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Capítulo 6

Author: Isis Rocha
— Clube Água Celeste, quarto 3601? — Repetiu Sabrina para si mesma depois que a ligação caiu, sentindo o coração afundar ao ouvir o endereço que Ivan havia mencionado.

Alguma coisa terrível tinha acontecido com Ivan, e ela sabia disso.

Em qualquer outra emergência como essa, Sabrina teria chamado Eduardo sem hesitar, mas naquele momento ele já havia corrido para os braços de sua amante. Além disso, com o casamento deles se despedaçando e o divórcio se aproximando, ela não tinha a menor intenção de incomodá-lo com esse tipo de problema.

Sem tempo para pensar duas vezes, Sabrina correu desesperada para o quarto, agarrou o primeiro casaco que encontrou e jogou sobre os ombros sem nem ao menos pentear o cabelo, saindo disparada de casa.

Chegou correndo até a garagem com as mãos tremendo violentamente, mal conseguindo enfiar a chave na fechadura do carro, e quando finalmente ligou o motor, acelerou com tanta força que os pneus cantaram no asfalto durante toda a corrida até o Clube Água Celeste.

Ao chegar diante da entrada majestosa do clube, Sabrina percebeu que não fazia a menor ideia de como funcionava aquele lugar.

Mal se aproximou da porta, e um segurança imenso surgiu na sua frente como um muro intransponível, bloqueando completamente sua passagem.

O homem a examinou com uma seriedade profissional glacial antes de dizer, num tom que não admitia discussão:

— Moça, só entra quem tem cartão VIP. Vai ter que mostrar o seu cartão se quiser passar.

A palavra VIP ecoou na cabeça de Sabrina como um balde de água fria, a deixando completamente desesperada. Como diabos ela poderia ter um cartão VIP de um lugar onde nunca havia posto os pés?

Com pequenas gotas de suor se formando na testa e o desespero tomando conta dela completamente, sua voz saiu num tom quase histérico:

— Meu irmão está em perigo lá dentro e preciso salvar ele agora mesmo! Se alguma coisa grave acontecer com ele por causa dessa demora idiota, você vai conseguir dormir tranquilo, sabendo que poderia ter evitado?

Naquele momento, Sabrina se arrependeu amargamente de ter sempre vivido uma vida tão caseira e reservada, raramente saindo para se divertir, porque agora esse hábito a deixava completamente perdida numa situação dessas.

— Olha, moça, eu só cumpro as regras daqui, e sem cartão VIP você não passa mesmo. — Respondeu o segurança, mantendo a mesma expressão de pedra. — Não me coloque numa situação difícil porque não posso fazer nada.

— Então faça o cartão agora, não importa quanto custe... — Disse Sabrina enquanto remexia freneticamente nos bolsos atrás da carteira.

Foi só então que a realidade a atingiu como um soco no estômago, ela havia saído de casa com tanta pressa que esqueceu de pegar a carteira.

Desesperada, sacou o celular e começou a mexer na tela, tentando pagar pelo aplicativo, mas descobriu, horrorizada, que o limite de transferência não cobria nem uma fração do valor necessário.

"Que situação de merda", pensou Sabrina, enquanto sentia toda sua ansiedade e frustração fervilhando sem encontrar uma saída.

O segurança observava o estado patético de Sabrina com um brilho de desprezo mal disfarçado nos olhos, provavelmente pensando que ela era mais uma aproveitadora usando qualquer desculpa esfarrapada para tentar entrar no clube atrás de homens ricos.

Justamente quando Sabrina estava com os olhos vermelhos de desespero e prestes a ter um colapso nervoso completo, o ronco grave de um motor caro se aproximou pelas suas costas.

Um carro luxuoso deslizou suavemente até a entrada, parando com a elegância característica dos veículos caríssimos.

A porta se abriu, revelando um homem impecavelmente vestido de terno que desceu com movimentos fluidos e porte aristocrático.

Quando Sabrina ergueu os olhos e o reconheceu, seu rosto se iluminou instantaneamente como se tivesse acabado de avistar um anjo da guarda, gritando com uma urgência desesperada:

— Sr. Leandro!

Leandro se virou na direção da voz e encontrou Sabrina cambaleando em sua direção com o rosto transtornado de ansiedade.

Tiago, seu assistente, observou a cena toda confusa e não resistiu a perguntar:

— Sra. Sabrina, o que diabos está fazendo aqui?

O olhar de Leandro se fixou em Sabrina, que havia abandonado completamente sua aparência usual. Sem uma gota de maquiagem, com os cabelos desalinhados e vestindo apenas uma roupa caseira larga e amassada, era óbvio que havia saído correndo de casa sem se preocupar com a aparência.

Ele soltou um sorriso ligeiramente malicioso e comentou com tom provocativo:

— Srta. Sabrina, me deixe adivinhar, o Eduardo expulsou você de casa?

— Sr. Leandro, pelo amor de Deus, meu irmão está em uma situação muito grave lá dentro e eu preciso desesperadamente que me ajude a chegar até ele. — Implorou Sabrina, como uma pessoa se afogando que havia acabado de encontrar uma tábua de salvação.

Ela agarrou as mangas da roupa de Leandro com tanta força que seus dedos ficaram brancos.

Ao ver o estado de pânico absoluto de Sabrina, o sorriso provocativo desapareceu do rosto de Leandro, que assumiu uma expressão séria e penetrante.

Ele percebeu imediatamente que a situação era muito mais grave do que havia imaginado.

Fez um movimento sutil com a cabeça na direção de Tiago, que entendeu o sinal e se adiantou até o segurança, declarando simplesmente:

— Ela está comigo.

O segurança ficou visivelmente abalado, seus olhos revelaram um lampejo de pânico genuíno, e quando estava prestes a questionar a situação, cruzou com o olhar gelado de Leandro e engoliu as palavras secas, se resignando a assistir impotentemente enquanto os dois passavam pela entrada sem mais problemas.

Enquanto observava as figuras se afastando, o segurança se consumia de arrependimento, se lembrando da atitude desdenhosa que havia demonstrado com Sabrina e rezando para que ela não decidisse se vingar quando saísse de lá.

Sabrina correu atrás de Leandro até chegarem ao elevador, e assim que as portas se abriram, eles entraram rapidamente. Com o coração batendo descontroladamente de ansiedade, ela apertou o botão do 36º andar com dedos que tremiam visivelmente.

Durante a subida vertiginosa do elevador, cada segundo parecia se arrastar como uma eternidade para Sabrina. Quando as portas finalmente se abriram, os três saíram em disparada procurando o quarto 3601 pelo corredor.

Antes mesmo de chegarem perto da porta, sons estranhos e abafados começaram a vazar por debaixo dela, fazendo Sabrina arregalar os olhos enquanto sua mente era invadida por pensamentos horríveis sobre o que poderia estar acontecendo com seu irmão.

Sem hesitar nem um segundo, ela correu até a porta e começou a bater com força enquanto gritava com a voz embargada de desespero:

— Ivan, sou eu, a Sabrina! Você está bem aí dentro? Abra essa porta agora mesmo!

Por mais que continuasse batendo e gritando, não houve resposta alguma do interior do quarto, enquanto aqueles sons perturbadores pareciam ficar ainda mais intensos, como marteladas constantes em seu coração angustiado.

Leandro observou Sabrina com os olhos vermelhos de lágrimas e completamente à beira de um colapso nervoso, sentindo algo apertar em seu peito. Deu um passo à frente, a puxou com gentileza para trás de si e disse numa voz tranquilizadora:

— Fique calma que eu resolvo isso.

Em seguida, ele se posicionou lateralmente, ergueu a perna elegante e chutou a porta fechada com toda a sua força.

O estrondo foi ensurdecedor quando a porta se escancarou violentamente, liberando uma mistura sufocante de aromas sensuais e químicos que invadiu suas narinas.

No interior do quarto mal iluminado, várias mulheres estavam literalmente em cima de Ivan. Algumas seminuas com olhares completamente perdidos, seus corpos grudados no dele de forma obscena, enquanto outras lutavam para subir em cima dele, numa cena que beirava o grotesco.

Ivan estava com o rosto de um vermelho alarmante, gotas enormes de suor escorrendo pela testa e encharcando seus cabelos. Seu corpo estava completamente mole, apoiado no sofá, de forma clara que havia sido drogado.

— Ivan! — O grito que saiu da garganta de Sabrina foi de partir o coração, e ela tentou se jogar na direção do irmão, mas Leandro a segurou com firmeza antes que pudesse dar um passo.

Mesmo sabendo que eram irmãos, Leandro tinha plena consciência de que Sabrina ainda era uma mulher, e com Ivan naquele estado constrangedor, seria traumático para os dois se ela presenciasse cenas que não deveria ver.

— Tiago, segure essas mulheres todas e não deixe nenhuma escapar. — Ordenou Leandro, mantendo uma calma impressionante enquanto seus olhos analisavam rapidamente toda a situação. — Depois, procure uma banheira e coloque o Sr. Ivan debaixo de água fria para ver se ele volta a si.

Pela forma como Ivan estava e pelos movimentos estranhos daquelas mulheres, ele já havia chegado à conclusão óbvia de que seu irmão havia caído numa armadilha planejada.
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