter que dar uma volta para chegar lá. — Daniela respondeu.

A voz dele imediatamente ficou mais tensa.

— Acidente? Você está bem? Se machucou? Onde você está? Eu vou te buscar.

— Eu estou bem. Já estou indo para casa. — Daniela sorriu suavemente, tentando acalmá-lo.

Mas Fábio, ainda preocupado, deu mais algumas instruções.

Finalmente, Daniela desistiu de pensar mais sobre as mensagens misteriosas e ligou o carro, decidida a fazer o desvio para voltar para casa.

Ao chegar, o aroma delicioso de comida fresca já se espalhava pela casa. Assim que trocou os sapatos, uma figura alta e elegante, com avental, apareceu na porta da cozinha.

O homem vestia uma camisa branca e calças pretas, suas pernas longas e seu rosto, marcante, de feições bem definidas. Sob os óculos de aro dourado, seus olhos, geralmente suaves e afetuosos, agora transbordavam uma urgência visível.

— Você não se machucou, certo? — Perguntou ele.

— Não aconteceu nada, eu só vi os policiais parando os carros na estrada de volta. — Daniela sorriu, dando uma volta no lugar e acentuando as palavras.

Fábio a olhou de cima a baixo, aliviando-se lentamente.

— Que bom... Depois que falei com você, perdi até a vontade de cozinhar.

— Como assim, cozinhando? Que trabalho! Melhor sair para comer, você ficou horas no avião, precisa descansar. — Daniela o observava, percebendo que ele ainda não havia trocado de roupa, e um toque de preocupação surgiu em seus olhos, que se suavizaram, como água.

Fábio sorriu.

— Não estou cansado, já descansei no avião. Além disso, hoje é nosso aniversário de casamento. Não poderemos ir à Cidade B ver a exposição da Niblet, e isso é uma pena para mim. Então, só posso compensar fazendo alguns dos pratos que você adora.

Na memória de Daniela, Fábio sempre foi um homem de família rica, alto, bonito, gentil e atencioso. Ele era carinhoso e romântico, sempre prestando atenção aos detalhes. Ele não bebia, não fumava, e estava sempre calmo, sabia cozinhar e era cuidadoso com ela.

Eles estavam namorados há três anos, casados há três, e ele sempre foi impecável com ela. Mesmo com a ajuda de empregada, Fábio se divertia preparando as refeições que ela gostava. Ele fazia até tarefas que não condiziam com sua posição, sempre se dedicando ao máximo. Daniela não conseguia encontrar nenhum defeito nele.

Ela se aproximou, envolveu sua cintura com os braços e se aninhou contra seu peito, fechando os olhos com um suspiro sincero.

— Como você consegue ser tão bom?

Fábio acariciou suavemente a nuca dela, sua voz carregada de ternura e sorriso.

— Boba, você é minha esposa, se não for você, quem mais eu vou tratar bem?

Depois de um longo abraço, Fábio a soltou levemente, deu um beijo em sua têmpora e, com um tom suave, disse:

— O fogo ainda está aceso no fogão, vai lá em cima, troca de roupa e lava as mãos. Está com fome? Daqui a pouco os pratos já estarão prontos.

Daniela saiu de seus braços com um sorriso, concordando com a cabeça e subindo as escadas.

Fábio sempre foi um romântico por essência. Todo ano, no aniversário de casamento, ele se empenhava ao máximo para surpreendê-la. Este ano, apesar dos imprevistos, a surpresa ainda estava garantida.

Quando ela desceu, a mesa já estava posta com velas e flores frescas, e uma delicada corrente de diamantes em formato de concha. Fábio, com um sorriso suave, a colocou no pescoço dela.

— Quando comprei, pensei que ficaria perfeito em você, realmente está muito bonita.

Daniela agradeceu, e em seguida lhe entregou o relógio que havia comprado para ele.

— Acho que este relógio vai te cair muito bem.

— Obrigado, minha esposa, tudo o que você escolhe eu adoro. — Fábio a puxou para um abraço apertado e estava prestes a selar o momento doce do aniversário com um beijo, quando Daniela o interrompeu.

— Eu estou no meu período.

— Mas você não disse que era daqui a uma semana?

— Meu ciclo é bem regular, no máximo se atrasa um ou dois dias. — Daniela levantou o olhar, encontrando os olhos dele.

Fábio se surpreendeu, então afundou o rosto no pescoço dela, rindo suavemente.

— Ah, aquelas bebidas... Acho que confundi as datas.

Daniela não deu muita importância, acreditando que ele realmente tivesse bebido e se confundido com as datas.

Mas três dias depois, o número que havia permanecido em silêncio desde o acidente em cadeia enviou novamente uma mensagem.

"Hotel Kepa, às nove da noite, quarto 1408, Fábio Pires e Eunice Lopes."