LOGINLuana realmente não sabia mais como lidar com o Dante que tinha mudado tanto.Se fosse próxima demais, acabaria agindo como quando namoravam, manhosa, sem perceber.Mas, na situação atual, isso não cabia.Se fosse fria demais, Dante, mesmo a vendo doente, teria de manter distância e deixar tudo nas mãos das empregadas.Mas não, ele cuidava dela pessoalmente.Não agia como um estranho.Mas também não era mais como um casal que se entrega e se entende por inteiro.Familiar e, ao mesmo tempo, distante.Perto, mas sem coragem de realmente se aproximar.Havia uma parede invisível entre os dois.A convivência ficava um pouco desconfortável.Ainda assim, Luana gostava dessa diferença.Antes, era sempre ela quem perguntava, quem se preocupava, quem puxava conversa. E isso a cansava.Agora só queria ficar calada.Estava doente, sem energia pra ser o sol animado de sempre.Também tinha o direito de se calar e se deixar ficar quieta.Seguia o corpo, se não tinha forças, não forçava. Se queria sil
Quando foi que ela adormeceu?Parecia ter dormido direto no sofá.Então foi Dante quem a levou pra cama... e ficou ali?Ele sabia aproveitar as oportunidades.Mas há pouco foi graças aos cuidados de Dante, agir agora como se nada tivesse acontecido seria frio e sem coração demais. Pensando nisso, preferiu não o acordar.Fazia tanto tempo que não tinha um contato tão próximo com alguém que se sentia estranha.Mesmo assim, aquela familiaridade antiga ainda estava ali, em vários instantes, parecia tudo igual ao passado.Chegou até a querer estender a mão e tocar o corpo dele, como fazia antes.Conseguiu se conter a tempo.Embora só tivessem se passado quatro meses, tanta coisa havia acontecido que ela sentia como se já fizesse muito mais tempo.Luana quis voltar a dormir, mas Dante não a abraçava de forma tranquila.Era como se segurasse um boneco, ela mal conseguia se mexer.Ainda gripada, já não sentia o mesmo mal-estar da tarde, mas não tinha forças pra lutar.Talvez tivesse emagrecid
Dante tirou mais um doce de algum lugar e colocou na boca dela.Depois a carregou até o sofá.A empregada entrou empurrando um carrinho com várias comidas nutritivas, todas servidas em porcelanas delicadas.Depois de colocar os pratos sobre a mesa, saiu em silêncio.Dante pegou uma tigela com sopa.— Acabou o doce? — Perguntou ele.Luana mastigou algumas vezes e engoliu rápido.— Acabou.— Abre a boca.Luana olhou pra ele. Agora, recusar seria inútil. Afinal, ele já tinha até trocado a roupa dela.Abriu a boca, e Dante, paciente, começou a alimentá-la, dando comida e bebida.Quando já estava quase satisfeita, ela parou de comer.Só então percebeu que o médico estava do lado de fora do quarto o tempo todo, esperando.Ele entrou, fez algumas perguntas sobre o estado dela e receitou remédios para tomar meia hora depois da refeição.Meia hora depois, Dante levou o remédio até a boca dela.— Esse dá sono. Descansa mais um pouco, depois toma um banho e deita na cama, tá? — Planejava fazer um
Provavelmente a tontura também era por causa da fome e da queda de glicose.A sensação era horrível, como se o corpo inteiro tivesse desabado de uma vez.Luana nunca imaginou que passaria por uma situação tão vergonhosa na frente do ex.Ainda bem que havia carpete no chão, mesmo que caísse, não doeria tanto.Pensou em levantar sozinha depois.Mas, antes que atingisse o chão, dois braços a seguraram.O corpo de Luana estava completamente mole.Dante franziu a testa e encostou a mão na testa dela.— Obrigada. — Disse ela. — Acho que não estou com febre, só um resfriado... me solta, eu mesma vou ao banheiro.Dante nunca a tinha visto tão fraca.O coração dele apertou, e o rosto também endureceu de preocupação.— Você está péssima, sabia? Tenho medo de você cair no banheiro. Eu te levo.Luana o encarou.— ...Não é apropriado, né?Dante respondeu em tom firme, sem dar espaço pra recusa:— O mais importante agora é o seu corpo.Luana balançou a cabeça e ficou ainda mais tonta.Com hipoglicem
As lágrimas já escorriam dos cantos dos olhos de Luana, e ela não conseguia dizer nada, apenas manteve os olhos fechados.Parecia mesmo ser alguém que cedia à ternura, não à força. Com Dante tão gentil daquele jeito, mesmo que fosse fingimento, era fácil ser tocada por ele.Ainda mais porque essas palavras sinceras vinham justamente de Dante, que sempre teve dificuldade em se expressar, que mesmo zangado nunca dizia o que sentia.O cheiro familiar se aproximou, e um beijo pousou em sua testa.Luana ficou rígida. Quando ele se afastou, algo úmido caiu em seu rosto.Dante estava chorando? Como assim?A voz dele soava normal.— Calma, dorme. — Disse Dante. Sua voz não tinha nenhuma diferença. O quarto estava escuro, não dava pra ver nada. — Estou no quarto ao lado. Quando você acordar, eu venho.Com essas palavras, Dante se levantou e saiu do quarto.Ninguém consegue o perdão de alguém só com algumas frases. E o perdão era só o começo, ainda havia a reconstrução da confiança.Agora era a
No segundo seguinte, se ouviu o som de rodas deslizando. Devia ser Dante mexendo em algo. As cortinas se fecharam sozinhas. Elas refletiam a luz ultravioleta, e o quarto mergulhou na escuridão total, não se via mais nada.Luana abriu os olhos pela metade. Só via preto.Mas Dante estava ao lado da cama, e parecia ainda mais perigoso.Mesmo assim, aquele ambiente era perfeito pra dormir.Luana decidiu não pensar mais e apenas descansar.Se passaram uns cinco minutos.Ela achou que Dante já tivesse ido embora, mas de repente ouviu a voz dele, muito baixa:— Já dormiu?Luana quis fingir que sim, mas o corpo a traiu. Puxou o cobertor e se encolheu, sem dizer nada, fingindo estar dormindo.A visão de Dante era boa. Mesmo com o quarto escuro, conseguia distinguir alguns contornos.Luana, de olhos fechados, parecia adormecida, mas ele sabia que ainda estava acordada.Agora ela estava quieta, sem tentar fugir, sem Lucas por perto e sem ninguém que ousasse interrompê-los.O silêncio tornava mais