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Tchau, Amor Tóxico - Olá, Príncipe Encantado!
Tchau, Amor Tóxico - Olá, Príncipe Encantado!
Author: Isabelly Cardoso

Capítulo 1

Author: Isabelly Cardoso
— Jaqueline, os documentos ainda não chegaram? — A voz do homem no celular ficava cada vez mais impaciente.

— Já... Está quase!

Faltavam dois quilômetros para o prédio do Grupo Freitas, mas por causa de uma obra na rua à frente, todo mundo estava preso no trânsito, sem conseguir andar.

Jaqueline olhou para a chuva forte que caía lá fora, respirou fundo e acabou pagando para descer do carro.

Ela tirou o casaco e enrolou a pasta nele, correndo rapidamente para frente sob a tempestade.

A chuva molhava suas roupas finas. Mas ela nem ligava para a aparência, só queria chegar logo no prédio do Grupo Freitas.

Quando finalmente chegou, o segurança não deixou ela entrar.

Ela estava toda molhada e podia acabar molhando o chão.

Sem opção, ela só pôde ficar na porta e pediu à recepcionista do andar térreo para ajudar a levar os documentos lá para cima.

Depois, ela mandou uma mensagem para o Edson e para a assistente dele no WhatsApp, avisando que os documentos tinham chegado.

Mas não recebeu resposta.

Outra funcionária da recepção, vendo Jaqueline vestida de forma simples, achou que ela fosse entregadora e comentou que não devia estar sendo fácil para ela, servindo até um copo de água.

Jaqueline agradeceu, tomou a água e já ia sair do Grupo Freitas.

Foi então que o elevador no centro do hall se abriu, e saiu uma figura alta e elegante.

Era o presidente do Grupo Freitas, e também seu marido, Edson Freitas.

Quando ele veio andando em direção à porta, ela deu um passo para trás, meio sem querer ser vista.

— Sr. Edson, o carro da Srta. Violeta quebrou na rua, já mandaram o motorista lá, pode ficar tranquilo.

Edson olhou para o celular, franzindo a testa:

— A Violeta não atende as ligações de jeito nenhum, me ajude a falar com a assistente.

— Sim, senhor.

Jaqueline ficou no canto e, ao ouvir o nome Violeta Borges, congelou por um segundo.

Violeta tinha voltado para o país, afinal.

Ela olhou para o homem que tinha acabado de entrar no carro apressadamente, soltou uma risada amarga.

O mesmo cara que pouco antes tinha cobrado ela com urgência para levar os documentos, naquele momento desistia facilmente da reunião e ia correndo atrás da ex-namorada, sem nem olhar para trás.

E ela parecia uma boba sendo enganada, toda molhada e desamparada ali, enquanto ele nem notou.

Jaqueline passou a mão no rosto para tirar a água da chuva e sentiu que tinha se humilhado demais.

Quando voltou para a mansão, ela trocou as roupas molhadas, bebeu um copo de água e só então ligou para Manuela Pereira, a mãe do Edson.

— Sogra.

— O que foi, Jaque? Sua voz está estranha, está doente? — A voz de Manuela era calma.

— Não. — Jaqueline apertou o celular firmemente, respirou fundo e finalmente disse o que estava querendo. — Quero me divorciar do Edson...

Do outro lado da linha, o silêncio ficou pesado.

Jaqueline respirou fundo e despejou tudo de uma vez:

— Na época, eu assinei um contrato com você por três anos. Agora esse prazo acabou. E, além disso, a Violeta voltou.

Ao ouvir o que Jaqueline disse, Manuela suspirou, sem saber o que responder.

— Tá bom, então, Jaque, eu entendi. Vou pedir para o advogado preparar os papéis do divórcio. E aquela mansão em Rivéria que eu tinha prometido para você, vou mandar transferir para o seu nome o mais rápido possível.

Jaqueline não recusou a compensação financeira de Manuela.

— Está certo.

Três anos atrás, ela tinha acabado de se formar na faculdade e queria assinar contrato com uma orquestra para realizar o sonho de viver de música.

Mas, de repente, a empresa da família faliu do nada.

O pai se matou, e a mãe, sem aguentar o choque, teve uma crise e acabou internada com problemas mentais.

Sem dinheiro para pagar o tratamento caro, ela ficou sem saída, até que Manuela apareceu.

Manuela era uma das investidoras da orquestra. Quando soube da situação dela, disse que ajudaria a pagar o tratamento, mas em troca precisava de um favor.

Acontecia que o filho de Manuela, Edson, herdeiro do Grupo Freitas, tinha sofrido um acidente de carro, ficado com as pernas paralisadas e, para piorar, a namorada terminou com ele e foi morar fora do país. Ele não suportou o baque, se trancou em casa e se entregou à depressão.

Manuela queria que Jaqueline se casasse com Edson, num casamento de fachada, para tentar tirar ele daquele fundo do poço.

Ela precisava do dinheiro, então aceitou.

Na época, Jaqueline chegou a perguntar por que tinha que ser ela.

Manuela disse que Jaqueline se parecia um pouco com Violeta, a ex de Edson, e que, assim como Violeta, ela também tocava piano.

Foi assim que Jaqueline virou uma substituta.

Ela largou tudo, assinou os papéis e passou a cuidar de Edson em casa. Ela aguentou o mau humor dele, preparou comida, limpou tudo, acompanhou ele na fisioterapia, como uma empregada dedicada.

Seis meses atrás, Edson finalmente voltou a andar normalmente.

A primeira coisa que ele fez quando saiu de casa foi comprar uma passagem para a Inglaterra, para ir atrás de Violeta.

Dali em diante, todo mês ele viajava para lá.

A irmã dele, Sarah Freitas, também morava na Inglaterra.

Jaqueline seguia Sarah no Instagram, ela sempre via fotos dos três juntos nos stories de Sarah.

Na frente dela, Edson era sempre frio, quase não abria um sorriso. Mas do lado de Violeta, ele até parecia outra pessoa, com aquele sorriso no canto da boca.

Cada foto de Violeta segurando um buquê de rosas-champanhe fazia os olhos de Jaqueline arderem.

Todo Dia dos Namorados, Edson mandava o assistente entregar rosas-champanhe para ela também.

Na época, ela ainda ficava emocionada, mas também se perguntava por que ele escolhia sempre aquela cor.

Só depois de ver as fotos entendeu. Era porque quem gostava daquelas rosas era Violeta. Ele só mandava para ela por obrigação, para manter a farsa.

Ela era só uma substituta barata, uma sombra descartável.

Agora que Violeta tinha voltado, Jaqueline também podia ir embora.

Jaqueline fez uma ligação para Rebeca Garcia, sua ex-colega de faculdade.

Depois que se formou na universidade, Rebeca começou a trabalhar como professora em uma instituição de música.

Naquele momento, já tinha se tornado sócia do lugar.

Durante aqueles três anos, Rebeca sempre a convidou para se juntar à equipe. Mas Jaqueline, por causa de Edson, sempre recusava.

Agora que decidiu se afastar de Edson, ela realmente precisava de um emprego.

Quando ouviu o que Jaqueline disse, Rebeca logo se animou:

— Que maravilha, Jaque! Eu sempre esperei que você viesse trabalhar com a gente. Na época em que você se casou tão jovem e virou dona de casa, eu achei um desperdício do seu talento.

Depois de três anos sem trabalhar, saber que Rebeca ainda a aceitava fez os olhos de Jaqueline se encherem de emoção:

— Obrigada, Rebeca. Depois eu te pago um almoço, pode ser?

— Combinado! Vou esperar, hein.

Jaqueline desligou a ligação e começou a juntar seus documentos.

Ela encontrou a certidão de casamento e, ao ver a foto dela com Edson, ficou um pouco perdida em pensamentos.

Naquele tempo, ela entrou para a família Freitas por indicação de Manuela, para cuidar de Edson.

Ele a rejeitou totalmente, muito menos queria casar com ela.

Depois, ele tentou se matar várias vezes, mas ela sempre o impediu.

Foram muitas noites de insônia, nas quais ela ficava ao lado dele, preparava aromaterapia e música para ajudar ele a dormir.

Não importava o quanto ele a agredisse ou a insultasse, ela nunca o abandonava.

Até que, um dia, ele aceitou se casar com ela.

Nos primeiros tempos de casados, Edson foi carinhoso com ela.

Naquela época, ela quase se apaixonou.

Ela pensava que, se ele fosse sempre assim, não se importaria em ficar com ele para sempre, mesmo que ele precisasse de uma cadeira de rodas pelo resto da vida.

Mas depois, ela ficou sabendo pela Sarah que Edson tinha se casado com ela porque a Violeta tinha arranjado um namorado novo, o que mexeu com ele.

Naquele momento, ela se deu conta de como foi tola por ter se apaixonado.

Agora, com o contrato chegando ao fim, ela também precisava ir embora.

Afinal, aquele homem nunca foi realmente dela.

O casamento deles sempre foi um negócio.

Deixar para trás não era o fim do mundo.

Trocou três anos da sua juventude por uma mansão no centro de Rivéria, no fim das contas, até que valeu a pena.
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