Todo mundo sabia que Daniela era completamente apaixonada por Severino, dessas mulheres que entregam tudo de si sem pedir nada em troca. Cinco anos atrás, ela abriu mão dos próprios sonhos para cuidar dele, quando Severino, reduzido à cadeira de rodas. Daniela sempre acreditou que, uma hora ou outra, sua dedicação e carinho acabariam sendo reconhecidos. Mas, na véspera do casamento, a realidade veio como uma facada. Severino, o homem por quem ela tanto fez, se uniu oficialmente à sua antiga paixão. Só então Daniela percebeu. Para ele, nunca passou de um estepe, alguém facilmente descartável. Foram cinco anos se humilhando, amando sozinha, e, no fim, Daniela aprendeu da forma mais cruel. Chegou o momento de acordar. Sem hesitar, ligou para a família e, com voz firme: — Eu aceito o casamento arranjado. O destino, irônico, deu o troco ali mesmo. O dia em que Daniela casou também foi o casamento de Severino. Quando desceu do carro e Severino viu aquela mulher, envolta no branco puro do vestido, prestes a entregar seu coração para outro, foi aí que tudo desmoronou. O homem que sempre achou que a teria para sempre, que a controlava com migalhas de afeto, se viu totalmente perdido. — Dani... Juro que não passou nada entre mim e ela. Eu errei. Por favor, me perdoa! De joelhos, de olhos vermelhos, Severino suplicava por um perdão que nunca viria, chorando feito criança, mendigando o amor de quem tanto desprezou. Daniela olhou para ele, frio e impassível. — Amor que chega tarde não vale nada, Severino. Vai cuidar do seu filho.
View MoreOs olhos de Severino suavizaram ao encontrar o rosto triste de Mariana, e uma pontada de compaixão lhe atravessou o peito.Naquele instante, ele se sentiu um verdadeiro inútil.Era o aniversário dela, e ela tinha se dedicado a cozinhar para cuidar dele. Como poderia desprezar tanto carinho assim?Ele engoliu com dificuldade a canja que ainda estava na boca e se apressou em explicar:— Mari, sua canja está deliciosa, gostei muito. Só não respondi na hora porque estava saboreando com calma.— Sério? — Os olhos antes apagados brilharam de repente, e um sorriso leve iluminou seu rosto. O tom da voz ganhou vida. — Se gostou, pode comer mais. Ainda tem bastante no prato de barro!Ela sabia exatamente o que fazia. Ela era tão esperta, parecia ter a receita na ponta dos dedos!Uma reviravolta no estômago quase o fez desistir, Severino agarrou firme a borda da mesa, lutando contra a vontade de vomitar, mas forçou um aceno de cabeça.— Tá bom! Olhou para a tigela, a boca contraía nervosamente,
Severino semicerrava os olhos negros enquanto via Mariana entrando na cozinha. Ele ergueu a xícara e tomou um gole.— Ai... — Ele murmurou, sentindo a língua queimada, abriu a boca buscando um pouco de ar frio, enquanto uma cólica apertava seu estômago.Com o rosto cerrando em carranca, ele largou a xícara sobre a mesa de centro, desviou o olhar para as garrafas espalhadas pelo chão e, irritado, levantou o pé direito com força, chutando uma lata amassada que rolou até o canto.O barulho ecoou pela sala silenciosa.Na cozinha, o susto fez Mariana estremecer. Ela deixou a colher cair no chão e levou as mãos à cabeça, tensa. Memórias de pesadelo invadiram sua mente e feridas já curadas pareceram latejar novamente.No fogão, a canja que havia acabado de ferver começou a transbordar pelas bordas da panela de barro, escorrendo pelo queimador que soltava fumaça branca.Ao ouvir o som do transbordamento, Mariana correu para tirar a tampa quente com um pano e jogou-a na pia. Em seguida, limpou,
Os lábios de Daniela se apertaram levemente enquanto ela abaixava a cabeça e os dedos digitavam rapidamente no teclado.[Posso decorar do jeito que eu quiser?][Claro, desde que você goste.][Na porta de entrada, dentro do armário, tem um cartão com a senha: 200202.]— 200202? Que senha é essa? — Daniela murmurou, roçando o queixo, os olhos cheios de dúvida.Chegou outra mensagem, já percebendo que ela demorava a responder.[O que houve? Tem mais alguma dúvida?]Ela respondeu rápido, com os olhos brilhando enquanto refletia.[Não, já entendi.]Porém, apesar de dizer que tinha entendido, ela não planejava usar aquele cartão.Era a casa do casal, mas ela não havia contribuído para a compra, queria cuidar apenas da decoração e não usaria o dinheiro dele para tudo.[Vou fazer um projeto e te envio o mais rápido possível.][Certo.]...Vila Bela VistaNuma sala escura, no chão frio, Severino franzia a testa enquanto seu peito subia e descia com força, preso num pesadelo.No sonho, via Danie
A casa era grande demais e muito frio.Quando Daniela entrou, se deparou com uma sala de estar enorme, vazia, nem um sofá ali tinha.A casa era toda em tons de preto e cinza, dando uma sensação ampla, porém fria, parecendo uma obra pronta só no básico, um acabamento simples, porém de luxo.Seus lábios apertaram, os olhos ficaram fixos, e ela ficou ali paralisada, sem saber o que dizer ou fazer.— Surpresa, né, Daniela? Eu também fiquei assim quando vi ontem. — Pietro quebrou o silêncio, percebendo que ela não dava um passo à frente nem parecia disposta a entrar.— Mas, na real, isso é obra do Frederico. — Ele continuou.— Como assim? — Daniela franziu as belas sobrancelhas, com expressão confusa.— Frederico disse que decorou esperando que você chegasse. — Explicou Pietro. — Ele não sabia qual estilo você gostava, por isso só cuidou do básico mesmo, da estrutura da casa. O resto, os detalhes e a decoração, ficam por sua conta.— Pensando assim, o Frederico até que foi bem atencioso, né
Ela só queria uma casa do jeito que gostava, por que isso já era considerado vaidade?— Daniela, você está sentindo esse cheirinho no ar? — Pietro perguntou, puxando a mala e sorrindo para ela.— O quê? — Daniela levantou as sobrancelhas, finalmente percebendo aquele perfume leve que pairava no ambiente. — Isso é... flor de lichia?Um brilho de surpresa passou pelos seus olhos escuros enquanto ela franzia os lábios e respirava fundo.— Sim, é flor de lichia! — Ela afirmou com convicção.Desde pequena, no quintal de casa, ela tinha uma árvore dessa, que todo outono espalhava um aroma doce e delicado.Sua mãe fazia geleia e bolinhos com essas flores douradas e, para o pai, costumava preparar um vinho especial de lichia para as festas do meio do outono.Mas desde que a mãe faleceu, Daniela não tinha provado mais nada disso...Seus olhos se encheram de lágrimas, e aquele cheiro familiar quase a fez chorar de emoção. Ela piscou forte, tentando segurar o choro para não se mostrar fraca.— Te
Jardim Verde.Quando Daniela desceu do táxi, já viu Pietro se aproximando, vestido com um terno rosa vibrante e uma gravata borboleta verde; sorria de orelha a orelha enquanto corria até ela.— Daniela, eu já tinha falado que ia te buscar. — Disse ele. — Por que você teve que insistir em vir de táxi sozinha?Ela baixou os longos cílios, sentindo um desconforto no peito ao recordar a última vez que quase vomitou dentro do carro, fazendo o estômago se contorcer.Forçou um sorriso, pagou rápido o motorista e se virou para pegar a mala no porta-malas.— Só pensei no seu braço, que ainda não está completamente curado. — Ela explicou, tentando disfarçar. — E, além disso, não tinha muito o que arrumar aqui, então resolvi vir de táxi mesmo.— Ah, Daniela, você é incrível! Mas pode ficar tranquila que, mesmo tendo só um braço, eu consigo carregar sua mala. — Disse Pietro, com os olhos brilhando de emoção por perceber o quanto ela se preocupava com ele.Sem hesitar, ele tomou a mala das mãos del
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